Nuvens de gafanhotos que destroem pastagens e plantações no Paraguai e na Argentina podem causar grandes prejuízos também ao Brasil
Desde a Antiguidade, gafanhotos devastam plantações. Eles eram a 8ª praga do Egito. Por aqui, os primeiros registros datam do século 19, quando o céu de Santa Maria (RS) escureceu por causa de uma densa nuvem de insetos.
Gafanhotos da espécie “Schistocerca cancellata” normalmente vivem solitários, mas por causa de alterações climáticas na temperatura e na umidade, podem mudar para um comportamento gregário e passam a se reproduzir freneticamente. Para piorar, ficam com um apetite insaciável e devoram o que aparecer pela frente. A explosão populacional acontece também porque a agricultura e a destruição de ecossistemas eliminam sapos e pequenos pássaros, que são os predadores naturais desses insetos.
Esse fenômeno agora vem sendo observado novamente no Paraguai e na Argentina. A praga está destruindo pastagens e plantações de trigo, soja, milho e sorgo. Se não for contida, pode invadir o Uruguai e o sul do Brasil.
Em 1 km de “nuvem”, pode haver 40 milhões de gafanhotos, capazes de consumir diariamente o mesmo que 2 mil vacas ou 35 mil pessoas. As autoridades argentinas, paraguaias, uruguaias e brasileiras já decretaram situação de emergência, mas o descontrole é tamanho que não adianta pulverizar toneladas de inseticidas de alta toxicidade.
A “sorte” é que as frentes frias estão contendo a formação de novas nuvens e o deslocamento das já existentes. Para o futuro, o importante é fazer um planejamento integrado com várias providências: arar as áreas onde os últimos enxames fizeram a postura de ovos para deixá-los expostos ao sol até ressecarem; inocular fungos nas populações de gafanhotos para gerar entre eles uma “pandemia” de doença letal; aplicar pesticidas naturais que não ameacem os humanos; e recuperar a fauna de aves e batráquios que podem ajudar no controle dessa praga. Não vai ser fácil, mas não há outra saída…
Roça News
Bumba meu boi
Desde 2014, o Brasil é o maior exportador de carne bovina do planeta, com 1,9 milhão de toneladas vendidas em 2019, contra 1,4 milhão dos Estados Unidos e 1,3 milhão da Austrália. Se as taxas de crescimento da pecuária desses países mantiverem o ritmo atual, em 2025 o Brasil será também o maior produtor mundial de carne, ultrapassando os EUA. Entre 2004 e 2019, a produção brasileira saltou de 8 para 10 milhões de toneladas, e a dos Estados Unidos passou de 11 para pouco mais de 12 milhões de toneladas.
Doce recorde
A safra 2020/2021 de cana-de-açúcar no Brasil deve ser 0,1% menor do que a do ano passado. Mas a produção de açúcar deve bater um recorde, com 39,3 milhões de toneladas, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esse resultado foi impulsionado pela queda na oferta mundial com as adversidades climáticas que afetaram produtores da Ásia. Além disso, o consumo de etanol no Brasil caiu no 1º semestre devido à menor mobilidade da população em razão da pandemia. Com isso, mais cana virou açúcar e menos foi usada para gerar etanol.
Mozart na pocilga
No Rio Grande do Sul e no Paraná, suinocultores estão tocando música clássica na hora de alimentar os animais. Vários estudos atestam a eficácia dessa tática. Um deles foi conduzido pela Faculdade de Zootecnia da USP, que verificou que o “enriquecimento sensorial do ambiente” reduz o comportamento agressivo dos porcos e ajuda a obter altas taxas de engorda com baixo consumo de ração.
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