O artivista Mundano cria potentes obras de denúncia com tintas feitas a partir de resíduos de crimes ambientais

por | abr 22, 2025 | Cidadania, Educação, Lifestyle, Sustentabilidade | 0 Comentários

Através do artivismo, Mundano alerta sobre questões sociais e ambientais, como a crise climática emergencial que a gente vive

Fundador da ONG Pimp My Carroça e do app Cataki, destinados aos profissionais da reciclagem, Mundano também cria potentes obras de denúncia com tintas feitas a partir de resíduos de crimes ambientais, como lama tóxica, cinzas de queimadas e óleo derramado nas praias.

O que o motivou a criar a ONG Pimp My Carroça?
Foi com um grafite numa carroça que tudo começou em 2007. Nas minhas andanças por São Paulo, onde nasci, comecei a pintar as carroças de catadores e catadoras com mensagens bacanas, a ideia era dar visibilidade a quem faz esse trabalho essencial para poupar recursos naturais cada vez mais escassos. Em 2012, a ONG foi criada e desde então fazemos não só reformas e personalização das carroças por grafiteiros, em todo o Brasil, mas também programas voltados para a educação, saúde, assistência social e empreendedorismo.

E o aplicativo Cataki?
Aprendo muito com os catadores, e vi que faltava conexão entre eles e quem quer reciclar, mas não sabe como. Fizemos uma plataforma na qual todo recurso gerado é reinvestido para que eles tenham mais renda, uma solução que os inclui no sistema de logística reversa em mais de 500 cidades do país.

 

Mundano ao lado de sua obra que homenageia o professor e ativista indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, que denunciava a extração de madeira ilegal e foi assassinado em 2020 – foto Amauri Nehn

 

Qual é a importância do artivismo para você?
Assim como o trabalho do Pimp My Carroça ajuda a dar reconhecimento e remuneração justa para catadores, o artivismo tem o papel de alertar sobre questões sociais e ambientais, como a crise climática emergencial que a gente vive.

Como é o seu projeto com tintas feitas de cinzas e outros resíduos de crimes ambientais?
Em 2020, usei cinzas coletadas das queimadas de quatro biomas brasileiros (Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica e Cerrado) para fazer o meu maior trabalho, “O Brigadista”, um mural de mais de 1000 m2 em homenagem aos brigadistas das florestas. É uma releitura da obra “O Lavrador de Café”, de Cândido Portinari.

Quais são suas expectativas sobre a COP 30 em Belém?
Nós já abrigamos a ECO-92, a Rio+20, e agora a COP 30. É essencial que o Brasil, que tem um papel estratégico no mundo, consiga liderar pelo exemplo e não na mesma falácia que acontece no norte global. O Sul Global é o mais impactado, e chegou a hora de pagar a conta. Nessa hora todos os grandes emissores estão fugindo: Estados Unidos, Europa, China. Quem vai fazer o pix? Meu questionamento é que eles gastam mais em guerra do que em formas da gente sobreviver aqui na Terra.

Como vê as novas gerações? Elas serão mais ativas e engajadas?
Estou com as novas gerações, que estão pedindo para parar de destruir o futuro delas! Essa galera tem que tomar a liderança. São os jovens, as comunidades tradicionais, os indígenas. Na COP 30, a arte e o ativismo vão fazer seu papel, e acontecerá uma das marchas globais mais potentes pelo clima. Com certeza, estarei em Belém fazendo parte disso com os jovens.

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