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Na “divisa” dos hemisférios Norte e Sul, Equador é o pequeno notável da América Latina

por | dez 27, 2018 | Viagens | 0 Comentários

Calle la Ronda, em Quito

Com um território mais ou menos do tamanho do estado do Rio Grande do Sul, o Equador não faz fronteira com o Brasil, mas nem por isso está longe. Na verdade está até ficando mais perto, com a estreia do voo da Gol ligando os aeroportos de Guarulhos e Quito sem escalas ou conexões e operado pelo moderno Boeing 737 Max 8.

A capital equatoriana é uma cidade com cerca de 2,2 milhões de habitantes e situa-se a 2.800 m de altitude em relação ao nível do mar. É conhecida por ser rodeada por impressionantes vulcões e pelo seu bem preservado Centro Histórico, repleto de bonitos palácios e templos religiosos dos séculos 16 e 17. Não por acaso, todo esse rico conjunto arquitetônico – que tem como destaques a suntuosa igreja da Companhia de Jesus, a Casa do Arcebispo e o palácio Carondelet (sede do governo federal) – foi tombado pela Unesco em 1978 e considerado Patrimônio Cultural da Humanidade.

O Centro Histórico de Quito tem ainda outros atrativos, como a região da Praça San Francisco, rodeada de charmosas ruas de pedra iluminadas à noite por luzes amareladas. Entre elas, a boêmia Calle La Ronda é conhecida por ser coalhada de bares, restaurantes, lojinhas e artistas apresentando shows de música e dança regionais.

É lá que fica o hotel boutique La Casona De La Ronda, que tem todas as comodidades da vida moderna (como ar-condicionado, wi-fi e TV a cabo de tela plana), mas mantém a arquitetura de 1738, quando foi construído, criando nos hóspedes a ilusão de que, a qualquer momento, Zorro ou Simón Bolívar podem aparecer por ali.

É também nas redondezas que fica o hotel Casa Gangotena, cujo restaurante talvez seja o mais conceituado do país, com cozinha comandada pelo chef Andres Davila. O cardápio oferece pratos típicos da culinária equatoriana, mas com uma pegada contemporânea. E, se você gosta de chocolate, não deixe de fazer a degustação proposta pelo hotel. O Equador é famoso por produzir alguns dos melhores cacaus do planeta.

Linha imaginária

Estando em Quito, não dá para deixar de conhecer o marco da latitude zero, que demarca o centro do mundo, dividindo a Terra entre os hemisférios Setentrional (Norte) e meridional (Sul). Distante 1h30 do Centro, o monumento La Mitad del Mundo tem vários museus kitsch ao seu redor. Ali, as pessoas se divertem fazendo fotos sobre a “divisa”, pisando com um pé em cada hemisfério, e observando fenômenos como a água que desce no ralo correndo para lados opostos, dependendo se está ao Norte ou ao Sul da linha imaginária entre as duas metades do planeta.

Ainda em Quito, quem quiser experimentar a sensação de ver as coisas do alto, como os condores andinos, deve embarcar no TelefériQo (assim mesmo, com “Q”), que leva ao Mirante Cruz Loma, ao lado do vulcão Pichincha.

E, se a ideia for explorar outros vulcões, basta pegar a Ruta Panamericana, estrada que vai em direção a Riobamba e passa pela chamada Avenida dos Vulcões – trecho de apenas 200 quilômetros que concentra 14 vulcões, muitos deles ainda ativos e alguns com seus picos cobertos de neve ou com crateras repletas de lava fumegante.

A Laguna Quilotoa

O mais elevado é o Chimborazo (6.310 metros), mas o mais visitado e menos desafiador é o Cotopaxi (com 5.897 metros), famoso por ser o mais visível de Quito. Não é preciso ser alpinista para subir até o alto de algumas dessas montanhas e, tão divertido quanto chegar ao cume, é interagir com guanacos, lhamas, vicunhas e cavalos selvagens que pastam pelas encostas e pelas margens dos lagos do Parque Nacional que engloba essa área em torno dos vulcões.

Por falar nos lagos dessa região, um dos lugares prediletos pelos caçadores de selfies no Equador é a Laguna Quilotoa, formada na cratera de um vulcão extinto e com águas de um azul turquesa embasbacante.

Mais ao sul da Avenida dos Vulcões, já próximo da cidade de Cuenca, fica Ingapirca, o mais bem conservado sítio arqueológico do país. Antes da chegada dos espanhóis, o Equador era parte do Império Inca e, antes dos incas, foi território dos cañaris por cerca de mil anos. Nas ruínas de Ingapirca dá para ver parte desse passado pré-colombiano do país.

Sítio arqueológico Igarpica

No centro desse complexo de construções de mais de seis séculos fica o Templo do Sol, um observatório astronômico cañari que foi convertido pelos incas em fortaleza militar. Feito com rochas cortadas misteriosamente em forma de trapézio, como nas ruínas de Machu Picchu, Ingapirca fica no fim da chamada Trilha Inca do Equador, um caminho cênico de 40 quilômetros que os adeptos de longos trekkings costumam percorrer a pé, num trajeto que dura até três dias, ou de bike.

Tesouro no Pacífico

Resumindo, a porção continental do Equador é uma região de lindas paisagens e surpreendente riqueza histórica e cultural. Se tivesse “apenas” isso para oferecer, já seria digna de uma bela viagem. No entanto, para a maioria dos estrangeiros que vão ao país, a principal atração ainda é o arquipélago de Galápagos.

Sua singular e endêmica fauna é de tal forma especial que inspirou a revolucionária teoria da origem e da evolução das espécies desenvolvida pelo naturalista inglês Charles Darwin. Em 1859, logo depois de retornar à Europa após sua passagem pelas ilhas, ele publicou sua obra, que quebrou paradigmas da ciência, da religião e da sociedade.

E o melhor de tudo é que as iguanas, tartarugas gigantes e aves como os albatrozes, os atobás de pata azul e as garças ainda estão por lá, vivendo em paz nesse santuário da natureza.

Em Galápagos, é possível ficar pingando de uma ilha para outra por conta própria, mas a opção mais cômoda e prática é embarcar em um dos cruzeiros que visitam várias ilhas. Não se trata de uma opção barata, mas permite que você fuja das muvucas dos mochileiros e tenha o tempo todo um guia para te dar dicas dos melhores points de mergulho e explicar curiosidades sobre as formações rochosas das ilhas, sobre a flora e sobre as faunas terrestre e aquática.

Igreja da Companhia de Jesus, em Quito

Uma boa agência que opera cruzeiros em embarcações com apenas seis a vinte cabines e serviços personalizados é a Live Aboard (www.liveaboard.com). As diárias em um dos catamarãs, iates ou escunas da empresa têm preços a partir de US$ 200, incluindo todas as refeições, passeios, caiaques e equipamentos de snorkel e mergulho.

O arquipélago é formado por 58 ilhas vulcânicas que ficam a 1.000 km do continente. O portal de entrada desse paraíso geralmente é a ilha de Santa Cruz, onde fica a cidade de Puerto Ayora, o túnel de lava do vilarejo de Bellavista, a Colina do Dragão com seu um lago habitado por flamingos e patos silvestres e as disputadas praias de areias finas de El Garrapatero e Tortuga Bay.

Outra das principais é a ilha Bartolomé, famosa por seu Pináculo, um obelisco que se levanta da beira do oceano, e por seus pinguins, a única variedade dessa ave que pode ser encontrada ao norte da linha do Equador. A ilha tem ainda um museu de vulcanologia.

Já a ilha Seymour possui penhascos que abrigam iguanas e ninhos de pelicanos, gaivotas e fragatas, enquanto a Ilha San Cristobal é o melhor lugar para ver o pôr do sol – que é especialmente bonito na praia de La Loberia, assim batizada por ser o lar de milhares de lobos-marinhos. Por fim, a Ilha Isabela é sempre uma das mais visitadas, por abrigar um Centro de Criação de Tartarugas Gigantes e por causa do vulcão Alcedo, com seus 1.097 m de altura, sua caldeira com 7 km², seus “respiradores” que permanentemente exalam fumaça e a vista espetacular oferecida de seu cume.

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