Pérolas negras da música contemporânea lançam álbuns que são verdadeiras poesias melódicas
“Num país de Ataulfos… o mínimo é ser diferente”. Disse o mestre Itamar Assumpção se referindo ao grande compositor Ataulfo Alves, autor de “Laranja Madura”, “Na Cadência do Samba” e outros clássicos. Não por acaso o autor da frase é pai de Anelis Assumpção, que herdou a inquietação e o suingue, mas que tem seus próprios predicados. Anelis traz em sua música a tão falada mistura antropofágica que ganha tons universais.
Um timbre delicioso, voz de acalanto e sexy ao mesmo tempo. Anelis Assumpção poderia só cantar se quisesse, mas também compõe. É daqui, é de São Paulo, é do mundo. Tem reggae, tem samba, tem soul, tem dub, tem aquela linha de baixo, tem tambor de terreiro, tem a originalidade dos temas: amor, sexo, família, gente que é pra brilhar. Nada óbvia, nada comum. Desses sons que se identifica ao ouvir os primeiros acordes e isso é precioso. Muito raro.

Luedji Luna, cantora e compositora baiana – foto Henrique Falci
Outra pérola negra da música contemporânea é a baiana Luedji Luna. Desde seu disco de estreia chamado “Um Corpo no Mundo”, ela tem chamado a atenção pelo timbre lindo de sua voz e pelas escolhas musicais muito ligadas à tradição do spitirual, do jazz e ao som das guitarras africanas contemporâneas. As letras são excelentes. A poesia sempre está ali ao lado das questões femininas universais e cotidianas. Luedji acaba de lançar dois trabalhos de uma vez, dois discos lindos depois de uma temporada cantando o repertório de outra grande dama chamada Sade Adu.
Destaque também nesta pequena seleção para Mahmundi – cantora, compositora e instrumentista nascida no subúrbio do Rio e que acaba de lançar mais um álbum depois do tributo ao poeta que dá nome à esta coluna. Ela foi responsável pelo projeto que juntou Anelis Assumpção, Sandra Sá, Criolo, Mart’nalia, Liniker e Zezé Motta em torno da obra de Luiz Melodia. Em seu disco de estreia foi comparada à Marina Lima pelo uso inteligente e sofisticado dos eletrônicos em seus arranjos.
Para terminar, como já cantou Paulinho da Viola, “quando penso no futuro não me esqueço do passado”, vamos juntar na mesma playlist a genial Dolores Duran, a divina Elizeth e Elza Soares. Mulheres lindas, poderosas, vozes que formam as estruturas de nossa cultura diversa e original. Boa escuta!


Correndo pra ouvir Mahmundi que é a única que desconheço dessa seleção incrível que você propõe ! Obrigada pela excelente sugestão de playlist 💙