Pioneira e tricampeã mundial, a kitesurfista Bruna Kajiya é voz ativa na luta por igualdade de gênero no esporte

por | nov 4, 2021 | Entrevista, Esporte, Pessoas, Pessoas & Ideias | 0 Comentários

Quando a kitesurfista Bruna Kajiya começou a competir profissionalmente, no início dos anos 2000, 90% de seus adversários eram homens. “O público usava as baterias femininas para tomar um lanche e ir ao banheiro. Era revoltante”, lembra. Foi nesse cenário incômodo que a atleta encontrou impulso para se consagrar pioneira. Surfando em estilo livre contra a corrente do sexismo, em 2017 tornou-se a primeira mulher do mundo a completar um “Backside 315” – manobra radical que combina um pouso estilizado a uma pirueta de 540º. Aos 34 anos, ela acumula títulos internacionais e é voz ativa na luta por igualdade de gênero no esporte.

Atualmente, Bruna integra a elite do circuito mundial, ao lado das brasileiras Estefania Rosa e Mikaili Sol, posto que ocupa entre celebrações e lamentos. “Já somos três mulheres representando o país em alta performance, o que é ótimo, mas ainda há muito caminho a percorrer, a começar pela equidade de salários, que ainda parece uma realidade distante”, pontua.

 

Foto arquivo pessoal / Bruna Kajiya

Bruna Kajiya – Foto: Samu Gardenas

 

“Caiçara pé na areia” crescida em Ilhabela, litoral norte de São Paulo, a atleta já competiu em Maui, no Havaí, conheceu as ondas espanholas e italianas, mas não esconde sua predileção pelos mares brasileiros. “Nós temos praias belíssimas e ótimos ventos, que podem e devem ser mais explorados. O Nordeste é, sem dúvidas, o melhor lugar do mundo para competir.”

E foi justamente nas praias nordestinas que, em outubro, ela conquistou o quarto lugar na categoria feminina do primeiro rali de kitesurfe do mundo, o Sertões. “Foram mais de seis horas de prova, em que percorremos os 500 km que separam a Praia do Preá, no Ceará, de São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte. Uma aventura insana.”

Entre os dias 10 e 14 de novembro, Bruna volta às areias cearenses para disputar a etapa final do World Kiteboarding League 2021. Apesar do desejo de ampliar a já extensa coleção de medalhas, seu propósito agora é outro: “Muito além dos prêmios, a maior vitória é ver mais meninas conquistando espaços no pódio. Agora que eu cheguei aqui, quero trazê-las comigo. Já que o kitesurfe nos permite dançar no ar, que possamos alçar voos cada vez mais altos, juntas”, finaliza.

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