Filmes, shows e festas no Vibra Open Air, que acontece no Jockey Club Brasileiro, no Rio

Filmes, shows e festas no Vibra Open Air, que acontece no Jockey Club Brasileiro, no Rio

Vibra Open Air tem filmes projetados a céu aberto em telona do tamanho de uma quadra de tênis e muitas outras atrações para animar as quentes noites de primavera

De 5 a 22 de outubro, a megatela de 325 metros quadrados do Vibra Open Air exibe clássicos, blockbusters, filmes nacionais, cults e sucessos infantojuvenis no Jockey Club Brasileiro. A sessão de abertura apresenta como atração principal Casablanca (1942), estrelado por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, celebrando os 100 anos dos estúdios Warner Bros. Nos outros dias, a programação inclui Barbie, Oppenheimer, Besouro Azul, A Pequena Sereia, Elementos, Indiana Jones e a Relíquia do Destino, Asteroid City, O Exorcista, O Iluminado e até o recém-lançado Meu Nome É Gal. A projeção digital com imagens cristalinas é complementada por um potente sistema de som, com 28 caixas Dolby Digital Surround. Confira a programação completa em www.openairbrasil.com.br.

 

foto divulgação

 

Jockey Club Brasileiro
Praça Santos Dumont, 31, Gávea.
Ingressos a partir de R$ 35.

Sexta edição do Festival de Inverno acontece na Marina da Glória

Sexta edição do Festival de Inverno acontece na Marina da Glória

A 6ª edição do Festival de Inverno acontece nos dias 14, 15, 16, 21, 22 e 23 de julho na Marina da Glória. O line-up inclui 18 shows de grandes artistas e bandas. No primeiro fim de semana, sobem ao palco Maria Bethânia, Duda Beat, Pitty, Samuel Rosa, Os Paralamas do Sucesso, Nando Reis, Pedro Sampaio, Ferrugem e Alexandre Pires. O segundo fim de semana será marcado pelas performances de Marcelo Falcão (foto), Criolo, Bala Desejo, Armandinho, Seu Jorge, Natiruts, Diogo Nogueira, Xande de Pilares e Belo. Nos seis dias de evento, DJs também animam a programação. Carol Emmerick comanda as pick-ups às sextas, Zedoque aos sábados e Nicole Nandes aos domingos.

Foto Divulgação

Festival de Inverno
Avenida Infante Dom Henrique, s/ n°,Glória.
Ingressos a partir de R$ 80 à venda em www.ingresse.com

Festival do Japão de São Paulo chega à sua 24ª edição em julho

Festival do Japão de São Paulo chega à sua 24ª edição em julho

A arte da recepção nipônica pode ser conferida de perto em mais um Festival do Japão de São Paulo, que chega à sua 24ª edição este mês

Em português, a palavra japonesa “omotenashi” pode ser traduzida como “hospitalidade” ou, de forma mais explicativa, a arte de receber bem, de oferecer o seu melhor. Apesar de o Brasil estar fisicamente a mais de 17 mil km de distância do Japão, nosso país abriga a maior colônia japonesa do mundo (mais de um milhão de descendentes) e a cultura oriental é bastante difundida por aqui.

O momento mais festivo do ano para celebrar a boa mistura entre os dois países é o Festival do Japão de São Paulo, considerado o maior evento da cultura japonesa no mundo. Organizado pelo Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil), o festival chega à sua 24ª edição, que acontece de 7 a 9 de julho no São Paulo Expo Exhibition & Convention Center e celebra também os 115 anos na Imigração Japonesa no Brasil.

 

Fotos Marcel Uyeta e Divulgação

 

“Conseguimos consolidar o evento como principal acontecimento cultural e gastronômico da cidade de São Paulo. O festival traz na sua concepção os valores culturais, educacionais, morais, e os legados deixados pela imigração nos hábitos alimentares dos brasileiros, além da integração na sociedade brasileira”, conta Toshio Ichikawa, presidente do Kenren.
As 47 províncias que compõem o Japão estão representadas no festival, que traz shows musicais, atrações culturais, danças típicas, culinária regional tradicional, exposições, workshops, cerimônia do chá e atividades gratuitas para crianças, jovens, adultos e idosos.

Assim como nas edições anteriores, a deste ano também é organizada por voluntários e não têm fins lucrativos. O objetivo central é homenagear a memória dos imigrantes e disseminar valores culturais japoneses como o “omotenashi”, o “kaizen” (melhoria contínua) e o “mottainai” (combate ao desperdício). Este último valor, aliás, é também o tema deste ano: “Mottainai, desperdice menos, aproveite mais”, com foco na sustentabilidade e nos 3 R’s – Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

Em 2022, o evento reuniu um público de 182 mil visitantes. Agora, a expectativa é receber também mais de 100 mil pessoas, em 34 mil metros quadrados de área totalmente coberta, que conta com novos espaços e atrações. “Além das atividades tradicionais, neste evento estamos ampliando opções para a faixa dos 15 aos 30 anos de idade, incluindo games, cosplays, animes, mangas, jogos virtuais, card games, e o uso de redes sociais para ampliar o espaço físico além do São Paulo Expo”, finaliza Toshio.

 

Fotos Marcel Uyeta e Divulgação

 

24º Festival do Japão
De 7 a 9 de julho
São Paulo Expo Exhibition & Convention Center
Rodovia dos Imigrantes, km 1,5; tel 3277-6108
Sexta, das 11h às 21; sábado, das 9h às 21h;
domingo, das 9h às 18h
Ingressos: A partir de R$ 15 (entrada gratuita para crianças até 8 anos, mulheres acima de 60, homens acima de 65 e pessoas com deficiência). www.festivaldojapao.com/ingressos

Roberta Sá lança novo álbum “Sambasá – Ao Vivo” no Circo Voador

Roberta Sá lança novo álbum “Sambasá – Ao Vivo” no Circo Voador

Cantora faz show no Circo Voador, onde apresenta os sambas de seu novo álbum e clássicos de grandes compositores, como Arlindo Cruz, Dudu Nobre e Martinho da Vila

Dia 17 de junho, a cantora Roberta Sá volta ao Circo Voador para o lançamento de seu mais recente álbum, “Sambasá – Ao Vivo”, gravado ali mesmo, numa celebração pós-pandêmica. Há 20 anos pesquisando de forma incansável e apaixonada o samba, seus compositores e intérpretes, Roberta revela essa dedicação e amor ao gênero nas escolhas que fez ao montar o repertório desse show – repleto de canções assinadas por bambas como Zeca Pagodinho, Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz, Martinho da Vila, Beth Carvalho e Dudu Nobre. No palco, Roberta conta com o apoio de uma banda especialista em conduzir o batuque, levantar a poeira e fazer toda a plateia chacoalhar: Alaan Monteiro (cavaquinho), André Manhães (bateria), Gabriel de Aquino (violão), João Rafael (baixo) e Thiaguinho Castro (pandeiro, congas, caixa, repique e tamborim). Sambasá apresenta ao público um Brasil que se orgulha do Brasil, que celebra e se orgulha de sua cultura, de sua música, de sua beleza e de sua identidade.

Roberta Sá - Foto Anne Karr

Roberta Sá – Foto Anne Karr

Circo Voador
Rua dos Arcos, s/ n°, Lapa, tel. 21 2533-0354.
Ingressos a partir de R$ 70.

Icônica banda dos anos 80, Titãs faz série de shows pelo Brasil reunindo sua formação original

Icônica banda dos anos 80, Titãs faz série de shows pelo Brasil reunindo sua formação original

Série de shows dos Titãs marca o reencontro da banda original, que comemora suas quatro décadas de trajetória. Celebração tem tudo para se tornar um evento histórico do rock brasileiro

Transgeracional, ou melhor, atemporal. A banda Titãs, formada em 1982, em São Paulo, sempre se mostrou potente em conectar diferentes pessoas. Depois de 30 anos sem subir aos palcos com sua formação original, o grupo surpreendeu a todos com o anúncio de uma turnê de 21 shows com os sete integrantes – Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto.

“Estamos cantando em altos brados que o pulso ainda o pulsa. Afirmamos que a força criativa e a pulsão de viver se impõem sobre todas as adversidades”, resume Tony Bellotto. As apresentações já começaram em abril, no Rio de Janeiro, e seguem para outras cidades brasileiras e para Portugal nos próximos meses.

 

Titãs - Foto Bob Wolfenson

Titãs – Foto Bob Wolfenson

 

Até agora, a turnê “Titãs Encontro” já tem um público confirmado de incríveis 500 mil pessoas pelo país. Essa grande celebração tem shows ainda em Florianópolis (5 de maio), Porto Alegre (6 de maio), Manaus (11 de maio), Belém (12 de maio), Aracaju (26 de maio), Salvador (27 de maio), João Pessoa (1º de junho), Recife (2 de junho), Fortaleza (3 de junho), Brasília (7 de junho), Goiânia (8 de junho), Curitiba (10 de junho). Depois, a turnê passa por São Paulo (16, 17 e 18 de junho, as duas primeiras datas sold out), Vitória (23 de junho) e Ribeirão Preto (30 de junho). Dia 3 de novembro, o grupo toca em Lisboa.

Em entrevista exclusiva à 29HORAS, Nando Reis, Paulo Miklos e Tony Bellotto discorrem sobre as razões desse reencontro. Nas próximas semanas, a formação clássica promete resgatar a vocação que tem de se apresentar em grandes arenas e impactar a todos – novos fãs e aqueles de longa data. Leia os principais trechos a seguir:

Vamos falar de reencontro, mas primeiro uma pergunta sobre o início. O que intriga é que todos vocês estudavam juntos. Foi isso mesmo? Tantos talentos juntos ao acaso? Quais principais memórias vocês carregam desse começo?
Paulo Miklos: A maioria estudava no mesmo colégio. Em classes de anos diferentes. Mas foi o interesse pela música que nos aproximou. Nos encontrávamos para mostrar as canções uns para os outros. A melhor lembrança foi quando gravamos uma fita K7 com o tema ‘As Musas’, em que todos gravamos canções dedicadas às paixões da época.
Tony Bellotto: Não é que todos estudávamos juntos, mas a maioria, sim. Quem não estudava, tipo eu, frequentava a escola onde os outros estudavam, o colégio Equipe. Marcelo, Branco, Brito, Nando, Paulo, Arnaldo, Ciro Pessoa e o André Jung faziam parte da primeira formação da banda, todos eles estudavam no Colégio Equipe. Não é que estudavam juntos, mas, em diferentes salas, em diferentes momentos. Eu frequentava ali porque era uma escola que tinha muita atividade cultural, muita efervescência artística. O Serginho Groisman era o diretor do grêmio estudantil e ele promovia muitos shows, a escola tinha alunos muito criativos e ali faziam festivais. Enfim, teve essa coisa da gente se conhecer e começar a trocar as primeiras ideias e mostrar o que cada um estava fazendo na escola. Por isso que a educação é tão importante!

 

Tony Bellotto - Foto Bob Wolfenson

Tony Bellotto – Foto Bob Wolfenson

 

O que motivou o reencontro com os integrantes originais? Como é ensaiar e subir aos palcos 30 anos depois? O que mudou e o que continua igual?
Nando Reis: As razões que levaram a esse encontro são múltiplas, mas a origem se dá no marco de 40 anos daquilo que a gente adotou como início dos Titãs, que foi nosso primeiro show, em 1982. Na minha interpretação, a pandemia tem uma contribuição, porque foi um momento em que todo mundo teve que ressignificar as coisas, rever as coisas. E evidentemente que para todos nós, mesmo aqueles que saíram da banda em diferentes momentos, os Titãs é parte fundamental da nossa história de vida, profissional e pessoal.
Esse reencontro é carregado de significados, é muito emocionante. Os ensaios estão sendo ótimos, muito trabalhosos, interessantes, justamente por essa ótica da semelhança e da diferença. A semelhança é muito maior, na verdade, porque é estrutural – das individualidades e na nossa relação, na dinâmica, que está representada de forma cabal naquilo que produzimos.
O que mudou? Muita coisa também! É difícil até descrever. E, curioso, a minha mudança, a única da qual eu posso falar, sou um músico melhor. Muito melhor do que era há 22 anos, 40 anos… E posso tocar aquelas músicas, aquilo que fiz, especialmente as linhas de baixo, de uma maneira muito melhor até. E tem isso, todo mundo mais velho, características de temperamento acentuadas, mas essencialmente, somos os mesmos.

Sérgio Britto - Foto Bob Wolfenson

Sérgio Britto – Foto Bob Wolfenson

 

Qual momento da banda que você gostaria de reviver? O que o público pode esperar da turnê?
TB: Não existe um momento único, determinado e específico, eu acho que o que eu estou gostando de reviver nesse encontro é esse convívio como um todo. Quer dizer, é fazer o show junto, entrar no palco junto e depois comemorar no camarim, ir para o hotel, e no dia seguinte ir para o aeroporto, todo mundo junto… As conversas que ocorrem coletivas ou individualmente com cada um, esse convívio, né?
E penso que o que o público pode esperar da turnê é isso mesmo. É essa banda reunida com ex-integrantes, numa formação como era ali até 1993. E tocando as músicas que viraram tão importantes. O público pode esperar essa celebração, essa troca de energia com a gente, que estamos esperando do público também.

 

Branco Mello - Foto Bob Wolfenson

Branco Mello – Foto Bob Wolfenson

 

Os anos 1980 foram bastante agitados e efervescentes para o rock nacional. Como enxergam esse cenário hoje? Houve renovação, na sua opinião? Em quais artistas da nova geração devemos ficar de olho?
TB: Realmente, os 1980 foram incríveis principalmente para o rock nacional e para essa geração da qual a gente faz parte, que colocou o rock como uma música popular mesmo, ouvida por todo mundo, aparecia nos programas de televisão e estava inserida nesse contexto da redemocratização. Isso é o que acho mais legal de tudo, a nossa geração veio afirmar aquele grito de liberdade, fim da ditadura, denunciando os horrores da ditadura e da repressão, elogiando a importância da democracia, da liberdade.
O cenário de hoje eu não acompanho muito, acho que a gente vai ficando mais velho, tem uma tendência, pelo menos eu, a escutar as coisas de que eu gostava, cada vez eu vou mais para trás. Eu posso dizer muito sobre o cenário do blues nos Estados Unidos, na década de 1930 e 1940. Não é sobre isso que estamos falando aqui (risos). Mas eu sempre fui um grande admirador da força e variedade da música brasileira. Não sou o cara mais indicado para falar de novidades, mas sou um ouvinte atento.

Olhando para trás, quais conselhos vocês dariam para os Titãs de 20 anos?
PM: Eu diria: ‘Acredite sempre e trabalhe duro’.
NR: Curioso você fazer essa pergunta, porque no meu disco, que acabei de gravar, há um verso de uma das músicas em que falo: ‘Eu não acredito em conselhos’. Então, talvez essa é uma coisa que não é concebível para mim, não dou conselho para ninguém, nem para os meus filhos, a não ser que eles peçam alguma opinião.
É que assim, não existe isso de olhar para trás, é tão especulativo que passa a ser inócuo. É claro que há muitas coisas que fiz das quais gostaria de não ter feito, mas não houve possibilidade. Tanto que eu as fiz e muitas delas involuntariamente. De todas as ordens, ações, reações, falas, comportamentos… E, óbvio, comparar com a forma com que eu vejo minha profissão hoje em dia, há muita bobagem que fiz. Mas, o que vou fazer em relação a isso? Não faço terapia de vidas passadas, não creio nisso.
TB: Vale para todo mundo: ‘Acredite em si mesmo, ouse, faça coisas diferentes e não se paute, não se mire pelo que os outros esperam de você. Surpreenda-se mesmo porque você acaba surpreendendo os outros e talvez quem sabe acabe chamando atenção e fazendo sucesso’.

Paulo Miklos - Foto Bob Wolfenson

Paulo Miklos – Foto Bob Wolfenson

 

Qual é a música preferida de cada um? Ou qual o momento favorito entre ensaio, show e composição?
PM: São muitas preferidas. Posso citar a primeira de todas: ‘Sonífera Ilha’. E meu momento predileto é, sem dúvida, o show, o encontro com o público, o palco.
TB: Não tem uma música preferida, são como filhas e filhos, cada um do jeito que é. Mas tem uma de que eu gosto particularmente que é ‘Polícia’; é uma música minha e que tem uma trajetória muito interessante dentro da carreira dos Titãs. Fiz como um desabafo e virou realmente um hino de uma geração, permanece até hoje como uma música muito atual e ela nunca trilhou os caminhos que uma música trilha para fazer sucesso, como não tocou muito em rádio, nada disso, mas se transformou em um grande sucesso.

Como foram as discussões entre os membros originais para que alguns seguissem carreira solo? Qual rompimento foi o mais difícil e por quê?
NR: Não me lembro, não tenho a menor ideia dos rompimentos. A única coisa que posso dizer é que a mais difícil foi a minha própria. Na dos outros, eu não estava presente, fora o do Arnaldo. Mas, vou dizer, o momento mais difícil que vivemos nem se compara com qualquer saída de um membro: foi a morte do Marcelo Fromer. Isso foi um desastre, uma tragédia para a vida de todos nós, que fez com que qualquer aspereza de uma eventual discussão entre nós se tornasse uma questão menor.

 

Nando Reis - Foto Bob Wolfenson

Nando Reis – Foto Bob Wolfenson

Todas as questões que geraram as saídas do Arnaldo, do Nando e do Charles foram superadas? A união de vocês está mais sólida e madura agora?
TB: Superadíssimas, parecem nem ter acontecido. Tanto é que, como eu já falei, quando a gente se encontrou agora para valer, trabalhar juntos, discutir e definir repertório, é como se nada tivesse mudado. Como se as coisas continuassem iguais, como se eu tivesse ainda uma banda com todos aqueles membros. Então, isso prova que estão tão superadas as divergências eventuais quando se tem uma relação muito profunda e forte que resiste ao tempo e à distância. Acho muito legal porque também é uma maneira de provar isso para todo mundo sem precisar explicar. As pessoas vão olhar a gente no palco e vão entender que todas as separações, as divergências, tudo aconteceu porque tinha que ter acontecido, porque é dinâmica natural do convívio, da criação artística, mas a gente está lá reafirmando o que fizemos juntos e comemorando a potência e a força da nossa música e união. Acho que essa turnê vai entrar para a história do rock brasileiro por tudo isso que estou falando.

Como é ver fãs agora mais velhos entoando hinos como “Polícia”, “Igreja” e “Bichos Escrotos”? Vocês se consideram um sucesso transgeracional? Do que vocês sabem, a maioria da plateia desses shows é composta por jovens ou por fãs de longa data?
NR: Não sei se o público vai entoar, mas vou tentar responder diante da minha expectativa. Acredito, pela maneira como eu me reaproximei desse repertório, que ele tenha força e qualidade consideradas transgeracionais. Diria mais, atemporal. Até porque a gente nunca fez música, eu também não faço, acreditando que você se comunica apenas com sua faixa etária. Acho que se comunica consigo mesmo e através dessa comunicação, aquilo que você produz no microcosmo individual se transpõe para aquilo que é universal. E, consequentemente, para aquilo que não está diretamente associado à idade. Os temas, óbvio, as músicas do ‘Cabeça Dinossauro’ foram escritas a partir de um contexto que, curiosamente, guarda mais semelhanças – o contexto político, da conjuntura nacional – com aquilo que já vivemos nos anos 1980 com o que foi nos anos 2000.
Mas a maneira como cada um ouve é tão diversificada, que é impossível mensurar. Eu encontrei, por exemplo, na votação do primeiro turno, um camarada que veio pedir foto comigo, que é fã absoluto dos Titãs com uma camisa da Seleção Brasileira. Quase perguntei para ele: ‘Mas, vem cá, você não entendeu nada?’. Então, assim, vai saber o que se passa na cabeça das pessoas, né. Acho que é provável que tenha gente de todas as idades, fãs da época. O único parâmetro que tenho é a reação das pessoas, desde quando foi anunciada a turnê, de quem me pergunta, pede convite. Aí, sim, são antigos fãs, da minha idade, gente que nunca nos viu e gosta do nosso trabalho. Também vejo isso pelo interesse dos meus filhos e netos.

 

Arnaldo Antunes – Foto Bob Wolfenson

 

A letra da música “O Pulso”, com aquela lista de doenças, faz ainda mais sentido para vocês hoje em dia?
TB: Está chamando a gente de velho, hein? Não entendi (risos)! Estou brincando. O sentido é de que o pulso ainda pulsa e isso realmente afirma essa permanência que quer dizer: passam as adversidades, passam as coisas boas e ruins, e a gente permanece ali relevante, forte, potente e afirmando e reafirmando que o pulso ainda pulsa. Agora esse outro lado que eu falei brincando também faz sentido, né? Porque estamos todos na faixa aí dos sessenta, já somos tecnicamente idosos e driblando todas as doenças, dores, mazelas, adversidades, governos ruins e dificuldades. E estamos aí cantando em altos brados que o pulso ainda o pulsa, acho que é a grande ideia dessa música brilhante, aliás, é isso mesmo. A letra afirma que a força criativa, a força de vida e a pulsão de viver se impõem sobre todas as adversidades que aparecem na nossa frente. É isso mesmo.

 

Charles Gavin - Foto Bob Wolfenson

Charles Gavin – Foto Bob Wolfenson

 

Qual o personagem que cabe a cada um de vocês na banda? Quem é o organizador, quem é o caótico do rolê, quem é o romântico, quem é o revoltado, quem é o mais ligado em inovação e quem é o mais conservador?
PM: Temos uma dinâmica muito especial. Mudamos muito de posição na hora do jogo. Se necessário, nos revezamos em ser conciliadores, questionadores ou encrenqueiros.
NR: Nenhum de nós é um personagem, o que temos são personalidades e características. De alguma maneira elas se mantêm, porque é uma dinâmica que desenvolvemos e que neste reencontro tem traços de semelhança muito grande na forma. Porque nós, embora estejamos mais velhos, estruturalmente, somos os mesmos indivíduos. Ali, vejo… Esses são alguns estereótipos, que não cabem, são muito redutores. Naquela época, eu, Marcelo e Britto estávamos mais à frente quando tínhamos que falar com empresário, gravadora, representávamos os outros. Então, é uma experiência que tive que, de certa maneira, ainda aplico. O Branco sempre foi o cara que cuidou das imagens, o Charles, mais próximo da questão técnica, do arquivo da música, da relação de conservação. O Arnaldo é aquele sujeito brilhante. O Paulo é um multi-instrumentista, multitalentoso. Ali, as características agem dentro de um equilíbrio que percebo que se mantém. Porque também é a forma que a gente conhece. É o que está acontecendo.

 

Titãs – Foto Bob Wolfenson