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Rádio Vozes: As novas músicas de protesto

por | ago 31, 2018 | Música | 0 Comentários

A paraense Aíla canta sobre intolerância e feminismo

Muita gente me pergunta onde estão as músicas de protesto e há muito mais gente ainda que diz que hoje elas não existem. A tendência é comparar a produção feita agora com aquela dos anos da ditadura, dos tempos em que havia censura prévia, quando nossos compositores faziam malabarismo poéticos para passar suas mensagens. Mas tenho a impressão de que muitos pensam assim porque ouvem muito pouco do que tem sido feito nos últimos anos. A música brasileira nunca teve tanta produção e diversidade como agora. Só não toca nos meios convencionais.

Por isso resolvi falar aqui o que considero político na canção brasileira: as mensagens e algumas das vozes que precisamos ouvir.

Vou começar com Rico Dalasam e seu sucesso: “Aceite-C”. Lançado no EP “Modo Diverso” em 2015, o refrão grita a luta de tantos jovens que só querem ser o que são.

Já a paraense Aíla lançou em 2017 um disco roqueiro, dançante e forte chamado “Em Cada Verso Um Contra-Ataque”. Seus temas são a homofobia, o feminismo, a intolerância e o amor. Aíla gravou “Tijolo”, do compositor Posada, cantor e compositor carioca que tem versos muito necessários: “Poluindo as águas/ Com muita lábia/Com muitos ismos/Falta pão/Falta livro/Falta corpo/Falta espírito…”

Criolo, em 2017, em seu disco “Espiral de Ilusão”, gravou “Menino Mimado”: “Eu não quero viver assim, mastigar desilusão/Este abismo social requer atenção/Foco, força e fé, já falou meu irmão/Meninos mimados não podem reger a nação…”

Elza Soares no premiado disco “A Mulher do Fim do Mundo” fala da violência contra a mulher nos versos de Douglas Germano: “Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim”.

Canções são como crônicas de seu tempo. Vale lembrar que o samba, no seu surgimento, era mal visto como é hoje o funk. Falar de amor como se falava em 1958 já não é mais possível. Não para quem nasceu ou cresceu no século 21. Protestar como em 70 também já não vale, mesmo que algumas canções sejam eternas como “Roda Viva”, “Como Nossos Pais”, “O Bêbado e o Equilibrista”, que representam uma época. O desejo de uma vida melhor é comum a todas as gerações. E, convenhamos, falar de amor nesses tempos bicudos é revolucionário.

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