Quem aprecia as delícias que Buenos Aires agora tem o câmbio a favor para uma visita ainda mais agradável

Quem aprecia as delícias que Buenos Aires agora tem o câmbio a favor para uma visita ainda mais agradável

Apesar da crise ecônomica, a capital argentina – Buenos Aires – está ainda mais impecável e cheia de atrações culturais, gastronômicas e hoteleiras

Tanta beleza e história reunidas sob o céu porteño já fazem de Buenos Aires o campeão absoluto em destino turístico dos brasileiros há muito tempo desde o final dos anos 1920, quando a economia e o tango eram cobiçados pelas castas mais exclusivas do mundo, principalmente da Europa. De lá para cá, o país hermano passou por algumas crises econômicas e o turismo se democratizou, nessa cidade construída por imigrantes europeus com bom gosto e estética aristocrata.

Acabei de voltar de lá e, acredite se quiser, apesar da crise, a capital argentina está impecável e cheia de novidades. Para se ter uma ideia, se você levar dinheiro cash, seja dólar ou real, e trocar por pesos em algum câmbio confiável muito cuidado com as notas falsas dadas em casas de câmbios sem referências, suas contas vão sair pela metade ou menos do preço que lhe custaria se pagasse com cartão (fora o IOF).

São muitas opções de passeios. Uns podem preferir a levada do centro de compras tipo Calle Florida e seu comércio agressivo tipo Galeria Pacífico, outros vão querer curtir as feirinhas e os antiquários de San Telmo ou ainda a modernidade e o agito de Puerto Madero que continua crescendo verticalmente no melhor estilo Miami.

Costumo me hospedar e fazer meus passeios e minhas compras pela Recoleta. Fica a meia hora a pé do fantástico Museo Malba e o trajeto é sempre um banho de beleza no quesito parques, estátuas e cafés. É nesse bairro que estão alguns dos melhores hotéis, bares e restaurantes da cidade. Faço questão de citar o competentíssimo El Mirassol, na famosa Recova, onde também há várias outras opções de gastronomia.

Apesar de gostar muito desse circuito de sempre, acho que o mais legal, hoje, é visitar bairros como Palermo, Belgrano e Nuñes, onde abriram lugares fora da curva. São regiões de muito bom gosto com um ar de Argentina mais tradicional misturado à modernidade das novidades.

 

Corte Comedor | Foto Reprodução Facebook

Corte Comedor | Foto Reprodução Facebook

 

Hospedando-se por esses lados, você pode, por exemplo, aproveitar uma caminhada no parque chamado Lago Grande de Palermo, ainda conhecido como El Lago de Regatas. Também é nesse bairro que se encontra o famoso Don Júlio, conhecido como a melhor carne de Buenos Aires e que se deve fazer reserva com quase um mês de antecedência. A duas quadras dali os mesmos donos montaram o El Preferido, restaurante especializado em comidas típicas argentinas. É imperdível!

Apenas alguns quarteirões mais longe em direção à Província de B.A. (a grande Buenos Aires), está o também lindíssimo bairro de Belgrano, que abriga outro minibairro chamado de Belgrano R. O local teve forte influência Inglesa e ali se encontra a Plaza Castelli, toda rodeada por restaurantes, entre eles o Jolie Bistrô, que está em alta no momento. E é nessa praça que fica a estação Belgrano R de trem. Aliás, um superprograma é ir até a região de trem, saindo de Retiro (a estação central em Buenos Aires).

Andando mais alguns quarteirões, bem na divisa com o bairro de Nuñes (o último antes da província), está um restaurante discreto e detentor de algo único. Trata-se do Corte Comedor, uma butique de carnes que tem um corte que só se encontra lá: a parte de cima do Ojo de Bife (olho de bife), chamada Ceja (sobrancelha)… E pode acreditar que é o corte mais saboroso que você já comeu!

De volta ao centro, caso tenha escolhido um voo que chega e sai de Aeroparque (nosso Congonhas), você ganha no mínimo uma hora na ida e na volta, já que o aeroporto está cravado no meio da cidade, de frente ao Río de la Plata. Programe-se para fazer uma última refeição em outra parrilla da minha preferência, a tradicional Happening, que fica também na avenida Costanera e de frente ao rio.

Que disfrutem!

Casa Alma, em Santa Catarina, é um dos principais pontos de avistamento na Rota da Baleia Franca

Casa Alma, em Santa Catarina, é um dos principais pontos de avistamento na Rota da Baleia Franca

Avistamento na Rota da Baleia Franca permite contato único com esses mamíferos marinhos durante os meses de inverno e primavera, e hospedagem exclusiva dá charme a essa experiência

O dia começa em silêncio na Praia da Silveira, em Garopaba, Santa Catarina. O sol brilha entre a vegetação, e os pés descalços avançam pelo deque de madeira, construído sobre a parte alta do morro. É a partir da ampla sacada da Casa Alma, um pequeno hotel singular, que avisto o balé das baleias franca. Com binóculo na mão, é fácil ver o desfile faceiro das gigantes do mar, que geralmente ocorre de julho a outubro.

 

Praia da Garopaba - Pescadores | Foto Anelise Zanoni

Praia da Garopaba – Pescadores | Foto Anelise Zanoni

 

Entre o inverno e o início da primavera, centenas de turistas sobem pedras ou têm a sorte de colocar o pé na areia para avistar esses mamíferos que visitam a costa catarinense. A época é especial, pois é quando os animais mergulham até o litoral em busca de água mais quente, tranquila e rasa para acasalar, dar à luz e amamentar filhotes. O espetáculo costuma acontecer nos mares de Garopaba, Imbituba e Laguna, na Rota da Baleia Franca.

O passeio é único. Em um dia você pode enxergar baleias a metros de distância e, em outro, ter a sorte de ver mamães e filhotes exibindo caudas ao alto. Embora os barcos sejam proibidos na região, as expedições ocorrem em terra firme e garantem belas imagens durante trilhas, caminhadas e paradas com explicações de especialistas. Um dos roteiros é feito pela agência Amo Garopaba, que mantém um verdadeiro cardápio de experiências.

 

Foto Agência Local

Foto Agência Local

 

Para quem deseja conhecer o tema a fundo, há ainda visitas em pontos como o Instituto Australis, em Itapirubá Norte, na praia de Imbituba, que oferece passeios gratuitos, palestras e oficinas sobre as baleias. Já em Garopaba, uma caminhada leva à pequena vila de pescadores e ao centro histórico. Por ali, entre as curiosidades está o fato de a igreja Matriz São Joaquim, localizada no alto da praia, ter sido construída com óleo de baleia, utilizado geralmente junto à argamassa que preenche os espaços entre as pedras.

O encontro com o passado é um presente. Com sorte, pode-se entrar em um dos galpões e encontrar pescadores tecendo redes e contando histórias sobre a caça de baleias, extinta na década de 1970. Em frente aos casarios é comum vê-los limpando peixes. A imagem singela e a possibilidade de comprar o alimento fresco é um verdadeiro luxo, encontrado também nos pratos dos restaurantes locais. Com inspiração lusitana, o Tasca dos Açores, por exemplo, aposta no menu regional e relembra receitas dos imigrantes açorianos. O cardápio incluiu iguarias como bolinhos de siri e ostras gratinadas.

Refúgio personalizado

Construída em meio à natureza e com vista para a Praia da Silveira, onde algumas baleias nadam, a Casa Alma funciona como residência com serviço de hotel e tem tarifas a partir de R$ 1.350, por casal. Foi erguida com pedras da região, concreto e madeira certificada, além de manter um telhado verde, onde foi implantada uma horta de verduras orgânicas.

Embora a construção se destaque devido à beleza da decoração que inclui uma sala integrada com lareira, um deque com fogueira e uma piscina térmica com hidromassagem o cuidado com os hóspedes é o que chama mesmo a atenção. O som dos pássaros é constante e divide espaço com o barulho do mar.

 

Casa Alma Biblioteca | Foto Anelise Zanoni

Casa Alma Biblioteca | Foto Anelise Zanoni

 

Foto Duda Bussolim | Moropolo Studio

Foto Duda Bussolim | Moropolo Studio

 

Nesse refúgio, uma cozinheira, um assador e um chef podem preparar jantares e almoços mediante reserva, o que transforma a experiência em uma hospedagem única e personalizada. Na refeição sem pressa, surgem receitas como polvo com saladinha da horta, pato na parrilla e mousse de cacau com calda de laranja. O café da manhã é servido com ingredientes de pequenos produtores locais e receitas preparadas na casa, como um doce de leite branquinho feito com pouco açúcar.

Quem desce para o andar inferior, encontra uma charmosa biblioteca e uma cozinha compartilhada. Além da estrutura física de requinte, o pequeno hotel tem produtos de marca própria, mas criados por moradores locais, como bolsas e chapéus. O conjunto de cada um dos detalhes da hotelaria oferece a sensação de uma verdadeira casa com alma, que se projeta para o mar por onde nadam as baleias em seus espetáculos.

 

Casa Alma Bolsa palha | Foto Anelise Zanoni

Casa Alma Bolsa palha | Foto Anelise Zanoni

 

Casa Alma
Estrada Geral Praia do Silveira, 2.156, Garopaba, Santa Catarina
Tel. 51 99965-4081 e 51 99982-7631.
Diárias a partir de R$ 1.350 (suíte para duas pessoas) e R$ 4.550 (casa para oito pessoas)