Restaurantes e bares costumam lotar no Dia dos Namorados, assim é preciso inovar para impressionar o seu amor sem estresse
Inúmeras sugestões de bares, restaurantes e destinos românticos surgem para celebrar o amor neste Dia dos Namorados. Sempre tive restrições para indicar um lugar para comemorar a data pelo simples fato de que todos os estabelecimentos, e ainda mais os charmosos, ficam lotados, barulhentos e provavelmente com serviço sofrido. É preciso inovar para impressionar o seu amor sem estresse.
Se eu tivesse que escolher um restaurante para jantar nesse dia seria o velho e bom La Casserole, de frente para a banca de flores do Largo do Arouche. Sugiro ainda o primeiro serviço das 19h para fugir do pico do movimento. E, acredite, essa dica vale para qualquer restaurante. Mas para surpreender, proponho um programa que venho planejando faz um tempo! Alugar duas bikes e aproveitar a ciclovia que beira a Marginal Pinheiros para passar o dia na represa. Um passeio diurno e saudável a dois, sem pressa aproveitando algo que São Paulo nos oferece e nunca temos tempo para vivenciar.
Ciclovia do Rio Pinheiros – foto divulgação
É possível acessar a ciclovia do rio Pinheiros pelas pontes Cidade Universitária ou pelo Parque do Povo, dali cruze para o Parque Linear Bruno Covas, mais conhecido como Ciclovia Bruno Covas, pela passarela flutuante após a Usina da Traição. Uma vez no Parque Mário Covas, siga até o fim e cruze a passarela Friedrich Bayer, e pedale até a ponte do Socorro. Siga a ciclovia até chegar ao destino, o Parque da Barragem. O lugar é ideal para descansar, curtir o visual das águas da Guarapiranga e homenagear seu parceiro e por que não esticar uma toalha com o piquenique ou então atravessar o parque em sentido Avenida Atlântica.
Por ali, em uma viela super charmosa, fica o Kleine Gasse, um delicioso e autêntico restaurante alemão frequentado por toda a colônia alemã que ainda mora nessa região da cidade. O ambiente é simples e bucólico e a comida é deliciosa. Caso você exagere no chope, no vinho ou mesmo na feijoada e a preguiça bater, vá até a Estação Socorro, que fica a 2,5 km do restaurante, e pegue a linha 9 da CPTM. É tranquilo e, aos finais de semana, o transporte de bicicletas é livre em alguns vagões dos trens e metrôs.
E dependendo do interesse de cada um, pode-se ainda ir ao Museu do Ipiranga e ao Parque da Independência. Recém reformado em 2022, o museu conta com acervo impecável e, bem em frente, está o parque, com seu lindo jardim, a Casa do Grito, o bosque e o Monumento da Independência.
Vista da Represa de Guarapiranga – foto divulgação
Para terminar esse rolê delicioso, passe no Sebo Pura Poesia, que fica a 600 metros do museu, tome um café, um sorvete, veja os livros e aproveite. Se a fome após o pedal bater, a minha sugestão é parar no La Galetta Ipiranga, que fica a 500 metros de distância. Quem gosta de frango com polenta vai adorar! Essa delícia de programa ainda deve ser beneficiado com as temperaturas amenas do mês de junho, propícias para o amor. Sem contar que esse tipo de romance ainda traz saúde e todos nós sabemos que quem gosta cuida.
Com os bistrôs, a cozinha francesa e seus ambientes mais típicos parecem estar mais em alta do que nunca na capital paulista
A popularização da comida francesa chegou a São Paulo nos anos 2000 com a rede de bistrôs Le Vin, que trouxe da França o conceito de “bistronomia” – que já tinha tido o seu sucesso internacional coroado em Nova York. “Bistronomia” nada mais é do que cozinha francesa com presença de pratos clássicos em ambiente de bistrô, sem demora em ambientação despretensiosa e a preços acessíveis.
Infelizmente, o Le Vin fechou as portas em 2019, mas o caminho já estava aberto. Em 2002, o Ici Bistrô abriu as portas em Higienópolis e, em 2012, o Le Jazz inaugurou a sua primeira unidade na Rua dos Pinheiros, iniciando o movimento que levou a maioria dos restaurantes de preços na mesma faixa para o bairro. De lá para cá, foram abertos dezenas de bistrôs, sendo importante fazer uma ressalva que, na verdade, é o recado principal desta coluna.
Pratos do Ici Bistrô, em Higienópolis – foto Victor Collor
São Paulo tem um público tão grande e eclético que nessa classificação de “bistrô” encontramos dois tipos de ambientes com dois públicos diferentes. Um deles é o que mais representantes tem na cidade, tais como os da rede Le Jazz, o Bistrot de Paris, o Rendez Vous, o Canaille, o Bistrot de Ville, o Ça Va, o Bonaparte e muitos outros. Todos apresentam no cardápio os imprescindíveis steak tartare, o steak frites, o bœuf bourguignon, o steak au poivre ou à la moutarde… enfim, os clássicos. Mas também têm em comum as mesas pequenas e apertadas, assim como os jogos americanos e os guardanapos de papel.
A comida é muito boa, mas o ambiente é barulhento e a fila de espera não se acomoda ao bar, normalmente sem lugares para se sentar. Come-se bem, porém a experiência é bem diferente da outra vertente de bistrôs mais classudos e confortáveis. O preço é ligeiramente acima dos outros, uma vez que toalhas e guardanapos de pano geram um custo elevado de lavanderia e mesas e cadeiras ou sofás confortáveis também ocupam mais lugar e reduzem o volume de público. Sem contar que nessa categoria a espera conta com um lugar no bar para tomar o seu drinque ou a sua taça de vinho e, normalmente, o serviço se adequa ao público mais maduro e exigente.
Ambiente confortável do Ici Bistrô – foto Victor Collor
Nessa levada cito o Tonton, nos Jardins, o Votre, em Pinheiros, e o Ici Bistrô, em Higienópolis – agora em novo endereço na rua Mato Grosso. E é esse último que cito como meu predileto, porque além da cozinha impecável e decoração aconchegante e confortável, é o único que serve “jambonettes de grenouilles” à provençale, que é uma iguaria da cozinha francesa e da qual tinha saudades desde que o bistrô Tartar&Co fechou. Sem contar o bom gosto da trilha sonora de jazz/blues do chef proprietário Benny Novak no volume certo. Aproveite e à la prochaine!
Jovens profissionais de todos os cantos do Brasil e do mundo migram o home office para o sudeste da ilha de Florianópolis
Florianópolis sempre foi conhecida pelo resto do Brasil como a “ilha da magia”. Afinal, reúne segurança, praias lindas e gente bonita, sendo o lugar ideal para quem busca qualidade de vida. Mas sempre foi considerada um destino de férias e curtição, não para se viver – com algumas exceções, como aposentados ou universitários em função de um mercado de trabalho restrito e poucas opções de entretenimento para além do trivial oferecido aos turistas.
Foi a partir de 2018 que os profissionais ligados à internet e ao comércio eletrônico, em busca de um estilo de vida melhor, começaram a migrar para a ilha. De acordo com a plataforma Nomad List, referência no tema, Florianópolis é o segundo destino que mais cresceu no mundo entre 2018 e 2023. E foi com a pandemia e a onda do home office que a turma dos nômades digitais, que antes viviam em cidades como Bali, na Indonésia, ou Tulum, no México, passou a escolher também a ilha como opção de residência.
Em um trecho do sudeste de Floripa, mais precisamente entre a Lagoa da Conceição e a praia do Campeche, esse êxodo fixou seu epicentro. O eixo Campeche/ Rio Tavares /Lagoa da Conceição começou a receber jovens profissionais de todos os cantos do Brasil e do mundo ao ponto de ver uma disparada absurda do mercado imobiliário e os preços triplicaram de 2021 para cá. Lugares com formatos de sucesso comprovados para esse público vêm se multiplicando para acolher o volume crescente de novos moradores. Só para constar, eu que sou fã de viennoiseries, comi croissant e pain au chocolat em uma boulangerie do Rio Tavares, chamada Uma – do naipe dos melhores de São Paulo!
Vista da praia do Campeche, em Florianópolis – foto Shutterstock
O interessante é que a preocupação com a alimentação saudável e natural, assim como o ritmo cool e relax do público e dos atendentes, é constante. É o caso do Mana’o, café muito “bali style”, para tomar um smoothie ou um matcha (chá japonês) com calda de tâmaras e leite de aveia. E do Anómada, que de dia é padaria e restaurante, com pães peculiares (tipo cacau com laranja), e de noite, uma pizzaria de fermentação natural. É normal um cliente entrar para tomar o seu café da manhã e ficar trabalhando ali até depois do almoço.
Para quem é ainda mais radical na alimentação, sugiro a Paradiso – misto de padaria e mercadinho com delícias veganas e orgânicas, provenientes de pequenos produtores, como tortas e bolos. Também me levaram para almoçar em um restaurante chamado Cumbuca, que serve pratos do dia super saborosos e com mensagens espalhadas convidando os clientes a trazerem o computador e passar a tarde inteira com direito a café e docinhos.
Esses estabelecimentos parecem ter sido feitos sob medida para essa turma. É claro que não faltam estúdios de yoga, massagem e práticas holísticas variadas. Outro fato que chama a atenção é que o meio de transporte preferido nesse eixo é a bicicleta ou o scooter, assim como em Bali. Ainda bem, porque o trânsito na ilha já se tornou um problema, mesmo fora de temporada. Até!
Com suas paisagens intocadas e refúgios rústicos, os últimos 40 km que vão da praia de Itamambuca até Picinguaba merecem a descoberta
Não é novidade para ninguém que o trecho de litoral entre São Paulo e o Rio de Janeiro, a partir da Barra do Una, é um dos mais lindos do Brasil. São paradisíacos os últimos 40 km que vão da praia de Itamambuca até Picinguaba, a 10 km da divisa com o estado do Rio.
A primeira dica para quem quer chegar nesse trecho da forma mais tranquila é descer a Serra do Mar pela rodovia Oswaldo Cruz, que já sai no limite norte de Ubatuba e que, portanto, evita toda a lentidão do trânsito pesado de Caraguatatuba até o centro de Ubatuba, que é inevitável quando se utiliza a rodovia dos Tamoios.
Logo após descer a lindíssima serra, já começa o festival de cores com a intocada Mata Atlântica verde escura que se contrapõe ao azul e ao verde claro do mar manchado apenas pelas dezenas de ilhas que acompanham a viagem. É a chamada Costa Verde e, acredite, é surreal!
O encanto começa com a praia de Itamambuca, que é deslumbrante. É o paraíso dos surfistas, mas também dos amantes da natureza, com um lindo rio indo ao encontro do mar com cores incríveis e em encostas onde é comum ver tartarugas nadando.
Praia de Picinguaba, no litoral norte de São Paulo – foto Shutterstock
A próxima é a praia do Félix (também conhecida como a praia do Lúcio) cheia de charme e beleza. De lá saem duas trilhas, uma em cada ponta da praia, que levam a outras duas pérolas desse litoral: a praia das Conchas e a incrível praia do Português, que não chega a ter 50 metros e mesmo assim é considerada uma das mais belas do litoral.
Depois dessas, quase todas as praias são acessadas apenas por trilha ou pelo mar. Eu me hospedei em Picinguaba, que é uma linda vila tombada pelo patrimônio histórico, logo antes da divisa com o Rio de Janeiro. A estradinha em mau estado que leva para a vila tem 3 km e fica a 20 km de Paraty. O lugar sedia a associação dos barqueiros que vende 100% dos ingressos para os passeios e é dali que saem os barcos levando turistas para essa baía tão fértil de ilhas. A mais procurada é a ilha das Couves, onde se encontram praias realmente especiais como a praia de Terra e a praia de Fora. Também é a ilha com a maior infraestrutura para receber os turistas.
Mais 5 minutos e chegamos a uma ilha bem maior, mas não menos encantadora, chamada ilha dos Porcos. É um passeio estonteante e o que não faltam são opções de ilhas para quem tiver tempo e gasolina para passear pela baía toda de Picinguaba. Isso sem falar das praias do continente que somente dão acesso por longas trilhas ou de barco, como a praia da Almada ou a praia do Engenho.
Na volta para Picinguaba existem boas opções de restaurantes, simples, mas de execução precisa como o Deco da Villa e o Petiscos Beira Mar, onde a proprietária prepara peixes na brasa e ótimas caçarolas de frutos do mar.
A dica final é lembrar que chove bastante no verão, dada a proximidade com a Serra do Mar, e que o ideal para curtir o sol e as cores é marcar o seu passeio entre os meses de abril e outubro. Até!
Com filmes fora da rota comercial e ambientes aconchegantes, os cinemas de rua proporcionam um passeio maravilhoso
Os números não mentem e, felizmente, voltamos aos cinemas após o longo trauma imposto pela pandemia. Mesmo com toda a evolução dos streamings, que serviu de consolo para os apaixonados pela sétima arte, e dos aplicativos de entrega que fizeram explodir o delivery, quem aprecia uma telona ou um bom restaurante sabe bem diferenciar uma experiência da outra.
Destaco o delicioso programa que é assistir a um filme em um dos maravilhosos cinemas de rua de São Paulo. E sempre há um restaurante de que gostamos ou que desperta o nosso interesse perto dessas salas. Curtir essa dobradinha sem ficar exposto ao bombardeio de consumo e ao barulho que uma ida ao shopping impõe faz uma grande diferença.
Cinesala – foto Sérgio Israel e Ligia Skowronski
Um dos mais antigos da cidade, de 1940, o Cine Marabá tinha originalmente mais de 1.600 lugares e, hoje, repaginado, oferece cinco salas de 160 até 450 lugares cada – ao lado da famosa esquina das avenidas Ipiranga e São João. É uma volta no tempo, ainda mais se dali formos jantar no charmoso francês La Casserole. Já para quem mora na Vila Mariana ou curte algum dos muitos restaurantes sediados no bairro, como o Mapu (taiwanês), o AE Cozinha, o Bawarchi (indiano) ou o Amazônia Soul (amazônico) – ou até mesmo um boteco de qualidade como o Veloso – a dica é escolher um filme que esteja em cartaz no Centro Cultural São Paulo ou na Cinemateca.
A famosa rua Augusta oferece também duas opções de telona. Do lado Jardins, o Cine Sesc é um dos mais tradicionais da cidade e é conhecido por não exibir blockbusters, além de ter um bar agradável. É demais! E ainda está cravado no meio da gastronomia dos Jardins, com todos os restaurantes à sua volta, dos mais chiques até o nosso querido Frevo. E do lado da Bela Vista, está o Espaço Itaú de Cinema, reconhecido por sua programação de filmes de qualidade artística e cultural. Para matar a fome ali perto, a oferta está mais para hamburguerias, mas não esqueça que duas quadras para baixo se encontra a lendária Rotisserie Bologna.
Saguão da Cinesala – foto Sérgio Israel e Ligia Skowronski
A Paulista é endereço de duas pérolas para os amantes da telona. O Cine Marquise fica no Conjunto Nacional e após o filme basta atravessar a Alameda Santos para jantar no lindíssimo Casimiro (do grupo Tatini). Projetado por Isay Weinfeld, esse restaurante também é dos mais bonitos da cidade. E ainda na avenida está o cultuado Reserva Cultural, que reúne quatro salas com programação de qualidade e dispõe de um café (Pain de France) e o ótimo Bistrô Reserva.
O Cine Reag Belas Artes, na esquina com a Consolação, com suas seis salas de tamanho médio impulsionou a vida cultural da região e fica a um quarteirão de clássicos da gastronomia paulistana, como o Mestiço e o La Tartine.
Finalmente vale dizer que Pinheiros abriga o cinema Cinesala, que conta com opções de sofás super confortáveis nas duas primeiras fileiras. É desnecessário ressaltar que o bairro oferece todo tipo de gastronomia e com qualidade. Aproveite e até!
Sala de exibição da Cinesala, em Pinheiros – foto Sérgio Israel e Ligia Skowronski
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