Bartender Renata Nascimento fala sobre as previsões para coquetéis em 2025

Bartender Renata Nascimento fala sobre as previsões para coquetéis em 2025

Coquetéis com baixo teor alcoólico e toque salgado, ou elaborados com vinhos fortificados e elementos botânicos, constituem algumas das tendências do ano nos balcões 

Não vou negar: coquetéis com baixo teor alcoólico são uma das minhas tendências favoritas para 2025. É encantador o desafio de explorar graduações alcoólicas baixas em drinques, requer muita experimentação e apresenta desdobramentos surpreendentes. E, nesse sentido, posso garantir que o jerez é um perfeito aliado. Sem contar que o brilho do vinho fortificado em coquetéis desconstrói o estigma de que vinho e coquetelaria conflitam.

Para quem não sabe, o jerez é um vinho fortificado de origem espanhola, da região da Andaluzia. Uma bebida complexa e fascinante, com uma história rica e uma grande variedade de estilos, que vão desde os secos e leves, como o Fino e Manzanilla, até os doces e intensos, como o Pedro Ximénez e o Cream. A fortificação, o sistema de envelhecimento em “soleira” e a utilização de diferentes uvas fazem com que o jerez seja capaz de se entrosar bem com pratos e ingredientes variados.

 

Drinque La Fronteira – foto Ricardo D’Ângelo

 

O uso da bebida vem da curiosidade das pessoas em relação à sua acidez e aos diversos tipos de sabores. Além disso, recupera clássicos “low alcohol”, como os Bamboo e o Adonis, que são coquetéis centenários que voltaram em releituras. No Bargo, bar paulistano em que tenho o prazer de assinar a carta, temos duas adaptações desses coquetéis. O La Fronteira, uma versão do Bamboo com muitas nuances de sabor, leva jerez fino, vermute dry, água de flor de laranjeira e manteiga de parmesão, enquanto o clássico é feito com jerez e vermute com bitter de laranja. Um coquetel bem curto, fácil de tomar e com aroma espetacular. E ainda ganha pontos na tendência de coquetéis umamis ou até mesmo salgados, com camadas de sabor complexas!

Já o coquetel Colônia Cecília é a nossa releitura do Adonis, que originalmente leva jerez oloroso, vermute rosso e bitter de laranja e, na nossa adaptação, traz vermute rosso infusionado com café, jerez oloroso e licor de disaronno. Esse coquetel também enfatiza um elemento potente e cada vez mais usado na coquetelaria, que é o café.

 

 

O jerez pode ser explorado de diversas formas e não apenas em uma taça, como o vinho. É potente e ousado. Independente do time no low ou high alcohol, temos que admitir que a bebida é uma das melhores pedidas para coquetéis em 2025, garantindo equilíbrio de sabores, toques de sofisticação e nostalgia.

*Renata Nascimento é bartender e assina a carta de coquetéis do Bargo, na Santa Cecília.