Bete Coelho traz a São Paulo peça baseada em ‘Ulysses’, do escritor irlandês James Joyce

Bete Coelho traz a São Paulo peça baseada em ‘Ulysses’, do escritor irlandês James Joyce

A atriz e diretora Bete Coelho coloca em cena os desejos femininos em sua nova peça “Molly-Bloom”, em cartaz no Teatro Unimed até o final do mês

Com mais de 40 espetáculos na carreira, Bete Coelho é sinônimo de teatro. Um roteiro cativa a atriz e diretora quando se revela, em suas palavras, “necessário e urgente para nos ajudar na reflexão das transformações da nossa existência”. Sua nova peça, “Molly-Blom”, em cartaz no Teatro Unimed até o final do mês, carrega justamente uma narrativa repleta de contemporaneidade – apesar de pertencer a uma obra de 100 anos (“Ulysses”, de James Joyce). Bete também coassina a direção, ao lado de Daniela Thomas.

“Quis levar à cena uma das personagens femininas mais icônicas da literatura moderna. A adaptação para o teatro contou com a valiosa colaboração e os conselhos do último tradutor brasileiro de ‘Ulysses’, Caetano Galindo”, conta. O ponto de partida do espetáculo é o retorno de Leopold Bloom, interpretado por Roberto Audio, a sua casa após vagar por Dublin. Sua esposa, Molly Bloom (papel de Bete Coelho), já está dormindo, ou finge estar. Ele, exausto, entra na cama com cautela para não a despertar, e dorme. Nesse momento, ela começa a refletir sobre seu casamento, seu corpo, seus desejos – muitas vezes frustrados e proibidos para uma mulher do século 20 – seu passado e a infância, passando por memórias marcantes e pelas incertezas ou certezas deprimentes do futuro.

Bete Coelho - Foto Rafa Marques

Bete Coelho – Foto Rafa Marques

 

100 anos depois, essas angústias se mantêm atuais e persistem em dialogar com o público. “Impressiona o fato de que alguns temas abordados pela personagem ainda sejam motivo de espanto e tabu, ao mesmo tempo em que certos pontos são eternos, como o amor, as contradições, o desejo e a maternidade. O que se mantém muito moderna é a maneira como tudo isso é pensado, escrito e agora falado”, analisa.

Após o fim desta temporada, o desejo é levar a peça para outras cidades. “Eu, particularmente, adoraria entrar em cartaz na minha cidade natal, Belo Horizonte, e levar a Molly para a cidade onde ela mora, Dublin, ou onde nasceu, a península de Gibraltar”, compartilha. E o leque de outros projetos para o ano é amplo: “Estamos envolvidos com textos clássicos, contemporâneos, inéditos e até um bíblico!”

 

Espetáculo "Molly-Bloom" - Foto Fernando Sant'Ana

Espetáculo “Molly-Bloom” – Foto Fernando Sant’Ana

Artista múltipla, Vera Holtz estreia a peça “Ficções”, em São Paulo, e fala de projetos no cinema para o novo ano

Artista múltipla, Vera Holtz estreia a peça “Ficções”, em São Paulo, e fala de projetos no cinema para o novo ano

Dona de uma capacidade criativa impressionante e multiplataforma há muito tempo, a atriz Vera Holtz estreia a peça “Ficções” na capital paulista e não descarta as inúmeras possibilidades do acaso e da intuição em sua recheada carreira

Sobre um palco iluminado, ao som imponente de um único violoncelo, Vera Holtz se permite assumir qualquer forma. Ali ela vira bicho. Vira planta. Vira objeto de cena, matéria-prima teatral, ferramenta do espetáculo. Canta, recita, seu corpo e sua voz em movimento, ressoando. “Nessa artesania preciosa que é o teatro, sou um instrumento”, explica a atriz, que hoje investe toda sua versatilidade em cena, na peça “Ficções”, em cartaz no Teatro FAAP, em São Paulo. Com texto e direção de Rodrigo Portella, o monólogo livremente inspirado no best-seller “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade”, de Yuval Noah Harari, propõe reflexões a respeito da evolução humana e suas ilusões. “Aqui versamos sobre a capacidade do ser humano de criar e crer, além das consequências, nas ficções que cria.”

Vera Holtz - Foto Ale Catan

Vera Holtz – Foto Ale Catan

 

Com 69 anos de idade e quase 50 de carreira, Vera bem entende dos poderes de uma força criativa pulsante. Nascida e crescida nas bordas de Tatuí, no interior de São Paulo, fez de sua capacidade imaginativa uma plataforma propulsora. Aos 20 anos, pôs a casa e o acaso na mala e se mudou para a capital. Formou-se nas Artes Plásticas, Dramáticas e nas da reinvenção. De lá para cá, adicionou 55 peças teatrais, 28 filmes e 40 produções televisivas no currículo, viveu personagens icônicas em telenovelas premiadas e angariou seus 1,2 milhão de seguidores no Instagram, na pele da “Vera Viral”, uma “entidade criativa, fotográfica e crítica que se apropria das redes como forma de expressão”. Em fotografias superproduzidas de cunho crítico, reflexivo e incrivelmente cênico, ela parece instituir às redes o teatro estático. “É como se fosse um único frame de uma esquete que a minha intuição me pede para apresentar ao público.”

Nesta entrevista exclusiva à 29HORAS, Vera recordou sua infância no interior, refletiu sobre o futuro da humanidade e de suas ficções – estejam elas dentro ou fora das telas –, elucubrou sobre o papel das redes sociais na opinião pública e deu detalhes sobre suas futuras produções. Confira a seguir trechos dessa conversa:

Foto Ale Catan

Foto Ale Catan

 

Você nasceu e cresceu em Tatuí; depois, se mudou para a capital; e, agora, flui entre SP e Rio. Que memórias você carrega dessa infância no interior? Há algo de Tatuí que permanece na Vera cosmopolita de hoje? Onde, hoje, se sente em casa?
Nasci e cresci entre Tatuí, Pereiras e municípios adjacentes, na década de 1950, filha da geração criativa e combativa do pós-guerra. Minhas memórias no interior são de absoluta liberdade. De sair para lavar roupa com as lavadeiras, tirar leite da vaca, comer toda fruta direto do pé. Ali aprendi tudo que sei sobre a natureza humana e o meio ambiente, naquela aldeia de ascendência italiana onde todos tinham autonomia para me criar e me instruir. Dali, aos 20 anos de idade fui para São Paulo estudar Artes Dramáticas na USP e depois segui para o Rio, onde consolidei meus contatos profissionais e minha carreira. Hoje, fluo entre todos esses pontos e percebo que esse espectro de moradia é muito amplo para mim. Eu moro em todo lugar que me acolher e me permitir criar conexões. Tenho lares em todo canto. Mas dos 60 para cá, tenho sentido aquela profecia mitológica se concretizando: dizem que os elefantes sempre voltam às origens, e eu me percebo nessa fase, de retorno.

Quando a arte entra na sua vida?
Desde cedo, eu e minhas quatro irmãs aprendemos música, no Conservatório de Tatuí. Eu estudava piano com a tia Rita, que também era professora de canto lírico, e tio Rolf, pintor de natureza morta, me incentivou a amar as Artes Plásticas. O teatro veio me capturar depois.

Por falar em teatro, você acaba de estrear em São Paulo a peça “Ficções”, inspirada no livro “Sapiens”, de Yuval Noah Harari. Como surgiu o convite para essa produção? Você já tinha contato com essa obra?
Já conhecia o livro e presenteei muitas pessoas com ele. Muito me encanta poder refletir sobre essa capacidade do ser humano de criar e crer no que cria – e sobre como isso pode influenciar o comportamento de gerações, e criar obstáculos à nossa evolução. Quando Rodrigo Portella, o diretor e roteirista, me convidou, ele não tinha nada planejado, só sabia que queria uma mulher, um Sapiens fêmea, para contar essa história e provocar essa reflexão. Aceitei de cara.

Aliás, aproveitando o ensejo da peça: a que rumo caminha a humanidade? A quais ficções estamos submetidos hoje?
Tudo que nos cerca, e não é natureza, é ficção, criação do ser humano. Religiões, leis, idiomas, o nome de todas as coisas e todas as ideologias: são todas ordens imaginárias que criamos e em que cremos coletivamente. Acredito que, hoje, estamos em um momento de ruptura. No caminho para transformação de vários dos nossos sistemas de crenças. Não sei ao certo a qual destino esse caminho nos levará, mas creio que a evolução é o motor.

Vera reproduz cenas da peça "Ficções", com direção de Rodrigo Portella - Foto Ale Catan

Vera reproduz cenas da peça “Ficções”, com direção de Rodrigo Portella – Foto Ale Catan

 

Você já antecipou que, logo após “Ficções”, pretende partir para mais um projeto no teatro: uma peça-adaptação da obra “Finnegans Wake”, de James Joyce. Como você escolhe as peças e os papéis aos quais se lançará?
Por incrível que pareça é minha intuição quem escolhe. Antes de tomar qualquer decisão, eu sempre peço um tempo para sentir o que aquele trabalho espera de mim e se é realmente de mim que ele espera algo. Sou flexível, porém rigorosa. Gosto de receber a proposta e deixá-la em efervescência. Se essa obra permanecer reverberando dentro de mim nos dias que se seguirem, eu sei que devo acolhê-la. Se ela não se fixar, prefiro deixá-la ir. E não há problema algum nisso. Os papéis têm vida própria. Se eu não os puder vestir, eles vão caber em outro alguém. Há tantos talentos neste país!

Aliás, de Mãe Lucinda (em “Avenida Brasil”) a Candê (em “Passione”), são muitas as faces que você vestiu ao longo desses mais de 40 anos de carreira. Você costuma pegar para si características das personagens que interpreta? De que forma essas ficções se unem para compor a Vera real?
Na realidade, acho que ao invés de me emprestarem características ou comportamentos específicos, as personagens que vivo me expandem. Existem infinitas possibilidades de dinâmicas emocionais a serem atingidas pelos seres humanos, que vão desde a depressão profunda até a euforia. Eu sinto que meu trabalho me permite fluir por essa linha, em todos os seus níveis e espectros. Cada persona me exige um estado psíquico, social, filosófico e técnico diferente, e, através dela, vou expandindo meu repertório humano – afinal, a humanidade é a matéria-prima do meu trabalho. Em “Mulheres Apaixonadas” (2003), por exemplo, vivi a Santana, uma mulher alcoolista, que tinha que lidar com a solidão de seu vício e tudo que derivava dele. Em “A Lei do Amor” (2016), tomei a pele de uma assassina, e precisei mergulhar em seu interior para racionalizar o que motivava seus crimes. No fim, minhas personagens são um exercício de empatia tremendo. Acho que esse é o grande legado que elas deixam para a Vera daqui de fora.

Nos últimos anos, você também se destacou por sua atividade nas redes sociais. A Vera Viral foi um hit! Como e por que surgiu esse projeto? De onde vêm as inspirações para essas criações?
A Vera Viral é uma entidade própria, que age em seu próprio tempo e à sua própria ordem e gosto. Eu não mando nela, ninguém manda. Ela aparece quando a intuição pede, quando uma ideia vem, quando uma imagem se forma na minha cabeça e eu preciso que ela seja expandida para além de mim, nas redes sociais. Aliás, ela nasceu nas redes e quer permanecer ali. Ela não produz a todo momento, não segue a lógica da correria que a internet quer impor. Nela, encontrei uma forma de colocar em prática toda a capacidade criativa que deixo guardada aqui desde a faculdade de artes plásticas. As inspirações? Elas vêm do mundo, do noticiário, das ruas, de quem está ao meu redor. Nunca sei quando e como essa personalidade vai se expressar, ela só aparece. Acho que é por isso que ela fez tanto sucesso. Por isso e pela nossa produção primorosa, que fica a cargo dos talentosíssimos Renato Santoro (o fotógrafo), Charles Asevedo e Evaldo Mocarzel, que é quem titula as obras.

 

Produção fotográfica da "Vera Viral" no Instagram - foto reprodução | Instagram

Produção fotográfica da “Vera Viral” no Instagram – foto reprodução | Instagram

 

Na sua opinião, como as redes sociais ajudam – ou atrapalham – o trabalho de um artista hoje?
Mais que um obstáculo ou uma dádiva, as redes sociais são, para mim, uma forma de se ler o mundo. Assim como um livro, um telejornal ou uma novela, a internet é uma janela para a realidade. E das poderosas, pois condensa todo tipo de gente, todo tipo de informação e todo tipo de crença. As redes sociais criam contratos de pensamento para além da realidade – veja as ficções de Harari aqui, novamente (risos) –, que influenciam, sim, a arte e o trabalho dos profissionais da área. Não podemos nos manter alheios a isso. Hoje não se lê mais tanto quanto antes: preferem-se os caracteres rápidos. Também não se tolera muito a monotonia: é preciso que os diretores audiovisuais escrevam capítulos mais dinâmicos, pensem em enquadramentos mais atrativos e desenvolvam conteúdos mais cativantes ainda. A arte tem se adaptado a esse novo combinado social e seguido seu rumo.

E quanto à TV? É um desejo voltar às telinhas? Aliás, como você tem percebido o mercado televisivo com a chegada dos streamings? Para você, qual é o futuro das telenovelas nacionais?
Para ser bem sincera, o que tenho engatilhados são trabalhos cinematográficos, já em vias de lançamento. Em fevereiro, sai pela Roseira e pela Kinossaurus Filmes, “Tia Virgínia”, um longa com direção de Fabio Meira, que encabeço ao lado de Louise Cardoso e Arlete Salles. Mais para frente, também lanço com a O2 Filmes o documentário ficcional “Quatro Irmãs”, de Evaldo Mocarzel. Aqui, revivemos a história da minha família, nos arredores de Tatuí. Quanto ao retorno às novelas, não sei ao certo quando virá – mas também não acho que esse tipo de narrativa esteja fadada ao esquecimento. Na verdade, sinto que o mercado se beneficiou bastante com a chegada do streaming e seus formatos inovadores, que podem muito bem ser aplicados à TV aberta. Vejo que as novelas, clássicas, como conhecemos, nunca morrerão. Tivemos aí “Pantanal”, uma produção tão diferenciada, com seu próprio ritmo narrativo, que conquistou o Brasil justamente por essa pureza e liberdade. Para mim, enquanto houver alguém criando e disposto a se dedicar às novelas, elas resistirão, com público cativo.

Bom, e depois de tantos trabalhos renomadíssimos, papéis inesquecíveis e prêmios, o que Vera ainda sonha realizar?
Eu nunca fui uma pessoa de criar expectativas. Acho a coisa mais linda quem tem seus sonhos da vida. Mas eu nunca fui assim. Sou uma pessoa motivada. Quando algo vem a mim, mergulho por inteira naquilo, no presente. Não me atrai pensar no amanhã. Estou sempre aqui e agora. O acaso me basta.

Multitalentosa, Lucy Alves brilha como atriz na novela ‘Travessia’ e, na música, faz sucesso com seu mix de forró e pop

Multitalentosa, Lucy Alves brilha como atriz na novela ‘Travessia’ e, na música, faz sucesso com seu mix de forró e pop

Artista de múltiplos talentos, Lucy Alves fecha 2022 em um momento mais do que especial da sua vida, consolidando sua carreira musical e, como atriz, protagonizando a novela exibida no horário mais nobre da tv brasileira

Nascida em João Pessoa há 36 anos, a pequena Lucyane Pereira Alves chamava a atenção desde os 4 aninhos de idade com seu talento ao tocar violino no Projeto Formiguinhas, na Orquestra Infantil da Paraíba e na Camerata Izabel Burity. Em 2013, tornou-se nacionalmente conhecida ao brilhar com sua voz e sua sanfona no “The Voice Brasil”.

De lá para cá, muita coisa aconteceu em sua trajetória profissional, que não mais se limita à música: atualmente, a linda e arretada Lucy Alves entra toda noite na casa de milhões de brasileiros interpretando a corajosa Brisa protagonista da novela “Travessia”, da TV Globo.

Lucy Alves - Foto Luciana Izuka

Lucy Alves – Foto Luciana Izuka

 

Vivenciando um período absolutamente especial em sua jornada, ela abriu espaço em sua atribulada agenda de gravações para falar de seus projetos, de sua música, de fake news, das coisas boas que deseja para todo mundo em 2023 e da representatividade que sua presença em um papel de destaque agrega à principal novela da TV. “Precisamos nos reconhecer na TV, no cinema, na música e mostrar a cara desse país tão grande e diverso.”

Veja os principais trechos da entrevista que ela concedeu à 29HORAS:

Há menos de 10 anos, o Brasil te descobriu, no “The Voice” de 2013. De lá para cá, você lançou quatro álbuns, se apresentou duas vezes no Rock in Rio, foi indicada ao Grammy Latino, entoou na Marquês de Sapucaí o enredo da Imperatriz Leopoldinense, fez teatro, estrelou uma minissérie na Netflix e atuou em cinco novelas. E no final deste mês vai ser a convidada especial de Roberto Carlos em seu especial natalino. Lá atrás você conseguia imaginar que tudo isso um dia fosse acontecer?
Não imaginava tantas conquistas desse nível, dessa dimensão. Meus caminhos foram sendo construídos de uma forma fluída, mas claro, sempre querendo produzir e fazer o que mais amo que é arte. E aí tudo foi se conectando. Viver fazendo o que gosto é muito prazeroso e não há limites quando há desejo e sonhos. Sigo construindo e sonhando.

 

Lucy Alves como cantora e sanfoneira no "The Voice Brasil" (2013) e - Foto TV Globo | Divulgação

Lucy Alves como cantora e sanfoneira no “The Voice Brasil” (2013) e – Foto TV Globo | Divulgação

 

O que ainda te falta, já que, com apenas 36 anos, você já coleciona mais realizações do que artistas com décadas de carreira? Qual o seu sonho ainda não concretizado? Quem são seus grandes ídolos na música e nas artes dramáticas?
Pretendo fazer filmes, produzir trilhas e fazer concertos pelo mundo. Gostaria de roteirizar, atuar, cantar e produzir algum filme qualquer dia também. Eu amo nossos artistas brasileiros acima de tudo, então sempre tive muita paixão por Gilberto Gil, Gal Costa, Bethânia, Luiz Gonzaga e Sivuca. Michael Jackson, Stevie Wonder e Rosalía são outros que amo. Da nova geração aqui do Brasil, eu adoro o trabalho da Agnes Nunes, Xamã e Glória Groove. Fernanda Montenegro, Glória Pires, Marieta Severo e Antônio Fagundes são referências fortes na dramaturgia para mim. Na real, muita gente me inspira.

 

Lucy como atriz ao lado de Domingos Montagner em cena da novela "Velho Chico" (2016) - Foto Estevan Avellar | TV Globo

Lucy como atriz ao lado de Domingos Montagner em cena da novela “Velho Chico” (2016) – Foto Estevan Avellar | TV Globo

 

Nesse exato momento, você se sente mais atriz ou mais cantora? Se mais para a frente na sua trajetória profissional você tiver que optar por um desses dois caminhos, já tem alguma ideia de qual será a sua escolha? Ou você acredita que essas duas carreiras podem seguir em paralelo, indefinidamente?
Não consigo mais dissociar uma coisa da outra, na verdade. Sou uma artista de múltiplas possibilidades. Amo cantar, compor, fazer shows e adoro atuar também. Vivo experiências de vida nunca tidas nas novelas. Isso me faz crescer imensamente. Não me vejo escolhendo um ou outro. Eu sou os dois.

 

Em alguns trabalhos, aliás, você teve a oportunidade de exercitar esses seus dois talentos, como na peça “Nuvem de Lágrimas”, na minissérie “Só Se For Por Amor” e até na sua participação com leoa em “The Masked Singer”. Essa é a sua praia, é onde você se sente mais à vontade? Ou é apenas mais uma possibilidade profissional? Fale um pouco mais de como foi a experiência de atuar e cantar em “Só Se For Por Amor”.
Foram trabalhos onde pude usar muitas das ferramentas que carrego comigo. Eu gosto disso porque tenho a oportunidade de fazer as coisas que eu mais amo de uma só vez! Estar em “Só Se For Por Amor”, na Netflix, foi muito lindo. Trata-se de uma série bem brasileira com muitos talentos diferenciados envolvidos. Foi doce, leve e uma homenagem ao Brasil.

 

Lucy como atriz, cantora e sanfoneira na minissérie "Só Se For Por Amor (2022), da Netflix -Foto Netflix | Divulgação

Lucy como atriz, cantora e sanfoneira na minissérie “Só Se For Por Amor (2022), da Netflix – Foto Netflix | Divulgação

 

Você surgiu como sanfoneira, mas pouca gente sabe que você é formada em música e sabe tocar mais de dez instrumentos, como violino, piano e guitarra. Na sua autoavaliação, em qual deles você manda melhor? Em qual deles você imagina uma música quando está compondo, quando está sonhando?
Eu amo tocar instrumentos. Por muito tempo gostei muito mais de tocar do que de cantar. Eu acho que mando muito bem no bandolim, no baixo e na sanfona. Sinto muito prazer e realmente acho que mando bem. Adoro compor no piano e no violão. Sempre procuro esses dois e, depois da música pronta, vejo em qual outro instrumento ficaria mais interessante.

Você despontou nacionalmente como uma forrozeira bem “raiz”, apostando numa sonoridade tradicional e em clássicos do gênero. Mais recentemente, vem investindo em canções mais pop, com toques de piseiro e até de música eletrônica. Para onde caminha o forró, a seu ver?
O forró hoje ganhou grandes proporções e faz parte da música pop brasileira. Tive a oportunidade de viver seu lado mais raiz, com o grupo musical que tinha com a minha família o Clã Brasil, e hoje também canto e toco o forró do meu jeito, com todas as influências que absorvo por aí. O forró, assim como o samba, é um gênero forte que sempre terá a sua batida inicial mantida. Variações sobre ele sempre surgirão, afinal o novo sempre vem. Mas fico feliz com o espaço, com o reconhecimento e com o momento que o forró vem vivenciando. É um gênero muito brasileiro e representativo da nossa gente. Espero que ele ganhe fortemente o mundo, assim como o funk, por exemplo, que vem rompendo barreiras.

Em “Perigosíssima”, o álbum que você lançou em meados deste ano, você interpreta canções que revelam uma mulher independente, quente, empoderada e livre. Você também é assim, ou é mais um personagem?

Sou total “Perigosíssima”! Uma mulher assim muitas vezes é considerada um “abuso” diante da sociedade. Eu sou dona das minhas vontades e decisões, sou independente, faço o que quero e cada vez mais me utilizo disso tudo para ser empoderada e livre nesse mundo machista, misógino e, muitas vezes, repressor. Seguimos em frente!

E na TV, agora como a Brisa da novela “Travessia”, você acredita que tem algo de seu na personagem? O que a Lucy e a Brisa têm em comum?
Acho que ambas somos mulheres corajosas, destemidas, fortes e doces.

Lucy e Chay Suede em cena da novela "Travessia" rodada nos Lençóis Maranhenses - Foto Matheus Marques | TV Globo

Lucy e Chay Suede em cena da novela “Travessia” rodada nos Lençóis Maranhenses – Foto Matheus Marques | TV Globo

 

Na sua opinião, a sua presença como protagonista na principal novela do horário nobre é mais um ‘statement’ da Globo pela diversidade? Estava faltando Brasil na TV brasileira, tão rica em estrelas e galãs com traços europeus?
Acho que estava faltando mais Brasil na telinha, sim. Que bom que há esse movimento pela mudança. Precisamos nos reconhecer na TV, no cinema, na música e mostrar a cara desse país tão grande e diverso. As pessoas precisam ver que é possível. Estar na novela, nesse horário, significa falar para muita gente, e eu me sinto feliz de poder representar tantos e tantas.

Como você reage às ofensas que vêm sendo direcionadas aos nordestinos pelas pessoas que não se conformam com o resultado da eleição para Presidente da República, por exemplo?
Muito triste. O preconceito sempre existiu e, atualmente, vimos muitos que também tinham preconceito velado se expor. Ainda é uma realidade. Nós, nordestinos, ainda sofremos preconceito pelo sotaque e por vir de onde viemos. Essas atitudes só ratificam que uma nova mentalidade no nosso governo era urgente. Não dá para apoiar esse tipo de pensamento porque nós aqui queremos inclusão, amor, igualdade e não-violência. Seguimos lutando.

Lucy Alves em imagem produzida para o encarte de seu álbum "Perigosíssima" - Foto Marcelo Zilio | Divulgação

Lucy Alves em imagem produzida para o encarte de seu álbum “Perigosíssima” – Foto Marcelo Zilio | Divulgação

 

Voltando à novela mas também mantendo um pé na nossa realidade o que você acha que as fake news têm de mais perigoso e de mais danoso?
As fake news têm o poder de arruinar vidas e nos mantêm aprisionados em bolhas de inverdades, incitando a ignorância. Nosso país ainda está aprendendo a lidar com esse tipo de situação, que é uma realidade no mundo todo. Na minha opinião, só a educação e a busca incessante por fontes verdadeiras de notícias podem amenizar esse caos. Vivemos um novo momento e, de fato, uma “Travessia”. Acho que o ponto alto desse folhetim é alertar as pessoas do que não fazer, e como é importante estarmos atentos a esse novo momento para não alimentar novos desastres.

E o que você acha da imprensa sensacionalista que persegue celebridades, invade a privacidade dos famosos e expõe sua intimidade?
Acho muito triste para quem é vítima disso. Temos que ficar vigilantes 24h e às vezes nos privar de certas ocasiões para não sermos meros alvos de cliques sedentos por views, mesmo que custe a felicidade de alguém. O bagulho é louco. Vivemos com cautela exacerbada.

Nesses tempos de intolerância, divisão e polarização mas também de reflexão e de ponderação quais são os seus anseios para 2023? O que você deseja para o Brasil e para o mundo neste novo ano que logo mais se inicia?
Eu sou muito esperançosa de ver um mundo mais inclusivo e justo para todos. Queremos liberdade para ser quem somos, e poder aproveitar a vida da melhor maneira, sem medo, sem guerra, sem fome, sem injustiça. Queremos paz.

Por fim, gostaria que você tentasse explicar para as suas milhares de fãs qual é a sensação de terminar o ano sendo cortejada pelo Rei Roberto Carlos em rede nacional e ser também disputada toda noite pelo Chay Suede e pelo Rômulo Estrela?
Hahahaha! Estou muito bem mesmo. Cantar com o Rei Roberto Carlos é um sonho, e fecho 2022 com chave de ouro! Foi um ano muito, muito bom para mim! Para além de dois pares gatos e cheirosos [risos] ganhei dois amigos sensacionais. Brisa passa muito bem e Lucy também está feliz.

 

Lucy Alves - Foto: Luciana Izuka

Lucy Alves – Foto: Luciana Izuka

Atriz Laila Garin reverencia sua brasilidade em “A Hora da Estrela”, musical inspirado na obra de Clarice Lispector

Atriz Laila Garin reverencia sua brasilidade em “A Hora da Estrela”, musical inspirado na obra de Clarice Lispector

Metade baiana, metade francesa, Laila agora experimenta o frescor do desconhecido no musical com direção de Marcelo Caldi e trilha sonora de Chico César

Sobre um palco à meia luz, a atriz Laila Garin conta, nas palavras dela, “a história dos invisíveis”. Após quase 30 anos de carreira vivendo personagens ilustres nos palcos e nas telas – de Elis Regina a Edith Piaf, nas séries “Elis, A Musical” e “Hebe” –, ela agora experimenta o frescor do desconhecido no musical “A Hora da Estrela”. Com direção de Marcelo Caldi, trilha sonora de Chico César e enredo inspirado na obra homônima de Clarice Lispector, a peça narra a trajetória da migrante alagoana Macabéa, quando exposta a um Rio de Janeiro cruel e preconceituoso.

“Este é um canto que poderia ser meu, de minha mãe e de tantas outras nordestinas que caminham por aqui, despercebidas”, reflete a multiartista que, filha de mãe baiana e pai francês, revela ter emprestado muito desse seu DNA híbrido à personagem. “Eu me sinto, na mesma proporção, solar como a Bahia e melancólica como os dias na França. E Macabéa é exatamente isso: o equilíbrio singelo entre o penar e o sorrir.”

 

Laila Garin | Foto Nana Moraes

Laila Garin | Foto Nana Moraes

 

Na voz de Laila, essa tragédia clariceana ganha a musicalidade do samba, do xote, do rock e do maracatu, e extravasa dos palcos às plataformas digitais no álbum “O Canto de Macabéa”, lançado em março deste ano e já com mais de 50 mil visualizações no YouTube. “O sonho é, no futuro, transformar o CD em show ao vivo e percorrer o Brasil em turnê duo com o gênio e compositor da peça, Chico César.”

Neste mês, Laila viaja, na pele de Macabéa, em curtíssima temporada pelo sul e sudeste do país. “Vamos passar por Porto Alegre nos dias 14 e 15 de maio, e, depois, seguimos para apresentações únicas nas cidades de Taquara (RS), Belo Horizonte e Florianópolis. A ideia é espalhar essa joia literária que Clarice colocou em nossas mãos e que diz tanto sobre empatia e amor, ensinamentos tão necessários nestes tempos de intolerância.”

Após sucesso no Brasil, a atriz Maria Fernanda Cândido conquista o mundo com papéis em filmes de Hollywood e da Europa

Após sucesso no Brasil, a atriz Maria Fernanda Cândido conquista o mundo com papéis em filmes de Hollywood e da Europa

A atriz vive grande fase no cinema e no streaming internacional, não abre mão de projetos no Brasil e faz parte de reflexões sobre desejo, movimento, mudanças e a vida contemporânea

O desejo é desorganizador e faz as coisas saírem do controle. É como o movimento, nos tira de um lugar, nos joga em outro. Caminha à procura de um objeto – aquilo ou alguém que sabemos o que é, e não sabemos mais logo depois. A curiosidade e a sensibilidade de entender quem se é e o que se quer, é um pouco o que a atriz Maria Fernanda Cândido, natural de Londrina, no Paraná – mas cidadã de muitos lugares – tem mostrado em cada projeto a que se propõe.

Essa busca subjetiva se materializa no documentário “O Incerto Lugar do Desejo”, de Paula Trabulsi, que conta com narração e atuação de Maria Fernanda – e agora está disponível no streaming do Petra Belas Artes. A produção traz a atriz no papel de Ana Thereza, que é o ponto de partida para que os entrevistados abordem o objeto principal: o desejo, e suas formas e possibilidades de crescimento, ascensão e, além disso, de que maneira ele pulsa em todos nós.

 

Foto | Lucas Seixas

 

Desejo é assunto de muitos. Filósofos, psicanalistas, neurocientistas, atores, antropólogos, linguistas. Assim como muitos outros temas, que atravessam a vida contemporânea. É preciso ter um espaço para discutir e debater tudo isso. Com esse propósito surgiu a Casa do Saber, em 2004, – instituição da qual Maria Fernanda é sócia e curadora do ciclo de Leituras Dramáticas. “Fiz faculdade de Terapia Ocupacional, mas lá sentia a necessidade de me aprofundar em temas como filosofia, então junto a amigos pagávamos por aulas e leituras com um professor”, conta.

Desse grupo, vieram outros amigos, parceiros e professores. “A Casa do Saber, hoje, é um espaço de disseminação de conhecimentos, e busca se aprofundar no diálogo acessível e plural que envolve as diferentes formas de se pensar a vida e a sociedade”. Com a pandemia, os cursos e as produções digitais foram ampliados, na Casa do Saber +, a plataforma de streaming do espaço. Entre aulas sobre neurociência e arte brasileira, por exemplo, também aparecem conteúdos muito especiais, como a minissérie “Infinito Brasileiro”, com Gilberto Gil. Agora, a Casa do Saber já chega a quase meio milhão de seguidores no Instagram.

 

Foto Lucas Seixas

Foto Lucas Seixas

 

Abismo de si

Maria Fernanda Cândido faz muitos mergulhos. “Escolho papéis que falam de alguma forma comigo, o que me norteia nessas escolhas são as personagens, os projetos”, reflete. Ler “Paixão Segundo GH”, livro de Clarice Lispector, de 1964, é, sem dúvida, uma imersão, ficar submerso. É se deparar com um enredo aparentemente banal, à primeira vista. Depois entender que é uma história sobre o pensar e o sentir, uma viagem por dentro da subjetividade da protagonista-narradora, GH, que decide fazer uma limpeza geral no quarto de serviço de seu apartamento, depois da demissão da empregada doméstica, Janair.

Com estreia prevista para este ano, o longa “A Paixão Segundo GH”, inspirado no clássico homônimo e dirigido por Luiz Fernando Carvalho, propõe um retorno à obra, com a atriz no papel principal – na verdade, ela é o elenco. “Foi abismal, uma experiência marcante, mas é importante destacar a relação com a empregada, a Janair, que me parece crucial nesse livro, uma verdadeira ponte para a imersão de GH em si”, enfatiza.

Isso porque, ao adentrar o desconhecido, a patroa desenrola o enredo. “O quarto da empregada é o lugar que ela desconhecia no universo de sua própria casa, isso diz muito. Clarice propõe um mergulho nos aspectos sociais, tradicionais na formação da nossa sociedade… isso nos anos 60, e é muito atual. Ainda há espaço para as reflexões da autora hoje, por isso esse filme é tão importante.”

E ainda virão outros. 2022 é período de muitas estreias, como o longa italiano “Bastardos a Mão Armada”, de Gabriele Albanesi, e “Vermelho Monet”, de Halder Gomes, rodado em Lisboa, Paris e Londres, que também estão entre os projetos com a atriz que chegam ao público neste ano.

 

Em “Bastardos a mão armada” | FOTO FRANCESCO MARINO

 

Embarque certo

Entre filmes produzidos em diferentes partes do mundo, Maria Fernanda reforça seu lugar incerto, do movimento, ao mesmo tempo que se coloca como corpo e voz do Brasil, de suas raízes. “Tenho uma mala de mão sempre pronta”, conta. Na prática, são duas residências, em Paris e em São Paulo – para os testes e filmagens na Europa e aqui. “Mas nos últimos tempos, por causa de todos esses projetos, tenho ficado pouco em cada uma delas.” O grande momento internacional da atriz talvez tenha se evidenciado em “O Traidor”, longa italiano dirigido por Marco Bellocchio, lançado ao público em 2021 e muito visto e aplaudido mundo afora. O filme foi indicado à Palma de Ouro de Cannes. Por sua interpretação de Maria Cristina, Maria Fernanda Cândido recebeu o prêmio de melhor atriz no Kineo Awards, em Veneza, e no Prêmio das Nações, do Festival de Taormina, na Sicília, além de ter sido uma das atrizes elegíveis ao Bafta, uma das mais importantes premiações do entretenimento mundial.

 

Maria Fernanda Cândido no filme “O Traidor” | FOTO MARCIO AMARO

 

O longa conta a história de uma guerra generalizada entre os chefes da Máfia Siciliana pelo controle do tráfico de heroína. Tommaso Buscetta, um integrante de alto escalão, foge para se esconder no Brasil e a trama se aprofunda. “Trabalhar com Marco Bellocchio foi algo especialíssimo. Ele é um dos grandes diretores do nosso tempo, do mundo. Sua forma de fazer cinema, de criar é genuína. É até difícil elencar o que foi mais intenso dessa experiência para mim.”

 

Fantástica e latina

Com essência no teatro e no cinema, é inevitável que, hoje, o trabalho de Maria Fernanda também tenha chegado nos streamings. A atriz está confirmada na segunda temporada da série “El Presidente”, um dos grandes sucessos da Amazon, que é inspirada na vida do ex-presidente da FIFA João Havelange. Sua estreia no streaming é interpretando Anna Maria Havelange, esposa de Havelange, que é vivido pelo ator português Albano Jerónimo. As filmagens já foram iniciadas no Uruguai e o brasileiro Du Moscovis também está no elenco.

Os projetos são mesmo diversos, furam as bolhas, chegam a muitas pessoas, a grupos diferentes. E, agora, todo o trabalho da atriz se evidencia na participação em “Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore”, que é um dos longas mais aguardados pelo público para 2022 – com estreia para abril. Maria Fernanda vive a bruxa Vicência Santos. “Foi a primeira vez que meus filhos se despediram de mim alegres, diziam ‘vai lá, mamãe’, felizes”, lembra. Os adolescentes estão empolgados para ver a mãe nas telonas, ao lado de Eddie Redmayne e Jude Law, dentro do universo de Harry Potter e de J.K Rowling, assim como todo o país e os fãs dos bruxos.

 

A atriz no papel de Vicência Santos, no longa “Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore”, produção derivada da saga Harry Potter | FOTO JAAP BUITENDIJK

 

“Não imaginava! Quando fiz o teste, ainda não sabia ao certo como seria o roteiro e o papel, foi uma grande alegria! Os filmes já faziam parte da nossa família, da nossa história, e a Vicência é muito potente, representa os bruxos do mundo latino, fala um pouco com todos nós”, antecipa.

A energia criativa e pulsante de Maria Fernanda Cândido, em tantos trabalhos, inspira um ano mais ativo, para fora, com encontros pelo mundo e novas ideias efervescentes, além de mudanças necessárias que precisam acontecer. “2022 é uma oportunidade para fazermos um estudo, estou confiante de que será um período decisivo para melhor, com eleições no país e mais enfrentamento à pandemia.”