Rodrigo Simas encabeça o elenco da nova montagem de “Hair”, histórico musical que estreia este mês no Teatro Riachuelo

por | jun 30, 2025 | Arte, Capa, Cinema, Cultura, Entretenimento, Entrevista, Espetáculos, Pessoas, Pessoas & Ideias | 0 Comentários

Explorando novas possibilidades e novos desafios como ator, Rodrigo Simas encabeça o elenco da nova montagem do musical “Hair”, em cartaz até setembro no Teatro Riachuelo, e revela seu lado mais ousado, mais sério e mais intenso

“Cabelo quando cresce é tempo / Cabelo embaraçado é vento / Cabelo vem de lá de dentro / Cabelo é como pensamento”. A poesia de Arnaldo Antunes imortalizada na voz de Gal Costa diz muito sobre o cabelo, mas não diz tudo. No musical “Hair”, que abalou as estruturas da sociedade no final dos anos 1960 e agora ganha nova versão em cartaz a partir de 4 de julho no Teatro Riachuelo, cabelo também é um símbolo de transgressão, de irreverência e de liberdade.

Com longas madeixas, Rodrigo Simas encabeça o elenco dessa nova montagem do espetáculo. Aos 33 anos, o ator carioca que ficou famoso nacionalmente ao vencer o reality “Dança dos Famosos” e participar da novelinha teen “Malhação” em 2012 vem se notabilizando por papéis mais complexos que vem interpretando nesses últimos anos.

 

foto Andre Wanderley

 

“Eu sempre fui uma pessoa muito leve. Mas, desde os meus 27-28 anos, entrei num processo para me conhecer melhor. Isso fez com que eu me tornasse uma pessoa mais focada, intensa e carregada. Posso ainda ser bem tranquilo e superficial em alguns momentos, mas também tenho um lado mais profundo e denso, que venho gostando de explorar”, avisa o ator.

Em conversa com a reportagem da 29HORAS, Rodrigo fala sobre o desafio de interpretar um personagem tão icônico e rico como o Berger de “Hair”, confessa sua admiração e seu respeito pelos hippies, evita fazer grandes revelações sobre sua relação com a atriz Agatha Moreira e conta um pouco de como foi sua experiência na gravação da versão em áudio do romance “Orgulho e Preconceito” para a plataforma Audible. Confira nas páginas a seguir os principais trechos da entrevista.

Como você se sente protagonizando um espetáculo que, em sua estreia no Brasil, foi encenado por grandes atores como Antonio Fagundes, Sonia Braga, Ney Latorraca, Aracy Balabanian, José Wilker e Neuza Borges?
Está sendo uma honra, porque todos esses são profissionais que têm carreiras brilhantes e que eu admiro muito. Não imaginava que um dia eu teria essa oportunidade de interpretar o Berger, um personagem que me atravessa em vários aspectos. É um grande desafio para mim, e eu adoro desafios, gosto de me colocar num lugar vulnerável como ator e ter de encontrar soluções.

O que mais te estimula e te desafia nessa produção?
O canto, para mim, é algo muito instigante, é algo que eu estou indo atrás nesse momento. A musicalidade entrou na minha vida desde cedo, pelo caminho da capoeira, que é algo que eu trago em meu DNA [Rodrigo é filho do capoeirista Beto Simas]. É algo corporal. Já fiz aulas de canto em vários momentos da minha vida, mas nunca algo com muita profundidade e com continuidade. O último contato que eu tive com a música foi na preparação para atuar em “As Aventuras de José & Durval”. Agora, para atuar em “Hair”, que eu considero o meu primeiro musical de verdade [Rodrigo participou de montagens amadorísticas de “Grease”, “Mamma Mia” e “High School Musical” no início de sua carreira], tive três mentores: Dani Lima, com quem já venho tendo aulas há um bom tempo; Gilberto Chaves, um fonoaudiólogo fera de São Paulo, que é também professor de canto e preparador vocal; e o maestro Marcelo Castro, que é o diretor musical do espetáculo. É uma trinca poderosa que tem ajudado diariamente no meu aprimoramento.

 

Rodrigo Simas com parte do elenco da nova montagem do musical “Hair” – foto divulgação

 

Quantas vezes você já assistiu ao filme de 1979? Teve a oportunidade de ver alguma montagem da peça no Brasil ou no exterior?
Vi o filme algumas vezes e tive também a oportunidade de ver ao vivo a montagem brasileira de 2010, que foi igualmente adaptada pela dupla Charles Möeller e Claudio Botelho e tinha o elenco encabeçado pelo Igor Rickli com o Hugo Bonemer, a Letícia Colin e a Karin Hills. Fiquei muito impressionado com a força dessa tribo hippie. O filme e a peça têm a mesma essência, mas são bem diferentes. As linguagens são distintas e a adaptação para o cinema permitiu algumas pirações impossíveis no palco.

Na sua estreia mundial, “Hair” surgiu não apenas como um fenômeno ou como uma celebração da contracultura, era também um manifesto pela paz, contra a guerra do Vietnã, contra a caretice, a opressão e o capitalismo selvagem. Não acha impressionante que agora, quase 60 anos depois, o mundo esteja novamente ou ainda cheio de guerras e na mesma luta contra forças retrógradas e ultraconservadoras?
Pois é, depois de tanta mudança, voltamos todos ao mesmo lugar! Mas é por isso que eu acho que “Hair” é um espetáculo tão potente mesmo tendo sido concebido há décadas. Outro dia mesmo eu estava conversando com meus colegas da peça que o fato de sermos atores, de estarmos no palco e de sermos a favor da cultura mesmo depois de tudo que vivemos recentemente neste país, isso já é um manifesto. É de fato uma resistência e uma demonstração do quanto a arte é importante e necessária para a vida das pessoas. E o espetáculo ainda ter essa mensagem pela paz, pela liberdade e pelo amor só reforça ainda mais sua força e sua relevância nos dias de hoje.

A liberação sexual e o amor livre são duas das principais questões abordadas pela peça. Em 2023 você declarou publicamente ser bissexual. Isso facilita de alguma forma o seu trabalho de compor e interpretar o Berger, que tem uma sexualidade fluida?
Eu acho que o fato de eu ter falado disso me dá mais segurança sobre quem eu sou e isso me potencializa como ator, amplia o meu leque de possibilidades. É algo que me libera, que permite que eu seja um artista mais livre e tenha mais ousadia para experimentar e encarnar esse personagem e muitos outros. Eu fico mais à vontade e as pessoas conseguem me ver melhor no papel de alguém com o Berger.

 

Rodrigo Simas e Agatha Moreira, juntos há 7 anos – foto Fabio Rocha / TvGlobo

 

O Rodrigo gostaria de ser um hippie? Ou, melhor, você se identifica com as ideias e causas defendidas pelo movimento hippie?
Numa utopia eu gostaria, sim, de ser hippie. Mas, no mundo de hoje, ser hippie significa viver completamente à margem da sociedade. Vivemos em um sistema que cobra um preço muito alto por essa escolha. É uma opção complicada. Eu admiro quem se propõe a viver dentro desses princípios, mas precisa querer muito e ter muita convicção. Naquela época da peça, as pessoas precisavam abrir mão de menos coisas para aderir a um estilo de vida hippie. Atualmente, a gente teria que desapegar de muuuita coisa para entrar nessa.

Você e a Agatha Moreira vivem juntos há cerca de sete anos, mas em declarações recentes disseram que filhos não estão nos planos, ao menos no curto/médio prazo. Que outros projetos você tem junto com ela? Planejam atuar juntos em algum filme ou peça? Pretendem adotar um cachorro? Ou comprar um bebê reborn?
Olha, a gente vive muito o presente. Temos muita vontade de atuar juntos e temos certeza de que o universo um dia vai nos unir novamente numa novela, num palco ou em uma produção para o cinema ou para o streaming. Mas são coisas que a gente não fica planejando. Tentamos não programar o nosso futuro e levar uma vida com leveza e sem ansiedade — se é que isso é possível. A gente dá mão um para o outro sempre que eu ou ela demonstramos algum sinal de ansiedade.

Você chegou a ter contrato fixo de longa duração com a Globo, afinal esteve por mais de dez anos atuando na emissora, não? É melhor ter contrato de exclusividade ou estar sempre mais disponível para novos trabalhos?
Cada alternativa — o contrato fixo ou a ausência de vínculo de exclusividade com quem quer que seja — tem seus pontos positivos e negativos. Tive contrato com a Globo durante uns sete ou oito anos e posso afirmar com toda certeza que cresci e evoluí muito enquanto estive lá. Foi maravilhoso, fiz trabalhos que me dão muito orgulho. Quando fiz “Renascer”, já não tinha mais contrato fixo, mas foi ótimo voltar, a porta se mantém aberta. Até por causa disso, hoje eu prefiro a liberdade e estar aberto para novos projetos. Estou num momento em que eu posso dizer ‘não’ se eventualmente o personagem ou a história não me atravessam. São tantas opções no mercado, é difícil ficar atrelado a uma só produtora de conteúdo. Será que se eu ainda estivesse contratado na Globo eu teria disponibilidade e seria liberado para fazer o “Hair”, que é algo que eu estou amando?

 

O ator na novela Renascer, ao lado de Juan Paiva – foto TV Globo / Divulgação

 

E você também gravou recentemente uma versão de “Orgulho e Preconceito” para a plataforma de audiolivros Audible. Fale para a gente um pouco sobre esse trabalho.
Esse é outro projeto que eu pude fazer por estar livre para aceitar o convite. Eu já tinha assistido ao filme lá atrás, quando foi lançado, em 2005, mas essa história entrou mesmo na minha vida quando fui convidado para atuar na novela “Orgulho e Paixão”, em 2018, cuja história também é inspirada no livro de Jane Austen que deu origem ao filme. E foi justamente nessa novela que eu comecei a namorar a Agatha! Nossos personagens pertenciam ao mesmo núcleo da história. Quando a Audible me chamou, fiquei muito feliz, por seu uma trama que conheço bem. Nessa versão, interpreto um personagem que na novela foi vivido pelo Thiago Lacerda. O processo todo foi divertido e interessante, tive a oportunidade de experimentar uma nova linguagem — foi um desafio entender como é colocar toda a interpretação só na voz — e contracenar com a Julia Dalavia foi muito legal. Essa “audionovela” será disponibilizada na plataforma Audible no dia 6 de outubro.

Seus últimos trabalhos na TV foram “Renascer” (novela exibida entre janeiro e setembro de 2024) e “As Aventuras de José & Durval” (minissérie disponível na Globoplay desde agosto de 2023 e exibida na TV Globo entre outubro e novembro de 2024). Pretende voltar em breve? E no cinema e no teatro, onde poderemos te ver depois de “Hair”?
Na televisão não tenho nada engatilhado para o curto prazo. Para o cinema e o streaming eu só posso te dizer que já apareceram outros convites e possibilidades, mas este ano eu estou 100% focado em “Hair”. Ficaremos em cartaz no Rio até setembro e, em outubro, começa a temporada do musical em São Paulo, na inauguração do BTG Pactual Hall, no prédio onde funcionava o Teatro Alfa. Porém, para quem quiser me ver hoje na TV, o longa “Viva a Vida”, no qual eu contraceno com a Thati Lopes e com o Jonas Bloch, estreou há algumas semanas na Netflix.

 

Rodrigo e Felipe Simas em “As Aventuras de José & Durval” – foto Globoplay / Divulgação

0 Shares

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Share via
Copy link
Powered by Social Snap