Cielo reforça posicionamento como uma parceira indispensável para o varejo, apresentando inovações para quem tem um negócio
Muito mais do que uma maquininha que facilita os pagamentos, a Cielo é uma empresa de tecnologia e serviços para o varejo com quase 30 anos de experiência. Pioneira em diferentes tecnologias – como pagamento em Mobilidade Urbana e no WhatsApp – a marca tem o objetivo de simplificar e impulsionar os negócios dos empreendedores brasileiros.
Em sua nova campanha, intitulada “E aí, bora juntar forças?”, a Cielo se apresenta como parceira indispensável para apoiar as rotinas de vendas, gestão e finanças do pequeno empreendedor ao grande varejista. Todo conceito criativo é uma homenagem às pessoas que se desdobram em muitas atividades para administrar seus negócios, comparando a rotina de quem empreende com a de um verdadeiro atleta correndo uma maratona por dia, atendendo clientes, organizando produtos e repondo estoque.
FOTO divulgação
“Estamos presentes em 99% do território brasileiro e realizamos mais de 12 mil transações por segundo. Temos obsessão pela transformação digital que se converte em melhor experiência e mais valor para o varejo”, afirma Thalita Martorelli, Head de Marketing da Cielo. Para reforçar a conexão com o varejo, a campanha destaca a Cielo como uma marca que vem construindo suas fortalezas para entender as inquietudes, o espírito inovador e a esperança de quem faz um negócio acontecer no Brasil.
Os produtos e serviços da marca são um pilar de apoio estratégico para impulsionar os resultados dos negócios, na oferta de conhecimento técnico para resolução de problemas e na entrega de soluções inovadoras que permitam uma melhor experiência dos clientes. Incluem maquininhas com diversidade de aceitação de métodos de pagamento (débito e crédito em mais de 80 bandeiras diferentes, PIX, QR Code, aproximação e link de pagamento), além da antecipação do recebimento das vendas e soluções em gestão. O aplicativo Cielo Gestão, por exemplo, apresenta mais de 25 autosserviços e a maquininha LIO On conta com apps que facilitam a administração de diferentes tipos de empresas.
“Um dos nossos diferenciais é o valor que entregamos para clientes com propostas baseadas em dados. Oferecemos o Cielo Farol, uma ferramenta de inteligência de mercado que permite fazer um raio-X de desempenho do negócio, além de possibilitar a comparação com empreendimentos similares”, completa.
Estimulando o empreendedorismo, a Stages proporciona a criação de lojas online por criadores de conteúdo que buscam independência e meios de gerar renda online
O Brasil é um dos maiores mercados de criadores de conteúdo do mundo. Há cerca de 20 milhões de criadores no país, conforme pesquisa recente da Factworks for Meta. Com o crescimento das redes sociais baseadas no compartilhamento de vídeos, o país viu surgir uma nova geração de produtores de conteúdo que vem conquistando cada vez mais espaço e audiências.
No entanto, muitos ainda enfrentam desafios para monetizar seu trabalho e transformá-lo em uma fonte de renda. “A aplicação de novas tecnologias e novos formatos pode ser uma importante aliada no desenvolvimento desse mercado, impulsionando ainda mais a produção de conteúdo de qualidade no país”, conta Leonardo Sampaio, CEO da Stages – empresa que escolheu o Brasil como o primeiro mercado no mundo para se estabelecer e lançar seu serviço para a Creator Economy.
Leonardo Sampaio, CEO da Stages – Foto divulgação
A Stages possibilita a criação de lojas online de vídeo por criadores de conteúdo – seja em formato de site (com a possibilidade de domínio próprio) ou um aplicativo – que buscam independência e novos formatos, diretamente com suas audiências e sem o intermédio de uma rede social. “Não temos participação nenhuma no faturamento do produtor em sua loja. Nós criamos o espaço virtual para que ele colo que o preço que quiser e faça o conteúdo que desejar. Não vamos censurar nem colocar anúncio no meio”, explica.
O primeiro mês de assinatura é grátis e disponibiliza tudo o que é necessário para criar e lançar uma loja de vídeos, incluindo um painel de gestão integrada da ferramenta e cursos exclusivos sobre como monetizar conteúdo online, pela Stages Academy. Com isso, é possível começar a faturar com vídeos desde o primeiro dia da assinatura do plano que, ao final de 30 dias, passa a custar R$ 49,90.
Para publicar conteúdos, o criador precisa realizar uma recarga de minutos, por meio de um plano pré-pago, no valor de R$ 50 (já incluído nos 30 dias grátis), que fornece 90 minutos de upload de vídeos e lives, e possibilita que as audiências possam assistir até 9 mil minutos corridos de streaming de vídeos e lives. Caso o tempo disponível esgote – sinal de que a audiência comprou tudo o que estava disponível – basta efetuar uma nova recarga de minutos.
“Já temos mais de três mil lojas criadas com a Stages. É um serviço super inclusivo, que contempla criadores que têm de 10 mil a um milhão de seguidores”, afirma o CEO. O grande destaque do momento na Stages é o comentarista de futebol Paulo Vinícius Coelho, que produz conteúdos diários no Canal do PVC junto à Stages.
Durante 3 dias, Rio2C apresenta palestras e encontros sobre inovação no mercado criativo e audiovisual, com convidados influentes do Brasil e do mundo
O maior encontro de criatividade da América Latina retorna à Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, de 11 a 16 de abril, com palestras, espaços para networking e conexões em áreas como cinema, televisão, música, games e economia criativa. Neste ano, o conceito de “soft power” – que se traduz em uma influência indireta capaz de moldar desejos e preferências através da cultura, valores políticos e políticas externas –, é o tema norteador dos mais de 500 painéis previstos.
“Vivemos na era da influência e o Brasil é um celeiro infinito de ativos para o uso dessa estratégia. A floresta amazônica, por exemplo, é um símbolo com enorme potencial para a construção da imagem do país, assim como a cultura e a diversidade do nosso povo”, afirma Rafael Lazarini, idealizador, fundador e CEO do Rio2C – que no ano passado recebeu mais de 37 mil pessoas ao longo dos seis dias de evento. “O tema desta edição é bastante pertinente, já que vivemos em um mundo cada vez mais conectado e interdependente, em que o soft power pode ser um diferencial importante para o sucesso de projetos criativos.”
Rafael Lazarini, CEO do evento Rio2C – Foto divulgação
Entre os convidados do evento estão os criadores da série “Dark”, o cineasta Fernando Meirelles, o escritor futurista Brett King e Pam Kaufman, CEO e presidente para mercados internacionais da Paramount. “Buscamos trazer profissionais renomados e influentes em suas áreas de atuação, que possam contribuir com insights relevantes para o público. Exercemos também uma escuta ativa do mercado para que possamos abordar os assuntos mais relevantes para cada setor”, explica.
Global Stage, que reúne os principais convidados – Foto divulgação
Neste ano, o Rio2C conta com dois novos palcos – o “Arts & Crafts”, dedicado a design, moda e arquitetura, e o “Games+”, destinado ao universo dos jogos eletrônicos – se somam aos nove espaços multidisciplinares e transversais que já ocuparam a Cidade das Artes em 2022. “Destaco o Global Stage, que é o palco onde acontecem as palestras, debates e painéis com os principais convidados. Esse é o coração do Rio2C e é onde se concentram as principais discussões e reflexões sobre a indústria e o mercado audiovisual.”
Além das palestras e dos painéis, o evento disponibiliza as Rodadas de Negócios, que conectam os players em reuniões individuais com proponentes de projetos de diferentes setores. O Rio2C também gera oportunidades nos pitchings e oferece ao público mentorias com especialistas do mercado criativo.
Vista aérea do Rio2C, na Cidade das Artes – Foto divulgação
Rio2C
De 11 a 16 de abril. Cidade das Artes:
Av. das Américas, 5300, Barra da Tijuca.
Ingressos: www.rio2c.com/tickets/
Riade, capital da Arábia Saudita, sedia o Noor Riyadh, um dos festivais de luz e arte contemporânea mais instigantes da atualidade
A atenção global se volta ao oriente médio neste fim de ano. Para além de receber jogadores e torcedores de futebol para a Copa do Mundo da Fifa, a região também se abre para artistas e apreciadores de inovação, design e cultura. A uma distância curtíssima de um voo de uma hora e meia de Dubai e uma hora de Doha, no Catar Riade, capital da Arábia Saudita, caminha para se tornar uma cidade cosmopolita e vibrante. Com uma população jovem e crescente hoje são mais de 7 milhões de habitantes a maior cidade do país também sedia grandes eventos culturais, como o Noor Riyadh, um dos festivais de luz e arte contemporânea mais instigantes da atualidade.
Esta foi a segunda edição do evento, com quase o triplo do tamanho de 2021, e contemplou mais de 190 obras e 130 artistas sauditas e internacionais distribuídas pela cidade, transformando-a em uma imensa galeria de arte a céu aberto. “Noor” (“luz” em árabe) Riyadh é um dos programas organizados por Riyadh Art uma iniciativa nacional de arte da Comissão Real, com o objetivo de incentivar os artistas locais e ampliar a economia cultural e criativa da Arábia Saudita. Sob o tema “We dream of new horizons” (Sonhamos com novos horizontes), o festival traduziu o sentimento de esperança no futuro.
Grande parte das instalações estiveram expostas pela capital de 3 a 19 de novembro, distribuídas em 40 lugares e cinco eixos principais: Bairro Diplomático (The Diplomatic Quarter ou DQ), Distrito Financeiro Rei Abdullah (King Abdullah Financial District ou KAFD), Distrito JAX um novo espaço criativo com ateliês de artistas, Parque Salam e Parque Rei Abdullah. Foram intervenções arquitetônicas em grande escala, esculturas efêmeras, projeções em 2D e 3D, instalações site-specific imersivas, show de drones e peças de realidade aumentada, entre vários recursos de luminotécnica empregados, que materializaram o que há de mais tecnológico na arte internacional contemporânea.
Para aqueles que ainda pretendem visitar esta edição do evento, uma parte do festival a exposição “From spark to spirit” (Da fagulha ao espírito), com obras de 30 artistas e instalada em JAX 03 pode ser vista até 4 de fevereiro de 2023. Sob curadoria de Neville Wakefield e Gaida Almogren, a mostra contempla a obra “Bold copper lights” da artista brasileira Jac Leirner, que traz sua linguagem minimalista conectando uma tomada a uma lâmpada através de quatro mil metros de fio elétrico, contrapondo o grande caminho percorrido pela energia ao imediatismo da velocidade da luz.
Foto Cortesia do Artista
Foto Cortesia do Artista
Outro brasileiro com presença marcante no Noor Riyadh foi Leandro Mendes, mais conhecido como Vigas, cuja obra multimídia “Apparatus 1010” esteve presente no Distrito Financeiro Rei Abdullah (KAFD), moderno complexo urbanístico de negócios e lazer. Artista multidisciplinar, ele iniciou seus trabalhos como VJ e transita entre videomapping, instalações com luzes e criação de espaços efêmeros que permitem ao público se sentir transportado para um lugar fora da realidade. Para o festival, foi criado um pavilhão onde o espectador pudesse se desconectar do entorno e trazê-lo para dentro de uma experiência sensorial única e viajar entre os universos paralelos. LIGHT FALLS, sua última obra lumínica em formato de cachoeira na fachada de um prédio com oito metros de altura, pode ser vista até janeiro no festival Glow Georgetown, em Washington, nos Estados Unidos.
Uma das atrações mais esperadas aconteceu ao ar livre no Parque Rei Abdullah: o espetacular show aéreo de enxame de 2 mil drones concebido por Marc Brickman designer de iluminação conhecido pelos seus trabalhos em shows de Pink Floyd, filmes como Minority Report, de Steven Spielberg, e iluminação do Empire State Building. A mostra incluiu também obras mais introspectivas como “I see you brightest in the dark” (Vejo você mais brilhante no escuro), do artista local Muhannad Shono uma bela intervenção que ocupou um edifício da década de 1980 no distrito Bayt Al Malaz, com instalações que usavam fio branco e luz para produzir estruturas luminosas.
Foto Rose Oseki
Além das imersões nas obras de arte pelo público em geral, tours guiados, workshops, apresentações musicais, palestras e debates, leilão beneficente e excursões escolares também fazem parte do programa de Noor Riyadh, que já tem edição de 2023/2024 confirmada, com data a ser divulgada no site www.riyadhart.sa/en/noor-riyadh/.
Ruas ocupadas, arte viva
Por causa das temperaturas mais amenas à noite, em torno de 15 graus celsius, Riade é uma cidade essencialmente noturna. Famílias e amigos costumam se reunir em parques e estendem seus tapetes sobre a grama para fazer churrascos e piqueniques, e foi assim que também apreciaram as instalações do festival. Áreas públicas como o Parque Rei Abdullah, o Bairro Diplomático e Wadi Hanifa um vale de 120 km de comprimento que corta a cidade foram intensamente ocupadas por obras de arte que trouxeram muita cor, beleza e imersão sensorial ao espaço. Até as dunas do deserto foram palco para instalações gigantescas como OASIS, de Arne Quinze, com 16 metros de altura e 40 metros de comprimento, e AXION, de Christopher Bauder.
Ao passear pela capital, fica evidente a mistura de vários estilos arquitetônicos. Em contraponto aos modernos arranha-céus de influência ocidental do Distrito Financeiro, no bairro antigo da cidade, é possível conhecer uma construção feita de barro com a técnica tradicional nadj, o Forte Al-Masmak, ligado à história da Arábia Saudita. Em 1902, o lugar foi palco da disputa que ficou conhecida como a Batalha de Riade, que acabou por unificar os reinados locais e formou o país como o conhecemos atualmente.
Um grande destaque da cultura da Arábia Saudita é o café, que faz parte do ritual de hospitalidade e costuma ser servido aos visitantes com a mão esquerda em uma cafeteira tradicional chamada “dallah” e em pequenas xícaras. Para nós, brasileiros, a bebida se parece mais com um chá, por ser suave, e foi reconhecida como patrimônio cultural imaterial da Humanidade pela Unesco.
A caminhada pelo Souq Al-Zel, o mercado mais conhecido da cidade, é indispensável. Por ali, se encontram tapeçarias, vestuários tradicionais, como abaya, perfumes e incensos, além de ser o lugar ideal para exercitar a arte de pechinchar, como é tradição em muitos países árabes. Há até leilões de objetos antigos ao ar livre!
Ótimas e diversificadas opções gastronômicas não faltam em Riade, como o restaurante italiano Il Baretto, localizado em KAFD; a cozinha saudita tradicional de Suhail; e The Globe, de cozinha europeia moderna, no interior da esfera dourada do topo da Torre Al Faisaliah, que oferece uma experiência espetacular da visão panorâmica da cidade. Aliás, a torre é um arranhacéu de 267 metros de altura projetada pelo arquiteto inglês Norman Foster e abriga um hotel cinco estrelas, do grupo Mandarin Oriental. Com excelente localização, é uma hospedagem elegante entre a arte e as luzes desse lugar milenar.
Foto Rose Oseki
Foto Istockphoto
Antes de viajar, atenção!
Para visitar a Arábia Saudita, é necessário obter visto. A embaixada sugere contratar serviços de empresas para facilitar o processo e é preciso apresentar certificado internacional de vacina para febre amarela antes de embarcar. A viagem aérea inclui conexão, em geral em Dubai, nos Emirados Árabes. Para as mulheres, é importante se atentar ao uso de roupas mais discretas e que não sejam curtas ou muito justas ao corpo. O uso de véu não é obrigatório para estrangeiras, com exceção da visita às mesquitas.
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HOTEL AL FAISALIAH
King Fahd Rd, Olaya, Riyadh 11491, Saudi Arabia
Diárias a partir de R$ 2.500.
Estevan Sartoreli é quem comanda os trabalhos na Dengo, cobiçada por seus deliciosos chocolates bean to bar e admirada por seu bonito trabalho na remuneração justa aos pequenos agricultores e na preservação das florestas originais do sul da Bahia
Desde 2017 atuando como CEO da Dengo, o ituano Estevan Sartoreli encabeça um projeto que une prazer e propósito, saberes e sabores, tradição e inovação, brasilidade e sustentabilidade, ética e estética. A marca de chocolates é uma das mais apreciadas e admiradas do país. Faz a felicidade de quem está envolvido na sua produção e a de quem consome. E, de bônus, ainda ajuda na preservação de um dos últimos trechos remanescentes de Mata Atlântica nativa do país, no Sul da Bahia.
Estevan Sartoreli | Foto Victor Affaro
Na entrevista a seguir, o executivo de 40 anos que estudou na Universidade Federal de São Carlos e na Harvard Business School fala um pouco de seu trabalho, da evolução da marca e das pontes que ela constrói entre a mentalidade empresarial da Faria Lima e o conhecimento ancestral das comunidades que, há mais de um século, tiram seu sustento da cultura cacaueira nessa paradisíaca região. Local que já foi palco dos romances de Jorge Amado e que, agora, é o cenário de uma revolução agroindustrial com impactos positivos nas esferas econômica, social e ambiental.
Veja os principais trechos da conversa que Estevan teve com a 29HORAS.
Como um engenheiro industrial nascido em Itu foi parar no Sul da Bahia, comandando o novo Ciclo do Cacau?
Logo depois que me formei, fui trabalhar na Natura. Entrei lá como trainee em 2005 e fiquei praticamente dez anos. Foi um aprendizado muito grande, mas em 2014 resolvi sair, tirar um período sabático, para repensar o que queria para o meu próximo ciclo profissional. Queria um trabalho com propósito, estava encantado com as possibilidades das indústrias 2.5, que operam adotando várias práticas que em outros tempos eram exclusivas do Terceiro Setor. Abri então uma empresa de consultoria especializada em desenvolver projetos dessa área. E um dos meus primeiros trabalhos foi para o Instituto Arapyaú, que havia sido criado anos antes pelo Guilherme Leal, meu ex-chefe na Natura. Ele tinha uma casa de veraneio em Itacaré e criou esse instituto para melhorar a saúde, a educação e a qualidade de vida das pessoas que viviam ali entre Itacaré e Ilhéus. Fui lá para revigorar e reestruturar a economia cacaueira, arruinada em 1989 por causa de um fungo que infestou e matou boa parte das árvores em produção.
Cacaus de Ilhéus – Foto Henrique Miyashiro
E foi desse projeto que nasceu a Dengo?
Sim. Inicialmente, nossa intenção era apenas criar uma fonte de renda para a população local, revitalizando o ciclo produtivo do cacau, com a introdução de técnicas de manejo para mitigar os efeitos do tal fungo conhecido como Vassoura de Bruxa e ensinando os agricultores a cultivar cacaus de qualidade superior. Fizemos tudo isso, mas a situação da população não mudou. Quem comprava os frutos ali ainda pagava um valor muito baixo, insuficiente para efetivamente melhorar a vida da comunidade. Foi então que decidimos nós mesmos nos tornarmos os compradores do cacau, criando uma cadeia mais justa, solidária e sustentável. Assim que surgiu a ideia de montar a Dengo. E eu fui o executivo encarregado de estruturar essa empresa, já que eu conhecia todas as potencialidades, os problemas e os desafios do negócio.
Como o modelo da Dengo beneficia os agricultores?
Quando começamos os trabalhos de revitalização do cacau na Bahia, em 2015-16, menos de dez pequenos produtores aderiram ao nosso projeto. Hoje temos mais de 200 agricultores. Damos capacitação para que eles produzam cacaus de qualidade superior e remuneramos de maneira transparente e justa essa qualidade. Pagamos um preço bem maior do que o pago por quem negocia cacau como commodity, na cotação internacional. Cada lote é avaliado individualmente, para seu real valor ser determinado a partir de critérios técnicos. Alguns produtores recebem 70% a mais, outros 160%. Em 2021, pagamos em média 91% a mais do que os preços estipulados nas bolsas de mercadorias! Nosso objetivo é gerar valor compartilhado.
Estevan com o primeiro grupo de agricultores que aderiram ao projeto da Dengo, no sul da Bahia | Foto Divulgação
Se a proposta é criar renda para as comunidades no Sul da Bahia, por que a fábrica é em São Paulo?
Produzimos chocolates bean to bar, cujo transporte requer refrigeração. É muito mais barato trazer toneladas de cacau em amêndoas da Bahia até São Paulo do que levar chocolates em contêineres refrigerados de São Paulo até o Rio, por exemplo. Pelo nosso planejamento inicial, a fábrica seria em São Paulo para ficar mais próxima dos mercados consumidores.
Somos uma empresa agroindustrial, apesar de não termos um centímetro de terras na Bahia. Toda a parte de produção de cacau fica a cargo dos nossos fornecedores, mais ou menos como em uma cooperativa. Se nós fossemos cultivar o nosso próprio cacau, não estaríamos gerando renda para os agricultores envolvidos no projeto. Essa é a nossa meta primordial. Existe um ditado na língua inglesa que prega: “Businessmen don’t make good beans, farmers do” (Executivos não produzem bons grãos. Quem faz isso são os fazendeiros). Queremos que cada um faça a sua parte da melhor maneira possível. Os agricultores cultivam o cacau, nós fazemos o chocolate!
Amêndoas após a fermentação – Foto Thatiana Nogueira
E quem mais é beneficiado com essa marca de chocolates “do bem”?
Ele é bom para o planeta e para quem o consome. O cacau cultivado pelo método cabruca, típico do Sul da Bahia, é um sistema agroflorestal, que preserva a vegetação original da região. É a mata que fornece a sombra que o cacaueiro “gosta”. E os nossos chocolates bean to bar são feitos sem o uso de aditivos químicos e de gordura hidrogenada, presentes nos chocolates industrializados. Nosso chocolate, além de ser delicioso, é saudável, faz bem para quem o consome! Nenhum chocolate é verdadeiramente “do bem” se não for um bom chocolate e não for fabricado seguindo os princípios da sustentabilidade.
A Dengo dá lucro?
As lojas já operam no positivo, mas, no geral, a empresa ainda não atingiu o break even. Pelo nosso planejamento inicial, essa meta seria atingida no nosso 5º ano de vida, ou seja, agora, pois começamos em 2017. Mas, como tivemos a pandemia, adiamos isso para 2023 e, pelo andar das coisas, acredito que não teremos problemas. Hoje estamos com 30 lojas, e devemos fechar o ano com 33 o que já é um número superior ao que imaginávamos no início. Está tudo indo muito bem. Um negócio de impacto social precisa ser autossustentável. Não é à toa que a palavra ‘negócio’ vem antes das outras! É o lucro que oxigena e garante a continuidade da iniciativa. Como diz um amigo meu, “não dá para ser verde estando no vermelho”. É verdade, mas aqui o lucro não é o nosso único objetivo.
A megaloja da Faria Lima, conhecida como Fábrica de Dengo, é um sucesso estrondoso. Ela já virou uma atração turística da cidade, não?
A cada fim de semana, recebemos em média 4 mil visitantes! Desde a sua abertura, em novembro de 2020, ela funciona como um parque de diversões para crianças, adultos, chocólatras e pessoas que quiserem conhecer mais sobre a cultura cacaueira. Temos uma área de pâtisserie com delícias à base de chocolate, um balcão de customização de barras e um agradável restaurante de comida brasileira. É um espaço onde nossos clientes vivem experiências. Com quatro pavimentos, tem 1.500 m² dedicados ao universo chocolateiro.
À esquerda, a loja modelo Fábrica de Dengo, inaugurada em 2020 no bairro paulistano de Pinheiros | Foto Fabio Nunes 360
Os chocolates da Dengo já foram premiados no exterior?
Nunca nos inscrevemos em nenhum concurso internacional. Não temos uma visão award-oriented. Mas já fomos muito bem avaliados em degustações às cegas promovidas por publicações respeitadas como a revista “Prazeres da Mesa” e o caderno “Paladar”.
Abaixo, o adorado quebra-quebra, um dos principais hits da marca| Foto Estúdio Gastronômico
A marca tem planos de internacionalização?
Neste momento, não temos. Mas aqui nada está fora de cogitação. Se aparecer uma boa oportunidade, ela será estudada com carinho. Ia ser bacana termos uma marca mostrando nos Estados Unidos ou na Europa que o Brasil não é apenas um grande produtor de cacau algo que nem todo mundo sabe lá fora mas é também um produtor de ótimos chocolates. Neste momento, a marca não pensa em internacionalização, mas está ampliando sua atuação nacionalmente.
Fale um pouco sobre a recém-lançada linha de chocolates amazônicos.
A Floresta Amazônica é um dos berços do cacau. Há cerca de 5,5 mil anos o fruto já se desenvolvia na Amazônia Equatoriana. Só depois ele foi levado ao México, onde os astecas criaram o chocolate. Nossa ideia, ao incorporar o cacau amazônico em nosso portfólio, é proporcionar aos nossos clientes a possibilidade de conhecer variedades de cacaus, de terroirs distintos e com notas sensoriais peculiares. Fomos convidados por um grupo de pequenos produtores do Pará, que queriam aderir ao nosso modelo de produção. Se tudo der certo, no futuro a Dengo terá também chocolates feitos com bons cacaus da Rondônia e do Espírito Santo. Nosso sonho é, um dia, estarmos presentes em todas as regiões produtoras do país.
Dengo Amazônia | Foto Divulgação
Esse modelo da Dengo pode ser replicado para outras culturas?
Acredito que esse nosso modelo não é exclusivo para o cacau, não. No universo dos cafés especiais, várias empresas operam de forma semelhante há anos. Já fomos procurados por um grupo de produtores de macadâmia interessados em conhecer melhor o nosso sistema. Outro dia vieram também uns pequenos produtores de polpa de frutas e frutas secas querendo transformar esses produtos em algo com mais charme e maior valor agregado. Nós estamos sempre abertos para compartilhar as nossas experiências até para outras marcas de chocolate! Não temos a menor ilusão de que vamos mudar o mundo sozinhos. Queremos ver esse modelo replicado em todos os segmentos, no país todo. Quanto mais gente, melhor!
Estevan Sartoreli | Foto Victor Affaro
Por fim, como é trabalhar assim, com um pé na riqueza da Faria Lima e outro na pobreza do Sul da Bahia?
Isso é o que move uma pessoa que se envolve em um negócio de impacto social. Meus pés estão na Faria Lima, mas meu coração é cabruca. Somos uma ponte entre esses dois mundos tão distantes. Nosso objetivo é reduzir a desigualdade entre eles. Os produtores rurais do Sul da Bahia precisam ouvir algumas dicas importantes do pessoal do dinheiro, para que seus negócios se tornem mais eficientes. E os ‘farialimers’ também têm muito a aprender com a sabedoria ancestral dos agricultores, principalmente no que diz respeito a qualidade de vida e preservação ambiental.
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