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Rádio Vozes: pianistas que me fazem descansar a mente e a alma

por | nov 6, 2018 | Música | 0 Comentários

Benjamin Taubkin dialoga com outras culturas quando toca

Uma das coisas que mais gosto de ouvir quando estou precisando de calma é um bom piano solo. Amo Thelonious Monk, por exemplo, mas temos no Brasil grandes e maravilhosos pianistas dos mais variados estilos. Alguns, como Thelonious, têm assinatura própria. É o caso de João Donato, compositor de sucessos populares como “A Rã”, gravada por Gal Costa; “Simples Carinho”, por Angela Ro Ro; e “A Paz”, com Gilberto Gil, um de seus principais parceiros.

Donato tem um suingue particular que talvez venha do Acre, onde nasceu, e que atravessa gerações. Ele está na ativa desde a década de 60, tocou acordeon para Dolores Duran, fez parte da bossa nova, da canção dos anos 70 e fez muitos discos fora do país. Hoje é parceiro de Tulipa Ruiz e faz disco de música eletrônica com seu filho Donatinho. É um piano para ouvir sempre. Tem um único disco de piano solo, lançado em 2007, mas tem mais de 40 discos que são
maravilhas.

César Camargo Mariano é outro gênio. Na época dos trios com influência do jazz, fez o Sambalanço Trio e o Som 3, dois clássicos. Tocou com Wilson Simonal, Elis Regina, Leny Andrade, Nana Caymmi e tem duos incríveis com outros instrumentistas de alto calibre como Hélio Delmiro no antológico “Samambaia” (1981) e Romero Lubambo no disco “Duo” (2003). Tem um disco solo com repertório maravilhoso que é “Solo Brasileiro “ (1994).

César conta em sua biografia que seu piano tem grande influência de Johnny Alf, pianista, cantor e compositor de “Eu e a Brisa”, que morou em sua casa em São Paulo. Em 2011 a Lua Music lançou uma caixa com três CDs chamada “Johnny Alf entre Amigos” – o disco “Johnny Alf ao Vivo e à Vontade com seus Convidados” tem gravações belíssimas, com destaque para o piano incrível desse mestre.

Mas acabei me estendendo nesses pianistas mais populares e esqueci dos solistas, os que só muito eventualmente emprestam seu talento para a canção. Aqui vou destacar dois deles. Benjamim Taubkin, pianista curioso e atento aos sons do mundo, tem uma abordagem tão interessante da música como instrumento de comunicação que virou tema de documentário: “O Piano que Conversa”, de Marcelo Machado.

Heloisa Fernandes, uma pianista de sensibilidade ímpar! Em seu trabalho se misturam perfeitamente a música clássica e a música popular brasileira. Seus improvisos são intensos, delicados, emocionantes. Seu disco solo mais recente se chama “Faces” e foi gravado em 2015, em Chicago. Ela se apaixonou pelo som de um piano Fazioli e desenvolveu os temas a partir dele. Esse sim, ao lado de um “Monk Alone”, é capaz de me fazer descansar a mente e a alma. As canções são maravilhosas, mas a música instrumental tem um outro poder. Aproveite a lista e experimente.

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