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Atriz e cantora Vanja Orico terá documentário em sua homenagem

por | jan 8, 2020 | Cinema | 0 Comentários

Um dos maiores ícones de afirmação da cultura brasileira, com destaque internacional no cinema, na música e na moda, a atriz e cantora Vanja Orico completaria 90 anos em 2019.

Única brasileira a estrelar um filme do famoso diretor italiano da década de 1950, Federico Fellini, Vanja também ficou conhecida como a Musa do Cangaço. Para homenageá-la, o diretor e seu filho, Adolfo Rosenthal, produziu um documentário baseado em memórias e escritos inéditos da artista, com estreia prevista para o segundo semestre deste ano.

Vanja Orico

Vanja Orico, no auge de sua carreira. Fotos: Arquivo pessoal

“Vanja Orico foi um marco da cultura nacional. Antes dela, somente Carmem Miranda alcançou esse grau de representatividade”, lembra Adolfo. O cineasta explica que, no Brasil daquela época, a “chanchada” era o gênero cinematográfico mais popular, porém não saía das nossas fronteiras. O longa “O Cangaceiro”, de 1953, mudou esse cenário, a obra ganhou o mundo e foi o primeiro filme brasileiro premiado em Cannes. “Foi sucesso de público e crítica, divisor de águas na cinematografia brasileira por trazer um estilo realista e uma fotografia inovadora”.

No filme, a atriz interpretou o papel de Maria Bonita e cantou as músicas “Sodade, meu Bem, Sodade” e “Olê Mulé Rendeira”, que simbolizavam o movimento do cangaço e a cultura regional do país, o que lhe rendeu o apelido de Musa do Cangaço. “Vanja passou a simbolizar um Brasil profundo, com seu folclore marcante e original”, enfatiza o diretor.

Vanja detendo ataque dos militares aos estudantes se colocando à frente do comboio do exército, em outubro de 1968

Produzir e roteirizar um documentário em homenagem à mãe e artista foi uma promessa, que agora se realiza. “No dia 28 de janeiro de 2015, nos instantes finais da vida de minha mãe, prometi a ela que faria um filme sobre sua vida. Isso se tornou uma missão, não apenas no resgate da história de sua vida, mas pelo legado de uma grande mulher e artista brasileira”.

O longa traz áudios de Vanja Orico, que narram alguns episódios marcantes de sua vida, como o dia em que enfrentou um batalhão de choque que reprimia uma manifestação de estudantes e trabalhadores durante a ditadura militar. Como mostram registros da época, no dia 23 de outubro de 1968, um trabalhador ensanguentado com um tiro no pescoço caiu ao lado da atriz, que também participava do ato. Vanja, então, se ajoelhou no meio da rua e gritou: “Não atirem, somos todos brasileiros”.

Para o diretor, com esse engajamento político e por sua relevância artística, a atriz continuará inspirando novas gerações. “Além de rever sua arte e vida, vejo que, mais do que nunca, precisamos de Vanja em nossos corações”.

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