Bella Campos será a inescrupulosa vilã Maria de Fátima no remake da icônica novela “Vale Tudo”

por | dez 30, 2024 | Cultura, Entretenimento, Entrevista, Lifestyle, Pessoas, Pessoas & Ideias | 2 Comentários

Ela é inteligente, talentosa e linda. Bella Campos é tudo! Escalada para o remake da icônica novela “Vale Tudo”, a jovem atriz vai interpretar a inescrupulosa vilã da trama. “A Maria de Fátima preta é o retrato do Brasil em 2025”, profetiza a mais nova estrela da constelação global

Novela de sucesso é raridade hoje em dia na TV, mas não no currículo de Bella Campos. A atriz teve participações marcantes em duas das mais exitosas produções da Globo nos últimos anos: “Pantanal” e “Vai na Fé”. Agora se prepara para o maior desafio de sua ainda breve carreira: interpretar a vilã Maria de Fátima no remake de “Vale Tudo”, com estreia prevista para o final de março.

A trama originalmente escrita por Gilberto Braga há 36 anos foi atualizada para os dias de hoje. As protagonistas, interpretadas por Regina Duarte e Gloria Pires, em 2025 serão vividas por Taís Araújo e Bella Campos. Se em 1988 Gal Costa cantava na abertura da novela “Brasil, mostra a sua cara”, a imagem mostrada agora será bem mais fiel à realidade da sociedade brasileira.

 

foto Pedro Pradella

 

E Bella se diz preparada para levar para o país todo os necessários debates sobre questões como racismo, ética, alcoolismo, ganância sem limites, machismo e violência contra a mulher. “Eu estava com sede de fazer uma personagem como essa, passei o último ano estudando e me preparando para algo assim. A expectativa é que a Maria de Fátima seja um espelho do pensamento brasileiro”, afirma a atriz.

Nascida há 26 anos em Cuiabá, Bella já virou uma cidadã do mundo, viajou a Paris, Londres, Los Angeles e Cairo para divulgar marcas internacionais como Lacoste, Burberry, Fila e Jean Paul Gaultier. Em 2025, certamente se tornará um dos rostos mais conhecidos no país — por causa de toda exposição que inevitavelmente virá a partir de sua atuação em “Vale Tudo”.

Na entrevista que concedeu à 29HORAS, Bella fala de suas expectativas para esse seu novo trabalho na TV, de sua estreia nos cinemas e de sua atuação com digital influencer — a “profissão” que é o sonho de consumo da malvada Maria de Fátima na nova versão da novela. Confira nas páginas a seguir os principais trechos dessa conversa.

Em “Vale Tudo”, você vai fazer o papel da Maria de Fátima, uma das mais perversas e odiadas vilãs da história das telenovelas. Tem noção das pauladas e ofensas que vai levar na rua e nas redes sociais?
Quando eu fui fazer o teste, já saí de casa com o peito aberto, a Maria de Fátima é uma personagem que não tem como uma atriz encarar sem estar inteira, viva e preparada para tudo o que pode acontecer. Eu me sinto muito pronta para receber todo tipo de reações. A personagem gera sentimentos nas pessoas, ela faz parte do dia a dia das pessoas. Esse é o poder das novelas, elas e o público criam coletivamente esse imaginário. E essa coisa do reconhecimento nas ruas é uma demonstração de que a nossa conexão está funcionando. Eu estava com sede de fazer uma personagem como essa, estava morrendo de vontade de interpretar alguém capaz de tomar atitudes questionáveis em nome de suas ambições, sem filtros. E que também levanta debates e discussões, além de levar diversão e alegria para o público.

 

foto Pedro Pradella

 

Quando a novela foi ao ar, em 1988/1989, você ainda nem tinha nascido. Mas você tem consciência da repercussão que essa novela teve no Brasil?
A pergunta “quem matou Odete Roitman?” sempre esteve presente na minha vida, desde criança. Quando alguém fazia algo ruim e a gente não sabia quem foi que cometeu o erro, lá em casa essa frase sempre surgia. E eu confesso que nunca havia me questionado sobre a origem dessa questão. Só agora, com todo esse burburinho sobre o remake, acabei descobrindo de onde vem esse “meme”. Ele é mais uma mostra daquilo que eu falei, sobre a criação de um repertório e de um imaginário coletivo estimulados pelas novelas. Se essa pergunta resistiu ao tempo e permanece valendo há quase quatro décadas, imagino como ela foi forte para quem participou e vivenciou toda essa adoração na época em que a novela foi exibida…

Nas últimas décadas, o mundo mudou muito e as novelas também tiveram que se atualizar. Nas três tramas atuais do horário nobre da Globo, as protagonistas são mulheres pretas. Em “Vale Tudo”, personagens que eram brancos na versão original agora serão interpretados por atores pretos. Como você enxerga essas mudanças?
Na novela original, os pretos apareciam em lugares muito estereotipados. Só havia dois personagens negros na trama: uma doméstica e um menino ladrão. A proposta agora é trazer a diversidade brasileira para a tela. Ter uma novela das nove com duas protagonistas negras mostra que somos tão capazes, que não é correto sermos relegados a papéis menores. Mas isso não aconteceu por acaso, é resultado de muita luta, muita persistência, muita resistência e muito esforço. Agora falta vermos essa mudança de chave acontecer atrás das câmeras. O mercado do audiovisual tem de se abrir também para diretores pretos, para roteiristas pretos. Nós precisamos escrever as nossas próprias narrativas, temos de assumir o comando da maneira de contar as nossas histórias.

 

Bella Campos com parte do elenco de “Vale Tudo”: Humberto Carrão, Luis Lobianco, Renato Góes, Paolla Oliveira, Taís Araújo e Alice Wegmann – foto João Cotta / TVGlobo / Divulgação

 

O racismo vai ser uma questão discutida na novela? Como vai ser a relação entre a elitista e reacionária Odete Roitman com a jovem negra Maria de Fátima?
Reduzir o racismo ao não-contato é algo vazio e simplista. O racismo se dá nas relações de poder. O racismo estrutural impede que todos tenham o mesmo acesso a determinados espaços. Mas quando nós, pretos, acessamos esses espaços, eles não deixam de ser ambientes racistas. O importante para quem é racista é que os pretos estejam ali para servir. No caso da relação entre a Maria de Fátima e a Odete Roitman isso se reproduz. Elas vão ser “parceiras” enquanto a minha personagem for útil à Odete. Ela me vê como uma ferramenta. O racismo hoje em dia está muito mais sofisticado, velado e subliminar. Existem mil maneiras de ser discriminado sem ser escancaradamente racista. A Odete Roitman não vai deixar de exercer o seu poder. Essa questão do racismo vai ser abordada na novela com muita clareza, ou melhor, com muita assertividade. Não poderia ser diferente.

 

Bella Campos em “Pantanal” com Alanis Guillen – foto João Miguel Jr / TVGlobo / Divulgação

 

Hoje nós vivemos tempos de vale tudo, com gente aplicando todo tipo de golpe: fake news, vídeos e imagens criadas por inteligência artificial para difamar, caluniar e ofender, fraudes financeiras para enganar aposentados e até a venda de remédios falsificados! Para você, até onde vai o “vale tudo” na busca de atingir um objetivo?
Eu acho que esses golpes e essas mentiras sempre existiram. De outras formas, mas estão por aí há muito tempo. Para a gente atingir um objetivo, o mais importante é uma questão interior, é dar o seu melhor, é dedicar toda a sua força mental e física para chegar aonde você quer. A maior preocupação deve ser fazer bem tudo o que está ao seu alcance, o que você pode controlar. Pisar nos adversários e rivais, a meu ver, é dar uma demonstração de que você tem uma fraqueza interna, de que você não tem fé no seu taco. Para mim, o vale tudo vai até a hora em que você começa a prejudicar outras pessoas em nome do seu sucesso. Isso não é admissível.

Você tem mais de 10 milhões de seguidores no Instagram e, além de postagens de moda e beleza, usa a plataforma para estimular debates sobre temas como o empoderamento feminino e a representatividade na política. Quais os seus objetivos com essas publicações?
Nesse último ano, eu trabalhei com muitas marcas, do Brasil e do exterior. Eu gosto de fazer isso, trabalhei como modelo dos 18 aos 22 anos. Mas gosto também de mostrar nas redes sociais as várias versões que existem dentro de mim. E, agora que eu ocupo um lugar de fala que tem essa grande reverberação, acredito que seja a minha obrigação abrir espaço para esses temas que geram mais reflexão. Fico muito feliz de ver que posso incentivar outras mulheres pretas a conhecer seus direitos. Somos um dos países com os maiores índices de feminicídio. Não somos representadas de maneira justa no Congresso e nas demais posições de poder. Não recebemos os mesmos salários que os homens. Quando uma mulher toma consciência de seu poder, dificilmente ela será manipulada. O respeito, o conhecimento e o empoderamento feminino são as mais eficazes armas para desconstruir as estruturas da sociedade machista e patriarcal em que vivemos.

 

Em cena na novela “Vai na Fé” – foto Fabio Rocha / TVGlobo / Divulgação

 

Na “Vale Tudo” de 1988, a Maria de Fátima queria ser modelo, e nessa nova versão a inescrupulosa vilã sonha em ser uma influencer. Para que tipo de produto ou serviço você jamais faria uma ação de marketing nas suas redes? Você faria o publi de alguma bet (site de apostas) no seu Insta?
Eu não faço publi de nada que eu verdadeiramente não consumiria. Se eu fizer uma ação para uma cerveja, pode ter certeza de que, quando você me vir na praia tomando uma, eu estarei com aquela marca na mão. Hoje eu posso escolher a dedo as marcas com as quais vou trabalhar, e sempre dou preferência a projetos em que eu posso dar o meu olhar criativo, possa opinar na concepção estética da campanha. Gosto de fazer propaganda de produtos e serviços que estão naturalmente atrelados ao meu dia a dia e ao meu estilo de vida, de forma orgânica, sem artificialismos. Tenho consciência do lugar que eu ocupo, da potência da minha voz. E converso com um público muito jovem, tenho de ser muito responsável. Sempre levo isso em consideração tanto ao divulgar uma marca quanto nas minhas postagens de “reflexão”.

Voltando a falar sobre os seus trabalhos como atriz, recentemente você fez dois longas para o cinema. Fale para a gente um pouco das tramas e das suas personagens em “Por Um Fio” e em “Cinco Tipos de Medo”.
“Cinco Tipos de Medo” foi um trabalho muito especial, que mora no meu coração, pois foi o meu primeiro trabalho em cinema e foi rodado em Cuiabá — minha cidade natal. Minha personagem, a Marlene, é uma mulher guerreira exatamente como aquelas que eu quero alcançar com minhas mensagens de conscientização e empoderamento. Ela estuda enfermagem e namora com o traficante do pedaço (interpretado pelo Xamã), com quem vive uma relação abusiva. A violência urbana é o pano de fundo, mas o que mais me toca é que, se a arte não tivesse me tirado daquele ambiente, eu poderia ter me tornado uma Marlene.
Já “Por um Fio”, baseado num livro do Dráuzio Varella, é uma produção densa e tocante. Ela é centrada na luta de pessoas com câncer em fase terminal pela sobrevivência e pela cura. A minha personagem é namorada de um rapaz nessa situação, e o roteiro conta uma bonita história de fé, amor e esperança. Esses dois longas devem ser lançados em 2025.

 

Nas filmagens do longa “Cinco Tipos de Medo” – foto reprodução Instagram

 

Você já tem algum projeto engatilhado para depois de “Vale Tudo”?
Tenho vários projetos engatilhados, mas todos em stand by por causa da novela. Quero fazer teatro, tenho muita vontade de desenvolver uma peça. Pretendo cada vez mais me envolver em projetos que explorem meu lado criativo e autoral. O que eu posso te adiantar é que, provavelmente logo depois da novela, deve ser lançada a série “Reencarne”, uma produção de suspense sobrenatural produzida para a GloboPlay, protagonizada pela divina Taís Araújo. Eu faço uma participação no último episódio, interpretando uma personagem que cria um gancho para a segunda temporada.

Quando anunciou sua separação do MC Cabelinho, você postou nas suas redes sociais que “nós, mulheres, precisamos sempre nos explicar: se vamos casar, se vamos ter filhos, se vamos nos separar”. Então, já que você acha que sempre tem de falar nisso, me diga: quando você pretende se casar? Quer ter filhos? Quantos?
Não faço a menor ideia de quando eu vou me casar. Esse não é um dos objetivos que eu tenho para a minha vida, mas pode ser que essa seja apenas a minha opinião nesse momento. Quanto a ter filhos, isso eu sei. Quero muito e pretendo me tornar mãe ainda jovem.

Quantos filhos? Um só? Oito?
Depois do primeiro a gente conversa…

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2 Comentários

  1. Carlos Mello

    Quem não lembra daquela cena que Maria de Fátima dá o calote no taxista….kkkk….pegou a visão Sra autora e equipe do remake! ?

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  2. Carlos Mello

    Com certeza, no contexto do personagem, vai ter brigadeiro e torta, recheados de arsênio.
    Tá valendo.

    Responder
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