Assim como Alessandra Montagne, outros dois chefs e uma especialista em vinhos – todos Made in Brazil – vêm ganhando destaque na agitada cena gastronômica de Paris
Antes mesmo das Olimpíadas começarem em Paris, três brasileiros já haviam conquistado “medalhas” na capital francesa. Na modalidade restaurantes, os “atletas” premiados foram o carioca Raphael Rego e o gaúcho Lucas Baur de Campos; na raia dos vinhos, o destaque ficou com a capixaba Marina Giuberti.
Raphael é quem comanda o Oka, o único restaurante de cozinha brasileira no exterior a ostentar uma estrela do Guia Michelin. Vivendo no exterior desde os 17 anos, ele trabalhou em cozinhas da Austrália e da França (inclusive a do prestigioso L’Atelier de Joël Robuchon) até, em 2014, abrir seu próprio restaurante no 5° arrondissement de Paris, a primeira e despretensiosa encarnação do Oka. Rapidamente, a casa chamou a atenção de gourmands e críticos até que, em 2019, o conceituado guia lhe concedeu uma estrela.
O carioca Raphael Rego, chef do estrelado Oka – foto Joann Pai
Em janeiro deste ano, o Oka se mudou para uma área mais elegante da cidade, próxima ao Arco do Triunfo. Em anexo, funciona o Fogo, um restaurante mais informal de Raphael, com receitas preparadas na brasa. No salão do Oka, com apenas 14 assentos, são servidos menus fechados com cinco (€ 195) ou nove tempos (€ 245). As receitas que compõem essas sequências têm sagazes toques brasileiros. Abrindo os trabalhos, vem à mesa uma delicada tartelette de feijoada; em seguida, um canapé de caviar que tem como base um mil-folhas de mandioca; depois, vem uma lagosta servida com um delicioso caramelo de cachaça. A experiência vale cada centavo!
“O Oka é uma vitrine para muitos ingredientes e produtos brasileiros na França. Apresentá-los em alto nível ajuda o cliente a entender seu potencial gastronômico”, avalia Rapha, que tem boa parte dos legumes e verduras que usa (como chuchus, quiabos e pimentas biquinho) oriundos de uma horta orgânica que ele mesmo ajudou a implantar nos arredores de Paris.
Frango campeão
No Brutos, o ambiente é mais descontraído e relax. Enquanto Lucas pilota o fogão, sua esposa — a simpática Ninon — cuida do salão. Aberto em 2017, o restaurante fica no descolado 11° arrondissement, em uma rua exclusiva para pedestres. Nos últimos dois anos, a casa figurou no ranking dos 50 melhores restaurantes de Paris, elaborado pela revista “Time Out”.
A instalação da parrilla, que é o centro de quase todos os processos na cozinha, precisou de uma licença especial para ser colocada em um edifício do século 18. É lá que é feito o já famoso frango assado de Lucas, uma tradição dominical e uma verdadeira obsessão dos parisienses. Assado lentamente na brasa, ele é servido com molho supreme e batatas fritas bem crocantes. Para garantir o seu, é preciso reservar ou chegar cedo!
O gaúcho Lucas Baur, chef do restaurante Brutos – foto Reprodução Instagram
Da parrilla também saem legumes da estação, frutos do mar e peixes, assim como carnes maturadas por 30 a 40 dias sob a supervisão do chef. “Em 2025, se tudo der certo, vamos inaugurar mais um restaurante em Paris, na Rive Gauche. Mas não vai ser uma réplica do Brutos, vai ter uma pegada mais fine dining”, avisa Lucas.
Vizinho ao Brutos, Lucas e Ninon abriram em 2021 o Principal, um bar com boas comidinhas e deliciosos drinques, como o perfumado Bendito, à base de saquê e pisco infusionado em Palo Santo. “O Principal é despojado, mas tem bebidas e petiscos de qualidade, um bar como sempre procurávamos sem sucesso em Paris”, explica Ninon. Os bolinhos de bacalhau e os croquetes de carne com ketchup de goiaba estão entre os hits do cardápio.
A taça é dela
À frente da Divvino desde 2013, Marina Giuberti é a primeira brasileira a receber o Brevet Professionnel de l’Etat de Sommelerie, um certificado que atesta seu profundo conhecimento e experiência em vinicultura francesa. Ela foi também incluída na lista das 100 melhores cavistas da França pela revista “Le Point”. Cavista é o nome que se dá a quem comanda uma loja de vinhos, e a Divvino é referência em Paris quando se fala em champagnes raros, vinhos premium, artesanais e orgânicos. Com mais de 1.200 rótulos, a Divvino tem dois endereços na capital francesa: uma no vibrante e já citado 11° arrondissement e outra no charmoso Marais.
A capixaba Marina Giuberti, cavista da Divvino – foto Jackie Campos
A unidade do Marais tem no subsolo uma sala para degustações montada em um espaço que data do século 16, com paredes de pedra e protegido pelo patrimônio histórico. As experiências (com preços que vão de € 40 a € 490) são conduzidas pela própria Marina, que apresenta vinhos de diferentes regiões francesas, acompanhados de queijos, tapas e até canapés de caviar.
Antes de realizar o sonho de ter a própria loja de vinhos, Marina estudou no Piemonte, na Itália, onde formou-se como mestre em Food & Wine, e trabalhou em restaurantes estrelados da Itália e da França.
E, mesmo vivendo na bolha do vinho, um universo muito masculino e conservador, Marina diz que nunca sofreu preconceito ou descriminação. “O fato de eu ser mulher e brasileira não me ajudou e nem atrapalhou. Sou respeitada como profissional porque as pessoas sabem da minha capacidade, conhecem a minha formação e o meu trabalho. Dou aulas de vinhos em duas faculdades. Isso é muito valorizado aqui”, avalia Marina.
Divvino
16 Rue Elzevir, Marais, Paris 3.
Tel. +33 98374-2504.
163 Boulevard Voltaire, Bastilha, Paris 11.
Tel. +33 7 6150-4845.
Oka
8 Rue Meissonier, Plaine-Monceau, Paris 17.
Tel. +33 1 5679-8188.
Brutos
5 Rue du Général Renault, Saint Ambroise, Paris 11.
Tel. +33 1 4806-9897.
Alessandra Montagne supera as adversidades de uma infância difícil entre Rio e Minas e hoje brilha na cena gastronômica de Paris, com as delícias franco-brasileiras servidas nos dois restaurantes que comanda — e tem um terceiro a caminho!
Alessandra Montagne nasceu no morro do Vidigal, foi abandonada pela mãe com dois dias de vida, cresceu no interior de Minas vendo sua avó cozinhar, sofreu nas mãos de um marido violento antes mesmo de atingir a maioridade, mudou-se para a França, trabalhou como babá para pagar seus estudos em uma conceituada escola de gastronomia e hoje, aos 46 anos, comanda dois restaurantes de sucesso em Paris: o Nosso e o Tempero. Já preparou banquetes para celebridades e até para o presidente Emmanuel Macron.
Seu talento com as caçarolas lhe rendeu inúmeros prêmios, condecorações e convites. O mais recente veio de Alain Ducasse — chef cujos restaurantes pelo mundo somam mais de 20 estrelas Michelin. Ele a chamou para comandar um dos restaurantes que sua empresa vai inaugurar nos próximos meses dentro do Museu do Louvre!
Alessandra Montagne – foto Maki Manoukian
Mesmo radicada na França há 25 anos, ela preservou sua brasilidade. O morro segue em seu DNA, está até no nome (Montagne) que herdou de seu segundo marido, um francês com ascendência vietnamita. Suas criações misturam de maneira harmoniosa e criativa referências brasileiras e francesas. Ela reformulou a frase famosa de Antonietta: “Se os franceses estão fartos de brioches, que comam pães de queijo!”
Na entrevista que concedeu à 29HORAS, Alessandra Montagne fala de seus pratos com sotaque franco-brasileiro, de sua passagem pelo Brasil neste mês, de seus projetos para o futuro e de seu trabalho social com refugiados, presidiárias e imigrantes. Confira a seguir os principais trechos dessa conversa.
Como foi o convite do Alain Ducasse? Você já o conhecia?
Já havia feito uns trabalhos para ele, em eventos. E ele já comeu no Nosso. É uma pessoa muito educada, muito afável e muito direta. Quando me ligou para fazer o convite, eu estava na rua, caminhando. Atendi e fui pega totalmente de surpresa. Ele me disse que eu teria tempo para analisar melhor a proposta, mas eu aceitei na hora! Ele é um querido e disse que a França tem muita sorte por eu ter escolhido este país para viver. Dá para imaginar um elogio melhor do que este para uma profissional da gastronomia?
Alessandra com o premiado chef Alain Ducasse – foto Reprodução Instagram
O que você pode adiantar para a gente sobre esse restaurante que você vai comandar no Louvre?
Eu não posso revelar muita coisa, nem o nome. Tudo ainda está sendo mantido em sigilo. Apenas posso dizer que será grande, com algo entre 200 e 300 lugares, acessíveis apenas a quem já pagou ingresso e está dentro do museu. A inauguração estava prevista para o final deste ano, mas como o Louvre proibiu obras durante o período dos Jogos Olímpicos, eu imagino que a abertura só deva acontecer no primeiro trimestre de 2025.
E sobre o cardápio, não dá para revelar nada? Vai ter toques brasileiros?
Bem, eu fui escolhida para ser a chef, então dá para deduzir bastante coisa, né? O que posso dizer é que a minha personalidade, o meu coração e a minha história estarão na comida que será servida ali.
E você ainda tem outro projeto em andamento aqui na Europa, não é?
Sim, a partir de meados de 2025 vou comandar um restaurante em Valência, na costa mediterrânea da Espanha. O espaço vai funcionar dentro de um hotel que ainda está em obras. Não vai ser uma “filial” do Nosso. Vai ser algo diferente, vamos brincar com as receitas e ingredientes locais, criando uma mistura ibero-brasileira, com a potência espanhola, um ou outro toque francês aqui e ali e o tempero que somente o Brasil tem.
França, Espanha… E quando você vai ter um restaurante no Brasil?
Ainda não sei. Em agosto cozinho para o time de equitação da França, que vai ter o Palácio de Versalhes como sede, e depois, lá pelo dia 10, vamos fechar o Nosso para as férias da minha equipe, como fazemos em todo verão francês. Nos dias 14 e 15, faço jantares em São Paulo, no restaurante Vista Ibirapuera, e depois vou para Itacaré, no litoral da Bahia, para comandar um jantar no Barracuda Hotel, no dia 24. Eu adoraria abrir um restaurante no Rio — a cidade onde eu nasci — ou em São Paulo, que me acolheu em momento muito difícil e onde tenho muitos amigos. Só posso te dizer que não vai ser este ano ou em 2025, pois a minha cabeça está focada em colocar em pé esses novos empreendimentos no Louvre e em Valência. Mas estou aberta a propostas e convites para ter um endereço no meu país. Seria uma glória para mim!
A propósito, alguma editora brasileira já te procurou para lançar uma versão em português do seu livro?
Infelizmente, não. Ainda não. Mas, assim como falei sobre a possibilidade de abrir um restaurante no Brasil, vou ouvir com muita atenção a eventual proposta de alguma editora brasileira que se interessar em lançar o meu livro. Foi doloroso relembrar tantas coisas do meu passado, mas foi um processo de certa forma “terapêutico”. O resultado foi elogiado por quem teve a oportunidade de ler e a obra até ganhou um prêmio aqui na França. Modéstia à parte, a história é tão boa que virará filme. O diretor Daniel Lieff está pilotando esse projeto, e o roteiro está sendo escrito pela Patrícia Andrade, a autora do script de filmes como “Os 2 Filhos de Francisco” e “Gonzaga – De Pai para Filho”.
Capa de seu livro – foto reprodução Instagram
Voltando a falar de comida, qual é a fórmula do sucesso do Nosso e do Tempero?
O Nosso é um restaurante contemporâneo onde apresento as minhas criações mais autorais. O menu-degustação (€ 98 por pessoa) inclui clássicos franceses com um toque tropical e receitas tradicionais do Brasil com um charme francês. Exemplos disso são o pão de queijo com caviar, o robalo com molho de moqueca e a lagosta da Bretanha com chuchu e mucilagem de cacau — uma releitura do camarão ensopadinho com chuchu cantado por Carmen Miranda. Entre as sobremesas, temos um baba au rum que, no lugar do rum, leva cachaça. Já o Tempero, que funciona praticamente ao lado do Nosso, é um bistrô com receitas descomplicadas, como as que eu fazia quando ele abriu e foi o meu primeiro restaurante aqui em Paris, em 2012. O cardápio também muda constantemente, mas já tem seus “clássicos”, como o porco confitado com purê de cenouras, o mole de frango com creme de ervilhas e, eventualmente, até feijoada. O Tempero também é uma épicerie (mercearia de produtos como massas, molhos e condimentos) e uma loja de vinhos.
Além de conhecida por seu livro e por seu trabalho como chef, você também comanda uma atração na TV francesa. Como é esse programa?
O “Le Goût des Rencontres” é uma atração exibida semanalmente pelo canal France 3. A cada programa, eu visito um pequeno produtor rural francês e apresento suas joias gastronômicas ao espectador. Já estive em criações de patos e gansos em Périgord, em queijarias da Normandia, em vinícolas de Bordeaux, em fazendas de azeite na Provence… Esses produtores são verdadeiros artistas e merecem ser valorizados. Alguns já conhecia antes, outros são descobertas para mim também, não apenas para quem assiste.
Alessandra em seu programa de TV – foto reprodução Instagram
Com o sucesso do seu restaurante, do seu livro e do seu programa de TV, você se considera uma referência para outras mulheres?
Todo mês, eu dedico um dia inteiro só para trabalhos sociais. Cozinho para as detentas de um presídio feminino, para moradores de rua e para refugiados acolhidos por uma ONG. Outro dia, a mãe de uma ex-presidiária veio aqui no Nosso e me disse que sua filha tem a minha trajetória como referência e que agora ela vai estudar para ser cozinheira. Disse que ninguém se importava com ela e que eu fui a única pessoa que lhe ofereceu algum carinho e atenção nos meses em que ela ficou na prisão. Saber que consegui tocar o coração de garotas como essa é algo que me enche de realização e orgulho. Nunca quis ser exemplo para ninguém, durante muito tempo o meu único objetivo era sobreviver. Sei bem como é viver com privações, senti na pele como é mudar para um outro país sem ter uma rede de apoio. Fico feliz ao ver que a minha história inspira outras pessoas.
As delícias franco-brasileiras do restaurante Nosso
Pão de Queijo com Caviar – foto reprodução Instagram
Lagosta com Chuchu e Mucilagem de Cacau – foto reprodução Instagram
Robalo com Molho de Moqueca – foto reprodução Instagram
Atração turística da cidade e adorado ponto de encontro, o Parque Ibirapuera completa 70 anos como um verdadeiro centro de difusão cultural e ambiental
Uma das regiões consideradas mais bonitas de São Paulo já foi uma área alagadiça e pouco aproveitada. De origem tupi-guarani, Ibirapuera (“Ypy-ra-ouêra”) significa supreendentemente “pau podre”. Vislumbrar um projeto de um enorme parque no bairro poderia soar loucura até a década de 1950. Mas superar o comum e materializar ideias recheadas de ousadia e autenticidade era o que os arquitetos modernistas sabiam fazer de melhor.
Concebido por Oscar Niemeyer, Ulhôa Cavalcanti, Zenon Lotufo, Eduardo Kneese de Mello, Ícaro de Castro Mello, além do paisagista Augusto Teixeira Mendes, o Parque Ibirapuera foi inaugurado em 21 de agosto de 1954 como um marco na comemoração dos 400 anos da cidade e representava um espaço inovador de lazer e cultura para os paulistanos. Sete décadas depois – com uma área de 1.584 mil m² – o local recebe mais de 18 milhões de visitantes a cada ano e é tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).
foto Filipe Frazão / iStockPhoto
Abrigadas entre o verde, Niemeyer também criou diferentes estruturas icônicas para o parque, como o Pavilhão da Bienal, o Auditório Ibirapuera, a Oca e o Museu de Arte Contemporânea. Hoje, essas obras são exemplos notáveis da arquitetura moderna brasileira e atraem visitantes interessados na história e na estética do período.
“O projeto urbanístico do Parque Ibirapuera enfrentou inúmeros desafios, desde sua concepção até a implementação, e ao longo de toda a sua trajetória. A história do parque compreende um período que vai da euforia pelo desenvolvimento do pós-guerra, ao qual a arquitetura moderna se encaixou, ao desencanto por este mesmo ‘desenvolvimento’ que vivemos nos dias de hoje”, explica a arquiteta e museóloga Fernanda Curi, que já atuou como pesquisadora do Arquivo Histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo.
O Ibirapuera teve como referências parques americanos e europeus, como o Central Park e o Flushing Meadows, em Nova York, o Bois de Boulogne, em Paris, e o Hyde Park, em Londres. Entretanto, há diferenças importantes entre as inspirações estrangeiras e a realidade da versão brasileira, que reflete contextos históricos e econômicos aprofundados por São Paulo. “O parque foi concretado e rodeado por edifícios, túneis e avenidas, reforçando o domínio do construído sobre o natural, do transporte individual motorizado sobre o transporte público e a mobilidade sustentável.”
Oca, no Ibirapuera – foto Rudolf Ernst / istockphoto
Mesmo assim, o coletivo se impõe e notavelmente abraça o “Ibira” – como é conhecido pelos paulistanos. Visitantes se deslocam de diferentes regiões da cidade, do estado e do país para aproveitar o oásis verde todos os dias. “É um dos poucos espaços na capital onde se observa um convívio relativamente harmonioso entre diferentes classes sociais e faixas etárias, uma vez que o lugar oferece possibilidades culturais, esportivas e de lazer que são acessíveis a todos, o que promove a inclusão social e a interação entre diversas comunidades.”
Para a arquiteta e museóloga, a revitalização e a integração das áreas verdes e culturais são essenciais para consolidar o papel do parque como um verdadeiro centro de difusão cultural e ambiental, permitindo que renasça aos 70 anos como um espaço mais relevante e adaptado às necessidades atuais. “O futuro do Ibirapuera dependerá das escolhas feitas hoje”, enfatiza.
Biodiversidade na metrópole
Segundo a empresa Urbia Gestão de Parques – agora responsável pela administração do parque – o Ibirapuera abriga 314 espécies de animais que dividem espaço com milhares de usuários; a sua fauna comporta 44 borboletas, 10 peixes, nove répteis (cágados, tigres-d’água e serpentes), um anfíbio, mamíferos (incluindo morcegos e gambá-de-orelha-preta) e cerca de 200 espécies de aves. Entre essas, destacam-se: sabiás, joão-de-barro, canário-da-terra e pintassilgo, bandos de papagaios, maracanãs e periquitos.
Fauna do parque – foto Reinaldo Calçade
Ao caminhar pelo parque, é possível ainda observar beija-flores, pica-paus, pombos silvestres e papa-moscas, além de aves migratórias. E um atrativo são as aves aquáticas, como as elegantes garças e os graciosos marrecos e mergulhões. “Trata-se de uma grande área verde localizada no centro de uma das maiores cidades do mundo, cumprindo um papel relevante para a manutenção da qualidade de vida da população”, afirma Juliana Gatti, pesquisadora e fundadora do Instituto Árvores Vivas.
O fato de ser um dos poucos parques com um cardápio impressionante de atividades culturais, esportivas, gastronômicas e sociais, gera também uma grande ocupação de visitantes e frequentadores, o que deve ser visto com atenção para a proteção da fauna e da flora locais. “O parque possui um acervo impressionante de espécies de todo o mundo e de diferentes biomas brasileiros. Conhecer, visitar, observar e apreciar a beleza das plantas e dos animais do Ibirapuera é um passeio único e muito valioso, que requer a conscientização coletiva.”
Para Juliana, é importante manter a sustentabilidade no pilar econômico do parque. “Destaco o planejamento e a implementação de estratégias para a gestão de resíduo do Ibirapuera, que já foi iniciada, e é importante apontar que ainda existe uma oportunidade grandiosa em relação ao resíduo compostável. Lembro também que é essencial criar caminhos para que equipamentos e serviços atendam de forma igualitária as pessoas com deficiência, contemplando suas necessidades e viabilizando acesso de forma justa”, reforça.
Percepções e sentidos no verde
Localizado dentro do Ibirapuera, o edifício do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, atualmente, com salas de exposição, ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja. Os espaços do museu se integram ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx.
Até setembro, o MAM apresenta para o público quatro exposições que reúnem obras de artistas do Piauí, Pará, São Paulo e dos Estados Unidos. Em cartaz estão as mostras “George Love: Além do Tempo”, na Sala Milú Villela, “Santídio Pereira: Paisagens Férteis”, na Sala Paulo Figueiredo, “Rodrigo Sassi: Rizoma”, no Projeto Parede, e “Emmanuel Nassar: Lataria Espacial”, na Sala de Vidro. Após o encerramento das exposições, o museu fechará temporariamente suas instalações para a reforma na Marquise.
Obras de George Love, em exposicão no MAM – foto Luan Santos
Já o Museu Afro Brasil, no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, reúne um acervo com mais de oito mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnológicas, de autores brasileiros e estrangeiros, produzidos entre o século 18 e os dias de hoje. Em agosto, estão em cartaz as exposições temporárias “Artistas Contemporâneos do Benim”, “As Vidas da Natureza Morta”, “Entre Linhas – Aurelino dos Santos e Rommulo Vieira Conceição” e “Wagner Celestino – Caminhos do Samba”.
Também neste mês, o Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, popularmente conhecido como Oca, recebe a exposição imersiva “Harry Potter: The Exhibition”, que explora os bastidores, personagens, cenários e figurinos da saga inglesa e que já rodou diferentes cidades no mundo. Os ingressos começam no valor de R$ 50 (meia) pelo site Eventim.
Fora dos limites do parque, o MAC USP possui uma das maiores coleções de arte contemporânea da América Latina, com obras de artistas brasileiros e internacionais. O museu oferece exposições permanentes e temporárias, programas educativos, seminários e outras atividades culturais. E inaugurado em 2018 na cobertura do MAC, o restaurante Vista Ibirapuera evidencia a gastronomia brasileira sob o comando do chef carioca Pedro Oliveira. No menu, destacam-se as suculentas picanha de cordeiro com purê de castanha de caju e a costela suína crocante, servida com canjiquinha cremosa, legumes grelhados, couve crespa e glace com tucupi e limão.
Costela suína crocante do restaurante Vista Ibirapuera – foto divulgação
Dos mesmos sócios – mas para quem quer se deliciar sem sair do Ibira – o Selvagem apresenta um amplo espaço com 660 metros quadrados, divididos entre a cozinha, bar e salão em forma de terraço aberto, disposto em 360°, oferecendo uma vista panorâmica dos arredores do parque. Por lá, o chef Filipe Leite também explora sabores brasileiros, dando ênfase a ingredientes sazonais e pequenos fornecedores.
Sob nova gestão
Parque Ibirapuera está sob nova administração desde outubro de 2020. A concessão tem duração de 35 anos e teve ganho estimado em mais de R$ 1,6 bilhão aos cofres públicos. A empresa responsável é a Urbia – Gestão de Parque que atua, também, na gestão do Horto Florestal e Parque da Cantareira e nas áreas de visitação dos Cânions Fortaleza e Itaimbezinho, no sul do país. Em entrevista à 29HORAS, a comunicação da empresa destacou reformas iniciadas e melhorias em andamento no parque.
Quadra de basquete – foto Reinaldo Calçade
Quais são os principais desafios na manutenção e conservação do Ibirapuera?
Em busca de atender às necessidades do público, manter o espaço conservado e oferecer uma infraestrutura de excelência, criamos um modelo de negócios inovador, que viabilizou melhorias aos visitantes do Ibirapuera que, hoje, encontram um parque com área verde e permeável maior, com estrutura de quadras esportivas renovadas, banheiros públicos modernos e limpos, com melhor prestação de serviços e mais opções de lazer.
Como a Urbia lida com questões ambientais e de sustentabilidade dentro do parque?
Um dos nossos primeiros passos foi criar um plano de ações de sustentabilidade. A partir disso, o Projeto Eco 360 foi desenvolvido e vem sendo colocado em prática, com diversas iniciativas de preservação do meio ambiente e atividades de educação ambiental.
Desde o início da concessão, milhares de toneladas de resíduos recicláveis e não recicláveis foram coletados. E, hoje, todo o material tem como destino a Central de Reciclagem, criada em conjunto com a Braskem, que garantiu que o Ibirapuera antecipasse seu planejamento em dois anos e conquistasse, em 2023, o título de ser um parque Aterro Zero. Em todo o parque há, também, 500 pares de lixeiras com informações sobre quais materiais, recicláveis ou orgânicos, podem ser descartados nelas. Além disso, houve a instalação de 15 coletores dedicados somente a resíduos recicláveis no Ibirapuera.
Quais foram as reformas e melhorias já entregues?
Hoje, o parque conta com um Cachorródromo, considerado o maior espaço a céu aberto da América Latina dedicado a cães. Com 9 mil metros quadrados e funcionamento diário, o local tem infraestrutura completa, é cercado e a entrada é gratuita.
Também criamos o Ibirabike e o Ibirabike Kids – serviço de aluguel de bicicletas para adultos e crianças, com opção de carrinho baby, para que as famílias aproveitem ao máximo o passeio no Ibirapuera. Em busca de tornar a experiência ainda mais fácil e completa, instalamos totens de autoatendimento para locação dos modais e lançamos um aplicativo para agilizar o pagamento e reduzir filas.
Estação de aluguel de bicicletas para crianças e adultos no Ibirapuera – foto Reinaldo Calçade
E os projetos futuros?
Sem dúvidas, uma das entregas mais esperadas pelos frequentadores do Ibirapuera é a Marquise, símbolo arquitetônico da cidade e ponto de encontro saudoso dos paulistanos. O espaço, projetado por Oscar Niemeyer, está em obras após a Urbia ter sido contratada pela Prefeitura de São Paulo para requalificar a edificação. A reforma do espaço entrou como um aditivo ao contrato de concessão. Outra obra que está caminhando é a da Serraria, localizada próxima à Praça Burle Marx. O local é bastante utilizado para práticas esportivas e conta com a presença frequente de grupos de aula de ginástica, ioga e outras atividades voltadas à saúde.
Diretora de comunicação e branding da Heineken no Brasil, Beatrice Jordão fala sobre a relevância do mercado brasileiro para a marca e o investimento em eventos marcantes para o público no país
Heineken completou 150 anos em 2023 e, hoje, o Brasil representa o maior volume de venda da marca no mundo. As razões por trás de tamanha aderência dos consumidores brasileiros às “verdinhas” são muitas e o próprio tamanho do mercado justifica os elevados números. Mas há estratégia de marketing consistente nos bastidores, com destaque para a “premiumnização” da bebida – que destaca a melhor qualidade dos ingredientes da cerveja – e a aposta e os investimentos robustos em eventos de alto impacto, como o G1 de Fórmula 1 – da qual a marca é parceira desde 2016 e, em Interlagos, apresenta um verdadeiro camarote aos fãs, o Heineken Village. Por aqui, a cerveja foi consumida até mesmo por Madonna em seu emblemático show na Praia de Copacabana, em maio – em um memorável brinde feito pela rainha do pop junto aos súditos. Em entrevista à 29HORAS, Beatrice Jordão, diretora branding da Heineken, compartilha as tendências de marketing no mercado de bebidas e as estratégias ousadas da marca.
Beatrice Jordão, diretora de branding da Heineken – foto divulgação
Quais são as principais ações da Heineken por aqui?
Realizamos ações de impacto que possam contribuir com a sustentabilidade nas cidades, dentro da plataforma de sustentabilidade e cultura de marca ‘Green Your City’. Essa iniciativa visa gerar reflexão sobre o papel das pessoas nas cidades em que vivem, por meio de grandes ações. Uma das metas centrais da plataforma é promover a circularidade, incluindo estratégias de reciclagem e retornabilidade de embalagens. Até 2030, temos o compromisso de tornar 80% das embalagens de vidro da Heineken circulares. No Brasil, onde apenas 47% dos vidros são reciclados, implantar um sistema de economia circular para embalagens, como garrafas long necks, é uma prioridade para a marca.
Quais são as particularidades utilizadas na comunicação no Brasil?
Procuramos estar sempre mais próximos de nossos consumidores com campanhas e ações que possam celebrar e brindar junto à marca. Um exemplo disso foi a nossa campanha de 150 anos. Nessa celebração de aniversário, destacamos as diversas formas pelas quais os consumidores a chamam, como ‘verdinha’ aqui no Brasil, e como se relacionam com uma série múltipla de ações, mostrando que o que verdadeiramente importa são os bons momentos em que a cerveja está presente no dia a dia das pessoas.
A Heineken marca presença em eventos memoráveis no país, como o show da Madonna e o GP de Fórmula 1. Como é feita a escolha dessas ativações?
Nosso papel de marca é ser pioneira e inovadora, quebrando estereótipos, para oferecer experiências únicas e promover momentos de conexão e celebração. A gente quer, como marca, criar boas memórias. Não é só vender a cerveja no festival, é proporcionar a melhor experiência, as memórias daquele evento ou show, acompanhado de uma Heineken. A nossa escolha de ativações faz parte disso, além de buscarmos iniciativas que estão conectadas com nossos valores e visão de mundo.
Hoje, quais são as principais tendências de marketing no mercado de bebidas?
Um exemplo que estamos olhando sempre dentro do Grupo Heineken vem junto com o anúncio do lançamento da Sol Zero. Com o crescimento da cerveja sem álcool, a companhia escolheu o Brasil para iniciar a sua produção, a partir de setembro deste ano. A primeira versão zero álcool da cerveja Sol em 125 anos de história da marca também contará com vitamina D e B (B3 e B6) em sua composição e chega com a proposta de oferecer novas ocasiões de consumo no cotidiano.
Frente à grande concorrência e comunicação pulverizada, qual é o papel do marketing?
É de criar conexões profundas com os consumidores por meio de campanhas criativas e experiências inovadoras, além de contar histórias inspiradoras que comunicam os valores da marca e possam abrir a mente das pessoas para o novo. Não queremos apenas promover os nossos produtos, mas sim criar conexões emocionais nos momentos de socialização entre as pessoas. Investimos em estratégias específicas como o marketing direcionado, explorando novas tendências de consumo e inovação de produto.
Como você já comentou, o consumo de álcool diminui no mundo, principalmente entre as pessoas mais jovens. Como a Heineken tem explorado novo cenário?
Temos observado essa crescente nos últimos anos e estamos expandindo cada vez mais o nosso portfólio com a Heineken 0.0, que busca ampliar opções de consumo por meio de um lifestyle mais consciente e saudável, junto de um produto de altíssima qualidade, trazendo o sabor inconfundível da tradicional Heineken. Buscamos ativá-la sempre que possível em campanhas, eventos e comunicações da marca. Por se tratar de uma bebida sem álcool e com menos calorias, podemos estar em territórios como o esporte, conectando diretamente a marca e consumidores com bem-estar e a um estilo de vida balanceado.
Anunciamos no primeiro semestre que a Heineken 0.0 foi a cerveja sem álcool mais vendida de 2023, de acordo com dados apurados pela NielsenIQ. Desde 2010, a marca investe 10% de toda sua verba de marketing em ações de consumo responsável. A meta até 2030 é que 90% da população seja impactada anualmente pela mensagem de responsabilidade e consciência sobre o consumo de álcool.
HEINEKEN
• Fundada em 1864, em Amsterdã, na Holanda
• O Grupo chega ao Brasil em 2010
• Mais de 85 mil funcionários no mundo
• Cervejas apreciadas em mais de 192 países e presente em todos os continentes
• 31 centros de distribuição e 15 cervejarias espalhadas pelo Brasil
No espetáculo “Pequeno Monstro”, em cartaz no Teatro Poeira, o ator Silvero Pereira embaralha suas referências literárias e musicais com matérias jornalísticas e memórias pessoais
O espetáculo “Pequeno Monstro”, em cartaz no Teatro Poeira até 28 de julho, foi gerado ao longo dos últimos 7 anos, desde quando o ator Silvero Pereira começou a acompanhar algumas histórias de crianças LGBTQIA+ e identificou semelhanças com episódios vividos na sua própria criação.
Em cena, Silvero embaralha suas referências literárias e musicais com matérias jornalísticas e memórias pessoais e de pessoas diversas, quando passeia por lembranças da infância no interior do Ceará e por uma juventude turbulenta. Ao resgatar vivências relacionadas à sexualidade, ele ironiza e denuncia práticas relacionadas ao machismo estrutural e à homofobia, duas condutas comportamentais normalizadas socialmente que agridem, traumatizam e condenam destinos.
foto divulgação
“Uso a minha história como fio condutor e me coloco como escudo para outras histórias aqui relatadas. Essa fragmentação de histórias pessoais, ficcionais e de terceiros serve justamente para enfatizar que não se trata de exceção, de classe ou de um lugar, é um problema social grave e que precisa de ações efetivas”, reflete o ator e autor. A montagem tem direção de Andreia Pires.
Teatro Poeira
Rua São João Batista, 104, Botafogo.
Tel. 21 2537-8053.
Ingressos a R$ 80.
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