logo
logo

Fotógrafo Luciano Candisani apresenta Haenyeo, Mulheres do Mar no FOTO MIS

por | ago 28, 2019 | Cultura, Exposições | 0 Comentários

foto em preto e branco da mergulhadora Haenyeo, parte da exposição "Heanyeo, Mulheres do Mar" no MIS Foto

Foto da Exposição Haenyeo de Luciano Candisani

O fotógrafo brasileiro Luciano Candisani já percorreu todos os oceanos para documentar as populações tradicionais ligadas ao mar e acaba de concluir seu maior projeto no tema. Ele passou 35 dias imerso na secular cultura das Haenyeo, as mulheres do mar da Ilha de Jeju, na Coreia do Sul. São senhoras, de 65 a 92 anos de idade, que mergulham só com o ar dos pulmões a até 10 metros de profundidade, onde permanecem por dois minutos em busca de polvos, peixes, conchas e outros frutos do mar.

“Haenyeo é um marco na longa carreira de Luciano. Trata-se de um ensaio no qual ele conjuga a essência da fotografia documental à estética de uma fotografia artística. Tudo isso em um acervo contundente, seja em quantidade, seja em qualidade”, diz a editora Mônica Schalka, da Vento Leste, responsável pela exposição e pelo livro.

Mais do que extrativistas, as haenyeo mantêm vivos costumes surgidos na Ilha de Jeju há quatro séculos, quando uma conjuntura sociopolítica provocou o êxodo dos homens e levou as mulheres a se lançarem ao fundo do mar pela sobrevivência. Elas foram em busca do sustento de suas famílias sem suspeitar que fundariam uma tradição cultural coesa, hoje incluída na lista da Unesco de patrimônios culturais intangíveis da humanidade e celebrada em todo o mundo pelos valores universais que carrega: sustentabilidade, pertencimento e força da mulher.

“Essa é uma história sobre a força peculiar das mulheres e vem carregada de lições importantes sobre temas universais como a passagem do tempo, o pertencimento e a ligação com o ambiente do qual nossa sobrevivência depende”, destaca Candisani.

 

O projeto

Agora o emocionante conjunto das imagens, captadas depois de duas viagens à ilha, aparecem juntas pela primeira vez em exposição e livro, ambos produzidos pela Editora Vento Leste. A mostra será no MIS, instituição da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, a partir do dia 31 de agosto, dentro da programação do FOTO MIS – evento anual dedicado à fotografia.

Em 2017, o trabalho do fotógrafo em Jeju foi tema do longa-metragem Haenyeo: a Força do Mar, dirigido por Lygia Barbosa (TruLab) e veiculado pelo canal National Geographic. A segunda expedição foi em 2019, para finalizar o projeto. As coletas acontecem durante o ano todo, inclusive no inverno, mas o recurso explorado muda a cada estação. Na viagem mais recente, em maio passado, Candisani teve a oportunidade rara de acompanhar a atividade mais difícil no calendário das haenyeo, a coleta de algas. É um período em que elas passam cinco horas na água com temperatura de 15 graus e saem do mar com seus sacos de coleta repletos com mais de 120 de Miyeok, uma alga conhecida pelas super propriedades farmacológicas e nutricionais.

“Passei incontáveis horas no mar ao lado de mergulhadoras como Song keum yeon, 75, e Kim bok sil, 89. Elas parecem frágeis demais diante da energia das ondas e da dureza das suas tarefas, mas desempenham tudo com maestria. Percebi que a força delas não está na juventude ou nos músculos, está na sabedoria”, conclui Candisani.

 

Exposição

Imersiva e sensorial, a exposição Haenyeo, Mulheres do Mar tem projeto expográfico do Atelier Marko Brajovic. A mostra ocupará o segundo andar do MIS e terá cerca de 60 fotografias de grande formato contextualizadas por paredes que mudam o tom de cinza conforme a viagem começa de fora da água, adentra no mar, submerge e volta ao ar. A experiência sensorial de imersão do público será potencializada por sons que igualmente acompanham os movimentos dos fenômenos naturais da imersão e respiração, fazendo às vezes do mar real onde as fotografias foram feitas na Ilha de Jeju, na Coréia do Sul.

Com este projeto, Luciano Candisani surpreende pela forma como transita naturalmente entre arte e documento. A narrativa encanta tanto quanto informa e tem a rara capacidade de nos transportar para conceitos que vão muito além das cenas diante das lentes. Chegar nesse resultado envolveu enormes desafios técnicos como fotografar dentro da água fria e apenas com o ar dos pulmões. “Se usasse cilindro de mergulho, não conseguiria acompanhar de perto o movimento ágil das haenyeo no fundo do mar e nem acompanhar o sobe e desce frequente, não conseguiria captar a emoção da história”, explica o fotógrafo. Além disso, Candisani escolheu abrir mão das cores: “Queria chegar na essência da relação das mergulhadoras com o mar, por isso decidi eliminar a distração que o belo colorido do fundo do mar pode proporcionar e optei por fazer todo o ensaio em preto e branco”, explica. O ensaio do fotógrafo é uma das principais peças jamais feitas sobre essa que pode ser a última geração de mulheres do mar.

O livro está em fase de produção. Heloisa Vasconcellos assina a coordenação editorial, Ciro Girard, o projeto gráfico, e Mônica Schalka, a edição final.

Serviço

Abertura para o público: Dia 31 de agosto, sábado, às 10h
Local: MIS – Museu da Imagem e do Som (Av. Europa, 158 | Jd. Europa | São Paulo)
Entrada Gratuita

 

 

0 comentários
Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *