Falecido há poucos meses, Antonio Cicero tem suas poesias musicadas por muitos artistas nacionais e, para a sorte do público, ele ainda deixou livros muito especiais
Certamente você conhece Antonio Cicero, mesmo que não saiba. Duvido que você já não tenha cantado: “Você me abre seus braços e a gente faz um país”. Provavelmente bem alto!
Cicero é autor de maravilhas cantadas por Marina Lima, sua irmã, e por outros grandes nomes da música brasileira. Eu citei “Fullgás” para o nosso começo de conversa, mas vamos lembrar outros versos. “No dia em que fui mais feliz, eu vi um avião se espelhar no seu olhar até sumir…”, com Adriana Calcanhotto. “Tolice é viver a vida assim sem aventuras”, com Lulu Santos. São muitos exemplos e muitas belezas espalhadas pelo ar.
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O compositor, poeta e escritor Antonio Cicero, imortal da Academia Brasileira de Letras – foto divulgação
Quando perguntado por que a demora em lançar um livro de poemas, Cicero disse que suas palavras estavam sendo tocadas no rádio e que não sentia falta de publicá-las. Mas para nossa sorte e imensa alegria, o poeta lançou “Guardar”, em 1996, “A Cidade e os Livros”, em 2002, e “Porventura”, em 2012. Como filósofo e pensador da cultura, temos ainda várias entrevistas incríveis especialmente reunidas no livro “Encontros”, da editora Azougue, organizado por Arthur Nogueira (compositor, poeta e parceiro de Cicero).
Gostava muito de ouvir Antonio Cicero ler poesia. Fiz uma oficina com ele há muitos anos em São Paulo e foi encantador. Para mim, o autor tinha o jeito definitivo de aproximar o leitor de um poema. Li outro dia em um dos vários artigos em sua homenagem que ele, jovem, foi flagrado por um amigo no meio da Mata Atlântica, em Ubatuba, lendo um clássico em voz alta. Imaginei a cena e tive inveja desse amigo!
Também tive duas oportunidades de gravar com ele meu podcast de literatura, o Peixe Voador. O primeiro ainda na pandemia, eu estava em uma praia de São Paulo e ele, no Rio. Rimos muito! A segunda ocasião foi em uma mesa com Maria Isabel Iorio, poeta jovem que admiro. Gravamos o podcast na Blooks, uma livraria deliciosa.
Antonio Cicero é imortal da Academia Brasileira de Letras, eleito em agosto de 2017. Notícia festejada pelo mundo da música, da canção popular, especialmente que tem entre seus letristas vários poetas. Mas aqui em casa, na rádio que toca na minha cabeça, nos discos que escolho para ouvir, ele é imortal faz tempo. Por isso começo o verão com essa sugestão de escuta. A obra é imensa! Vá ouvir Antonio Cicero e siga acordado por ele!
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