Carnaval a pé: caminhadas e transportes coletivos são as melhores alternativas para aproveitar os dias de folia nas ruas das cidades

Carnaval a pé: caminhadas e transportes coletivos são as melhores alternativas para aproveitar os dias de folia nas ruas das cidades

Caminhar é a forma mais democrática de se locomover. Andando, imprimimos um ritmo próprio e original ao passeio, enquanto observamos o entorno e o vaivém das outras pessoas. O andar diz respeito à saúde pública e ao bem-estar nas cidades. Metrópoles que estimulam e facilitam a caminhada como meio de transporte elevam a qualidade de vida da população.

Durante o Carnaval, quando o trânsito costuma ficar ainda mais complicado, a caminhada é uma solução para se divertir e ao mesmo tempo ativar a energia, melhorar a circulação sanguínea e tonificar os músculos… E os blocos são uma ótima maneira de participar da festa de forma mais descontraída.

 

Bloco do Sargento Pimenta no Carnaval de rua de São Paulo – foto Soul em Cena | divulgação

 

Confira algumas dicas para que esses momentos sejam só alegria:

  • Seja qual for sua fantasia, escolha o conforto e a segurança para os pés, protegendo-os de pisadas e risco de cortes. Tênis e sapatos fechados com solados resistentes e antiderrapantes são os ideais, por isso deixe a rasteirinha em casa. As ocorrências mais comuns nessa época são cortes causados por objetos cortantes, como garrafas quebradas.
  • Antes de sair, faça uma boa refeição para pular e se divertir à vontade, com toda energia. Não se esqueça de levar água para se hidratar no caminho. Lanches saudáveis também podem estar na mochila.
  • Planeje e confira o trajeto e o local de concentração do bloco antes de seguir para as ruas, dando preferência para o transporte coletivo. Carros por aplicativo costumam encarecer bastante nesse período, especialmente se chover. Se precisar chamar, procure sair da muvuca para ser atendido com mais agilidade e conforto.
  • Use um filtro solar com fator de proteção alto, boné ou chapéu e óculos escuros. Com o sol escaldante e o aumento acentuado das temperaturas, é essencial se proteger para evitar queimaduras e doenças cutâneas.
  • Leve com você apenas o básico, para curtir a festa sem preocupações com furtos, já que nas aglomerações dos blocos o risco aumenta. Doleiras, pochetes e shoulder bags são ótimas para levar celular, cartões e dinheiro de forma segura.
O Carnaval mais quente de todos os tempos! Confira dicas para participar dessa alegria em São Paulo e no Rio

O Carnaval mais quente de todos os tempos! Confira dicas para participar dessa alegria em São Paulo e no Rio

Não existe El Niño capaz de impedir que o Carnaval tome conta do país no mês de fevereiro. É quando o brasileiro deixa bem claro que diversão é a prioridade em sua vida. Veja aqui o que você precisa saber para participar dessa explosão de alegria em São Paulo e no Rio

Olha, olha, olha, olha a água mineral! Esse é o mantra do Carnaval 2024 neste escaldante verão brasileiro, não apenas nas apresentações da Timbalada. Além da fantasia, do glitter e do celular, uma garrafinha com água, chá gelado, suco ou isotônico é um acessório mais do que fundamental para os foliões manterem a hidratação.

No calendário, a festa vai de sábado, dia 10, até a Quarta-Feira de Cinzas, 14 de fevereiro. Mas, na prática, a coisa é diferente. Aqui em São Paulo, por exemplo, os principais blocos começam a ocupar as ruas da cidade no pré-Carnaval dos dias 3 e 4. No sábado, dia 3, os destaques são o Ritaleena, o Casa Comigo e o Bangalafumenga. Em seguida, no domingo (4), quem chega chegando são os Acadêmicos do Baixo Augusta, Anitta e o Monobloco. O Casa Comigo traz como atração o funkeiro Buchecha, que se apresenta às 11h na Avenida Henrique Schaumann, em Pinheiros.

 

Alessandra Negrini e o bloco dos Acadêmicos do Baixo Augusta – foto divulgação

 

Já o Bangalafumenga terá concentração às 13h na Vila Olímpia, na altura do n° 4.100 da Avenida Brig. Faria Lima, enquanto o Ritaleena – que tem o primeiro Carnaval sem sua musa – ocupa a Avenida Sumaré das 12h às 18h. No domingo, Anitta se apresenta no Memorial da América Latina das 12h às 17h, e o trio do Monobloco, com participações especiais de Jorge Aragão, Lucy Alves e Emanuelle Araújo, promete fazer tremer o trecho da Avenida Pedro Álvares Cabral entre o Monumento às Bandeiras e o Obelisco do Ibirapuera a partir das 14h.

Neste mesmo horário, mas na esquina das avenidas Paulista e Consolação, é chegado momento do furdunço dos Acadêmicos do Baixo Augusta, que em 2024 completa 15 anos e cujo cortejo segue o enredo “Resiste Amor em SP” – com a participação de Criolo, Marisa Orth, Fafá de Belém, Tulipa Ruiz e Thelma Assis (que será “batizada” como Diva do Baixo Augusta), além da eterna rainha Alessandra Negrini, que estará vestida de debutante e vai dançar uma valsa em homenagem aos 15 anos da agremiação.

 

Monobloco – foto divulgação

 

No Sambódromo do Anhembi, os desfiles do Grupo Especial acontecem na sexta (9) e no sábado (10). As principais novidades deste ano são o retorno da tradicional Camisa Verde e Branco à elite e a volta-volta da Vai-Vai, depois de um ano no Grupo de Acesso, por causa do rebaixamento em 2022. E a Vai-Vai vem com tudo. Seu enredo deste ano tem como inspiração a cena hip-hop paulistana, a bateria tem com madrinha a cantora Negra Li e o desfile traz a participação de Racionais MCs, Djonga, Thaide e Rappin’ Hood. Os ingressos para as arquibancadas e mesas a céu aberto custam de R$ 80 a R$ 2.160.

E, para quem quiser ver tudo bem de perto, mas com mais conforto, os Camarotes Bar Brahma e Amstel Essepê são as melhores opções. No Amstel Essepê, os convites têm preços a partir de R$ 880, mas incluem open bar, bufê variado à vontade e salão para customização de roupas e retoques na maquiagem – além de vista privilegiada para passarela do Sambódromo e de shows exclusivos de Jonas Medeiros e Péricles (no dia 9), de Sorriso Maroto e João Gomes (no dia 10) e do pagodeiro Belo no sábado, dia 17, no Desfile das Campeãs.

 

Sambódromo do Anhembi, em São Paulo – foto José Cordeiro | Liga SP

 

No Bar Brahma, com três andares e capacidade para mais de 7 mil pessoas, os convites têm valores de R$ 1.940 a R$ 3.990, mas incluem uma excelente vista para os desfiles, Glam Lounge para quem quiser um “up” no visual, área de relax, open bar (com torneiras de chope e um balcão com destilados e ingredientes para cada convidado montar seu próprio drinque), bufê com pizza, churrasco, hambúrgueres, massas, saladas, doces e sorvete. Terá também , claro, grandes shows: de Zeca Pagodinho e Xande de Pilares na sexta (dia 9) e, no sábado, dia 10, do cantor Silva e do grupo Só Pra Contrariar, em um dos shows da turnê de despedida de Alexandre Pires. No sábado, 17, quando acontece o Desfile das Campeãs, os shows do camarote Bar Brahma são de Olodum e Ivete Sangalo.

 

Zeca do Pagodinho e Xande de Pilares – foto divulgação

 

Por falar no fim de semana do Desfile das Campeãs, a programação do Carnaval de Rua ainda segue pela cidade, com as algazarras armadas pelo Navio Pirata do BaianaSystem (no sábado, dia 17, das 13h às 19h, no Ibirapuera), do Bloco Praieiro com a participação de Jammil (no sábado, às 11h, na Avenida Henrique Schaumann), do Sargento Pimenta (no domingo, às 14h, na Praça da República) e da Pipoca da Rainha Daniela Mercury, no domingo, a partir das 14h, na esquina da Paulista com a Consolação.

Para conferir a programação completa do carnaval de rua paulistano, acesse www.blocosderua.com e fique por dentro de todos os endereços e horários das centenas de blocos registrados oficialmente na Prefeitura.

Maior espetáculo da terra

Na Marquês de Sapucaí, o desfile das grandes escolas de samba do Rio é um show grandioso que sempre surpreende e encanta brasileiros e estrangeiros. A tradicional Estação Primeira de Mangueira faz uma merecida homenagem à Alcione; o Salgueiro explora a cultura do povo Yanomami; a Grande Rio exalta o maior felino da nossa fauna, a Onça; a Viradouro faz um desfile inspirado no vodu africano e a atual campeã, a Imperatriz Leopoldinense, traz para a avenida um enredo inspirado no cordel de uma certa Cigana Esmeralda. Os ingressos para arquibancada têm preços entre R$ 95 e R$ 350.

 

Desfile de Carnaval no Sambódromo da Sapucaí, no Rio de Janeiro – foto Liesa Leo Queiroz

 

O Camarote N°1 reúne atrações do pop ao eletrônico e ao piseiro, em sistema all inclusive. Domingo tem shows de Xande de Pilares e DJ Mochakk e, na segunda-feira, de João Gomes e L7nnon. Nos dois dias, Dudu Nobre comanda rodas de samba. Ingressos a partir de R$ 3.170,00 (feminino) e R$ 3.870,00 (masculino). No Camarote Arpoardor, os convites custam R$ 3.340 e o “pacote” inclui bufê com cachorros-quentes Geneal e milkshakes do Bob’s. Os shows são da Banda Blitz, da MC Rebeca e do funkeiro Buchecha no domingo e de Ferrugem e Dubdogz na segunda-feira.

Mas os festejos momescos no Rio não se restringem ao Sambódromo. O Carnaval de rua este ano tem mais de 400 blocos agitando a cidade, e a expectativa da Riotur é ter 5 milhões de pessoas curtindo os blocos de rua. O total de megablocos passou de oito (em 2023) para 10 neste ano (são considerados megablocos aqueles que reúnem mais de 100 mil foliões). Entre eles, destaque para o Cordão do Bola Preta (dia 10, às 7h), para o Fervo da Lud (dia 13, às 7h), para o Bloco da Anitta (dia 17, às 7h) e para o Monobloco (dia 18, às 7h) – todos no Centro. Outros blocos menores também são muito aguardados, como o Carmelitas (em Santa Teresa, dia 9, às 13h), a Banda de Ipanema (dia 10, a partir das 16h) e o Simpatia É Quase Amor (também em Ipanema, mas no dia 11, às 14h).

 

Preta Gil – foto reprodução Instagram

 

Para garantir a hidratação dos foliões neste Carnaval sob o inclemente sol deste verão dos verões, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) coloca nas ruas da cidade um time de 15 aguadeiros para distribuir água gelada gratuitamente.
O tradicional Bloco da Preta, que não saiu no ano passado por causa da doença de Preta Gil, este ano terá uma edição “indoor”: a folia acontece no domingo, dia 4, dentro da Arena Rio, no Parque Olímpico. Entre outras atrações, traz Os Gilsons e Pabllo Vittar como convidados. Este ano, o Bloco da Preta completa 15 anos, e a festa que também celebra o fim do tratamento oncológico da cantora está sendo chamada de CarnaCura ou De Volta Para o Sol – ainda que não seja ao ar livre. A folia começa às 17h e os ingressos custam R$ 40 (arquibancada), R$ 100 (pista) ou R$ 175 por pessoa (camarote).

ANIMAÇÃO EM ALTO-MAR

Quem quiser prolongar o Carnaval até o final de fevereiro deve se encaminhar para a cidade de Santos após a temporada de desfiles e blocos em São Paulo e no Rio. É deste porto no litoral paulista que zarpa, no dia 22, o navio MSC Preziosa, que pelos quatro dias seguintes pode ser chamado de “Navio da Xuxa”. O cruzeiro reúne shows de Pabllo Vitar, Ivete Sangalo, Monobloco, Olodum e, claro, da Rainha dos Baixinhos. São quatro dias de festa, e a programação do CarnaXuxa inclui também bailes temáticos, concursos e uma exposição sobre a vida e obra da loira.

O MSC Preziosa é um transatlântico de bandeira italiana com capacidade para mais de 4.300 passageiros e cerca de 1.300 tripulantes. Possui 1.750 cabines e suítes distribuídas por 13 pavimentos, piscina com borda infinita, cassino, teatro, cinema 4D, discoteca, simulador de Fórmula 1, academia fitness, piscina com borda infinita e escadarias forradas com cristais Swarovski.

 

“Navio da Xuxa” – foto divulgação

 

Para ter acesso a tudo isso, cada pessoa precisa desembolsar um valor que começa na faixa dos R$ 3.500 (cabine interna, sem janela) a vai até algo em torno de R$ 14.500 (suíte no Yatch Club). O desembarque será no dia 26, também no porto de Santos. Para mais informações, ligue no tel. 11 3624-9007.

Luciana Villas Boas está à frente do Camarote Salvador, que movimenta mais de R$ 100 milhões

Luciana Villas Boas está à frente do Camarote Salvador, que movimenta mais de R$ 100 milhões

Luciana Villas Boas comanda o Camarote Salvador, que leva milhares de turistas e foliões para a capital baiana, em uma estrutura de 10 mil m2 e três palcos com mais de 60 atrações

Salvador é sinônimo de festa quase ininterrupta para muitos carnavalescos e – para além dos trios elétricos e dos blocos de rua – os camarotes se multiplicam e já representam fatia considerável do movimento da economia local nessa época. É o caso do Camarote Salvador – o mais disputado da Bahia e a maior festa privada de Carnaval do Brasil. E a mulher à frente desse evento, que movimenta mais de R$ 100 milhões, é Luciana Villas Boas. “Somente o Camarote Salvador gera cerca de cinco mil empregos diretos e indiretos. É uma relevância muito grande para a economia do estado”, enfatiza.

 

foto Lucas Muylaert

 

A diretora-executiva da Premium Entretenimento, responsável pela criação e produção do Camarote, fez carreira na Rede Bahia de TV em 19 anos de emissora. “O meu último cargo foi como diretora de Planejamento e Pessoas, acredito que a organização e a gestão são duas vertentes essenciais para o sucesso de um negócio”, afirma.

A empresa prioriza o desenvolvimento de equipes e treinamento para que todos estejam alinhados com o padrão de atendimento do evento. Segundo Luciana, os camarotes elevam cada vez mais o nível de serviço e a Premium Entretenimento investe em estrutura e atrações para também acompanhar as novidades em relação ao cenário musical. “O axé continua forte, mas Salvador já abre espaço para vários outros estilos e artistas, a exemplo de Bloco da Anitta e os trios do Alok e de DJs internacionais.”

E quando o Carnaval acaba não há nem tempo de esquecer a folia. Diante de acertos e erros, a empresária foca em como melhorar e inovar na próxima festa. “Iniciamos o planejamento para a edição seguinte a partir do último dia de Carnaval. As vendas começam na Quarta-Feira de Cinzas, ou seja, durante o ano todo estamos debruçados em como realizar a maior festa de Carnaval do país!”

Erika Januza se prepara para brilhar no Carnaval como rainha de bateria da Viradouro

Erika Januza se prepara para brilhar no Carnaval como rainha de bateria da Viradouro

Com muito brilho, a atriz Erika Januza assume mais uma vez o posto de rainha de bateria da Viradouro e divide seu tempo com produções em diferentes streamings

O coração de uma escola de samba talvez seja o posto de rainha de bateria. Toda a pulsão e a energia que os movimentos – ora suaves, ora intensos – que ela evoca na Avenida são essenciais para a composição e a harmonia de toda a agremiação. E Erika Januza – atriz natural de Contagem, em Minas Gerais – sabe bem dessa responsabilidade. “Acho importante estar presente em todos os ensaios, assim como é fundamental acompanhar outros eventos relacionados à escola”, enfatiza.

Desde 2021, ela representa a Unidos do Viradouro – escola de samba de Niterói. Mas o Carnaval é uma paixão antiga. Antes, foi musa de bateria da Império Serrano, Império da Tijuca, Vai-Vai, Grande Rio e Salgueiro. “Fico nervosa da mesma forma e me emociono todos os anos”, compartilha.

 

foto Márcio Farias

 

Imersa também nas gravações de uma releitura de “Dona Beja” para a HBO – que promete envolver o público como a versão original da TV Manchete, de 1986 –, Erika interpreta a personagem Cidinha e opina que, agora, a obra será mais ajustada ao nosso tempo: “Atores negros compõem lindamente o elenco principal!”

Em entrevista à 29HORAS, Erika Januza compartilha detalhes da intensa rotina de uma rainha de bateria, lembra o início de sua carreira e discorre sobre as produções que refletem seu trabalho diversificado na atuação. Confira os principais trechos:

Você é rainha de bateria da Unidos do Viradouro. Como é a preparação para viver os dias intensos de Carnaval? Como concilia os ensaios com a sua rotina de gravações?
Por coincidência, nos meus três anos como rainha, também estava envolvida em outros projetos como atriz. Já me acostumei e gosto dessa correria. Eu tento sempre priorizar os ensaios, seja os de rua ou de quadra. Acho importante estar presente em todos, assim como é fundamental acompanhar outros eventos relacionados à escola. Carnaval não se faz apenas com o desfile na Avenida. E para dar conta de ter energia do começo ao fim, tento manter uma rotina mais regrada, sem excessos. Descanso é o mais difícil, mas uma boa hidratação e atividade física são essenciais.

 

Erika em ensaios na Unidos do Viradouro – foto divulgação

 

O que significa ser uma rainha de bateria? Quais mulheres do Carnaval e do samba te inspiram?
Desde criança era apaixonada pelo que via na TV. E mesmo parecendo distante da minha realidade, desse amor veio o desejo de fazer parte da festa, de estar presente no Carnaval, em especial no Rio de Janeiro. Me emociono e fico nervosa da mesma forma, todos os anos. Quando o convite para assumir o posto de rainha surgiu, foi uma mistura de sentimentos, da alegria à responsabilidade de estar à frente do que é o coração da escola. De maneira geral, muitas mulheres me inspiram…adoro uma ex-rainha de São Paulo chamada Arielen Domiciano. Ela tem uma energia que nunca vi igual. E algumas das mulheres que admiro nem estão no holofote. Neste ano, por exemplo, decidi enaltecer o trabalho feminino de guerreiras, artesãs de várias regiões do país, que vivem de suas artes e sustentam suas famílias. Elas mandaram suas peças e meu stylist, Vitor Carpe, criou as fantasias com esses adereços.

Como é a sua relação com a escola de samba? Você já desfilou em outras agremiações, quais singularidades a Viradouro traz para o Carnaval do Rio?
A minha relação é a mais próxima possível! A cada ano que passa tento me aproximar ainda mais da comunidade que faz a magia acontecer. Na Viradouro, quase todo mundo se conhece e o trabalho flui de maneira organizada, super profissional. Essa escola tem algo de especial, um sentimento forte de que todo mundo está unido em um mesmo propósito. E essa família tem força, acredita em si mesma e envolve qualquer um que se aproxima.

 

Celebrando o terceiro lugar da Viradouro, no Carnaval de 2022 – foto divulgação

 

Lembrando o início de sua carreira como atriz, como foi sair de Contagem, em Minas Gerais, para morar no Rio de Janeiro?
Foi um desafio inesperado e maravilhoso. Eu me vesti de coragem e vim para o Rio! Tinha fé de que as coisas dariam certo. Mas deixei tudo em stand by em Minas, caso algo desse errado. Minas está em mim, em tudo. Minhas referências, minha formação, minha essência. Mas adotei o Rio como a minha casa, é a cidade que me acolheu. Sempre gostei de fazer minhas coisas sem necessariamente ter a companhia de alguém. E aqui no Rio faço muito isso. Saio para jantar, vou ao cinema… Adoro essa liberdade – um pouco contraditória – que a cidade traz. Falo em contradição porque, infelizmente, convivemos com essa violência urbana cada vez mais crescente.

Como você começou a atuar? Quais são as suas referências hoje?
As artes cênicas entraram na minha vida em 2012, com meu primeiro trabalho. Digo que a minissérie ‘Suburbia’ foi minha primeira grande escola. E fui aprendendo cada vez mais com outros projetos. Quando mais jovem, não tinha muitas atrizes negras para me inspirar. Mas amava ver, por exemplo, Taís Araújo em ‘Xica da Silva’, Isabel Fillardis como Ritinha… dona Ruth de Souza, Zezé Motta, Léa Garcia. Elas foram inspiração para uma geração orgulhosa e sonhadora com as possibilidades que um dia poderiam existir para todos nós. Ainda em Minas, a TV foi a minha janela. Era ali, consumindo as novelas, em especial, que eu sonhava. Hoje me sinto completamente realizada em minha profissão. Mas ainda cheia de desejos a realizar!

 

A atriz em “Suburbia” – foto Rede Globo | AF Rodrigues

 

Alguns de seus papéis em novelas da TV Globo, como “Em Família”, “O Outro Lado do Paraíso” e “Amor de Mãe”, eram dramáticos e a questão do preconceito e da luta antirracista atravessavam suas personagens. Como é, para você, abordar esses temas por meio da atuação? Quais outras temáticas gostaria de vivenciar nesse formato televisivo?
Falar sobre racismo foi algo que demorei para fazer. Mas vivi muito. Precisei amadurecer antes de me expressar para o mundo. Mas entendi que isso se fazia necessário e urgente! Poder dar voz a personagens que trazem narrativas que pertencem ao universo de uma mulher preta é algo que me motiva. Dar nome às formas de preconceitos que ainda vivemos nesse país, que é tão miscigenado e preconceituoso, ao mesmo tempo, é algo essencial. O que me encanta ao aceitar um trabalho é um combo: uma boa história, uma boa personagem, uma equipe afinada e ter a oportunidade de ser uma atriz boa para aquela personagem. Para além da temática do preconceito, não sei se há um tema central que desejo representar. Até porque sou muito grata às oportunidades que tive ao longo da minha caminhada, ainda em construção, mas tão diversa. Mas sonho com algumas personagens, como ser uma vilã… e fazer Xica da Silva e Elza Soares!

 

Gravando “A Magia de Aruna” – foto divulgação

 

Você inicia 2024 com muitos trabalhos em diferentes streamings. Está em “Arcanjo Renegado”, produção do Globoplay, e em “Magia de Aruna”, do Disney+. Quais são as diferenças e as semelhanças em relação às novelas?
‘Arcanjo’ me ajudou a amadurecer muito enquanto artista. A personagem passou por muitas mudanças, amadureceu também. Compor esse arco dramatúrgico é riquíssimo. Estou apaixonada pelo gênero. Fazer ação é uma delícia! Sobre ‘Magia de Aruna’, ter recebido o título de bruxa brasileira da Disney foi uma honra. Foi um encontro lindo com Cleo Pires e Giovanna Ewbank. É uma série leve, cheia de efeitos e magia. Mexer com o imaginário das pessoas é muito interessante. A novela tem um batidão, uma entrega diária e a obra é aberta. Tudo pode acontecer. Não dá muito tempo de parar para olhar para trás. A gente tem que se apropriar do processo. Em uma série, geralmente, a gente já entende o caminho pelo qual o personagem e a história seguirão. A forma de compor acontece antes mesmo de entrar no set. Se tem melhor? Se eu prefiro alguma? Não! Amo meu trabalho, independentemente da plataforma.

 

Na série “Arcanjo Renegado” – foto divulgação

 

Você também está gravando o remake de “Dona Beja”, do HBO Max. Como foi sua preparação para viver Candinha? Poderia compartilhar um pouco mais sobre a sua personagem?
‘Dona Beja’ vem como uma releitura da história. Estou muito feliz em fazer parte desse capítulo novo da dramaturgia, que é uma novela no streaming. A história vem cheia de surpresas arrebatadoras. O texto é fortíssimo e mexe muito comigo. Terei a oportunidade de dizer em cena tantas coisas que sinto na vida real. E foi uma obra emblemática, que povoa o imaginário de muita gente. Fez muito sucesso na época em que foi exibida. Não busco inspiração na versão original, estou focada no texto, que me deu todos os elementos para dar forma à personagem. Como se trata de uma releitura, é uma obra mais ajustada ao nosso tempo. Atores negros compõem lindamente o elenco principal. Aguardem: vai valer a pena!

Depois do Carnaval e das gravações de “Dona Beja”, o que planeja para 2024?
Ainda tem muita gravação de ‘Dona Beja’ pela frente e mais uma temporada de ‘Arcanjo’. Espero que seja um ano de muito trabalho, com um projeto emendando no outro.

 

foto divulgação

 

Foto de capa: Guilherme Lima

Anitta sobe aos palcos a partir deste mês com sua maratona carnavalesca “Ensaios da Anitta”

Anitta sobe aos palcos a partir deste mês com sua maratona carnavalesca “Ensaios da Anitta”

Prestes a subir aos palcos com sua maratona carnavalesca que passará por 10 cidades brasileiras, Anitta reflete sobre seu novo momento de vida e seu sucesso internacional em constante ascensão

Já estamos em 2024, mas, de acordo com os apaixonados por folia, o ano começa somente após o Carnaval. Há uma verdade nisso, pois o clima festivo de dezembro combinado com o verão e seguido pelas férias de janeiro pede uma prorrogação na alegria. E se tem uma pessoa que sabe festejar e contagiar como ninguém o grande público, ela atende pelo nome de Anitta. 

Todos estão familiarizados com o sucesso estratosférico da cantora, que nos últimos anos alcançou patamares nunca imaginados por artistas brasileiros. Ela tem dedicação, foco, visão estratégica e consegue encarar com naturalidade situações que fariam a maioria das pessoas tremer na base. Anitta já se apresentou nas mais importantes premiações da indústria da música para plateias recheadas de ícones e figurões mundiais; deu entrevistas em inglês em programas de destaque na televisão dos Estados Unidos, como “Jimmy Kimmel Live!” e “The Tonight Show”; esteve no line-up dos maiores festivais de música do mundo, como Coachella e Lollapalooza; e atuou em espanhol na série “Elite”, da Netflix. 

 

foto Andre Nicolau

 

Hoje, entretanto, a nossa garota do Rio quer mesmo ser feliz, escolher a dedo projetos que lhe deem prazer e, acima de tudo, se divertir e aproveitar a jornada. “Sempre falei que iria me aposentar aos 30 anos e de fato tenho essa vontade, só não parei de fazer os projetos de que realmente gosto”, confessa a cantora, que completou 3 décadas de vida em março . Entre eles, o Carnaval é sagrado. 

Com a nova temporada de “Ensaios da Anitta” – maratona carnavalesca que acontece de janeiro a fevereiro em Salvador, Floripa, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio, BH, Vitória, Curitiba e São Paulo –, a poderosa se prepara para ficar cerca de quatro horas em cima do palco por 11 dias praticamente seguidos. É intenso, mas ela garante que se sente realizada. A edição de 2024 trará como novidade uma releitura de suas músicas antigas e, em cada cidade, uma escola de samba será homenageada. 

Em entrevista à 29HORAS, a cantora fala não apenas de Carnaval, mas também de seu sucesso estrondoso mundo afora, de seu novo álbum focado no mercado externo e faz um balanço da carreira até agora. Confira, nas páginas a seguir, trechos dessa conversa.

O que podemos esperar da temporada de pré-carnaval “Ensaios da Anitta”?
Há muitos anos tive a vontade de fazer um bloco de Carnaval. Depois, amadureci um pouco a ideia e decidi fazer um show dos ensaios, única e exclusivamente porque me divertia demais. Eu amo show de Carnaval, axé e misturar músicas que têm a cara do verão. Para essa temporada, renovei um pouco o repertório e acredito que a galera vai curtir. Sempre gosto de incluir canções de outros artistas como Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Harmonia do Samba, Daniela Mercury e Margareth Menezes, mas esse ano farei uma releitura das minhas músicas antigas. Preciso destacar também os looks, que estão inacreditáveis, um verdadeiro sonho! Fizemos em parceria com o stylist Daniel Ueda e vamos homenagear uma escola de samba em cada dia.

 

Shows da série ‘Ensaios da Anitta’ pelo Brasil – foto Julia Bandeira

 

Está ansiosa para o Carnaval? Além dos Ensaios, o que você pretende fazer nesse período?
É o único período que escolho para estar no Brasil e me preparo com alimentação saudável e uma rotina de treinos para conseguir aguentar cerca de quatro horas em cima do palco cantando sem parar e por muitos dias seguidos. Além disso, ando com uma fonoaudióloga o tempo todo para me ajudar a não perder a voz. Não sou super disciplinada, então começo a preparação alguns dias antes. Estou doida para começar logo e para acabar logo, porque é muito cansativo e fico destruída (risos). Brincadeiras à parte, me divirto demais! Hoje escolho fazer só o que me dá prazer. Os únicos momentos em que faço shows são o verão e o Carnaval. Estou muito nessa fase de me divertir e aproveitar. Sempre falei que com 30 anos eu iria me aposentar e de fato tenho essa vontade, só não parei de fazer aquilo que eu realmente gosto.

Você tem uma visão empresarial muito forte tanto para a música quanto para outros negócios. Quem é a sua grande inspiração e como desenvolveu essa faceta ao longo dos anos?
A forma como fui fazendo tudo foi muito pela minha intuição e pelo meu estado de espírito. Se estou me sentindo confortável, gostando do lugar onde estou e do que estou fazendo, eu sigo. Se não, mudo, faço tudo diferente. Então, nunca teve muito a ver com olhar outras pessoas, mas sim com meus sentimentos e do que me dará tesão e a sensação de dever cumprido. Minha carreira inteira foi baseada nessa ideia e, hoje, a minha menor motivação é trabalhar apenas pelo dinheiro, sucesso ou para mostrar para os outros que continuo bombando e não fracassei. Antigamente, era mais tensa com tudo, mais dependente de fazer sucesso, estar no topo e ganhar dinheiro. Eu tinha essa fome. Não tenho mais essa coisa de acordar e falar ‘tenho que’. Estou mais relaxada e com um pensamento de que tenho que ser feliz e aproveitar – bem diferente da Anitta que todo mundo conhecia. Toda essa competição, comparação e busca pelo sucesso acaba deixando a gente muito tenso, quando na verdade devemos pensar em um propósito maior.

 

A cantora em Festa do Spotify – foto divulgação

 

Quais outros projetos você tem engatilhados para 2024?
Vou lançar meu novo álbum na primeira metade deste ano. É 100% de funk brasileiro, mas é em inglês e espanhol e muito focado na minha carreira fora do Brasil, não é pensado para o público brasileiro, pois já conquistei meu espaço aqui. Quero que o mercado externo conheça o ritmo. Entendo que é mais difícil por ser um estilo novo para eles, mas tenho muita paixão por esse projeto.

Como está sendo a recepção do público estrangeiro? Para você foi uma surpresa ou esse sucesso foi algo planejado?
Eu queria muito conquistar isso, mas não sabia como, então fui fazendo o que me dava prazer. Não sei se fiquei surpresa, porque sempre tive dentro de mim uma certeza de tudo. Mas fico feliz e honrada, porque muitas vezes fora do país sou tratada de uma maneira um pouco mais especial do que no Brasil, onde há muito julgamento. No exterior, aprendi o quanto o que faço tem valor e o quanto que realmente sou trabalhadora e tenho talento. Eles têm muito respeito pelas coisas que fiz, pois têm noção de que é muito difícil ser do Brasil e fazer sucesso fora. Internamente, na indústria, rola uma dificuldade e atribuo muito ao fato de ser mulher e jovem.

 

Na Final da Champions League, no ano passado – foto divulgação

 

É diferente se apresentar no Brasil e no exterior? Quais são as particularidades do público brasileiro?
O Brasil não tem igual, é o país mais caloroso que existe! No exterior a galera é mais fria, às vezes até tenho a impressão de que não estão gostando do show (risos). É diferente, eles não reagem tanto, são mais de ficar olhando apenas. Aqui nós somos intensos, curtimos, nos entregamos, pulamos, dançamos.

Hoje você é uma pessoa poliglota, fala espanhol e inglês fluentemente. Como você estuda outras línguas? Sempre teve essa facilidade e interesse?
Tenho muita facilidade. Quando era criança, frequentei a escola pública Itália no Rio de Janeiro e tinha aulas de italiano. Consigo me virar porque sempre fui muito estudiosa e tenho uma memória muito boa. Aos 10 anos, comecei a estudar inglês e, quando iniciei a carreira de cantora, quis aprender espanhol, porque ‘Show das Poderosas’ começou a tocar na Espanha. Gosto muito de me comunicar e, durante a pandemia, passei a aprender francês também.

 

No Festival Megaland, em Bogotá (Colômbia) – foto divulgação

 

Você já conquistou diversos prêmios e números superlativos na indústria da música. Tem algo que ainda almeja alcançar? Algum público estrangeiro em mente?
Para ser bem sincera, nunca tive essa vontade de ganhar prêmios. É claro que fico feliz quando ganho, é maravilhoso e gratificante, mas não condiciono minha carreira com base nisso. Não é isso que diz quem é melhor e acho que nem existe isso de ser melhor. Nunca imaginei que fosse chegar nesse nível e que estaria concorrendo ao Grammy ao lado de artistas como Beyoncé e Adele. Eu já cheguei tão longe, que não quero ter esse pensamento de que falta algo, é injusto com tudo o que já fiz e com todo o meu esforço. Existe essa pressão da sociedade, de que ‘tem que fazer mais, tem que continuar’. E eu não sei se ‘tem que’. Talvez não, já aproveitei, arrasei e agora quero fazer nada, quero só ficar com a minha família e viajar o mundo. Quero atuar mais também. Fiz ‘Elite’ na Netflix e tive um feedback incrível, muita gente elogiou a minha atuação. E foi a minha primeira vez!

Faz 10 anos que você lançou “Show das Poderosas”, que te iniciou no cenário musical. Qual balanço você faz dessa última década? Quais foram os maiores aprendizados até aqui? Qual foi o momento mais surreal da sua carreira até agora, algo que você ainda não acredita que aconteceu?
Faz dez anos do lançamento, mas antes disso já tinha três anos de carreira ralando nas favelas do Rio de Janeiro e do Brasil. Mas o hit foi, sem dúvida, uma revolução no país para a indústria musical e para as mulheres. Antes, para divulgar uma música, precisava de muito investimento. Depois de ‘Show das Poderosas’, todo mundo começou a fazer seus próprios clipes de funk e isso para mim foi uma revolução. Além disso, diria que tive outros três momentos muito marcantes na minha trajetória. Com ‘Bang’, comecei a ser aceita no mundo fashion e ganhei mais credibilidade. Antes era completamente rechaçada e, depois desse lançamento, comecei a mostrar que eu era uma artista completa. Outra revolução foi ‘Vai Malandra’, pois pessoas do mundo inteiro começaram a me procurar. Por último, com ‘Envolver’, conquistei o primeiro lugar nas paradas e expandi a minha fama internacional. Foi muito bizarra a sensação de ter o mundo falando de mim. Esses quatro momentos foram, com certeza, super surreais!   

 

Anitta e seus dançarinos na festa do Video Music Awards 2023 da MTV, em que venceu na categoria de “Melhor Clipe de Música Latina” – foto Kevin Mazur

 

Em ritmo acelerado
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