Preços elevados ainda emperram a popularização dos carros elétricos, mas as perspectivas para o futuro são positivas

Preços elevados ainda emperram a popularização dos carros elétricos, mas as perspectivas para o futuro são positivas

Assim como o Lucas de Grassi, cada vez mais pessoas estão abandonando os carros com motores movidos por combustíveis fósseis e aderindo aos carros elétricos. Recente estudo da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) revelou que o impacto do uso de um automóvel em relação ao aquecimento global é muito menor no caso dos elétricos.

A equação “do poço à roda” considera o total de emissão de carbono de um automóvel somando os gases que o veículo emite pelo escapamento mais o impacto que a produção do seu combustível gera no meio ambiente. Os elétricos geram 10% das emissões produzidas por um carro a gasolina. Afinal, quando está rodando, está em modo zero emissão – nem escapamento tem! Sua pegada de carbono deve-se unicamente à sua montagem e à produção da energia que carrega as suas baterias.

 

 iCar, da Caoa-Chery - Foto divulgação

iCar, da Caoa-Chery – Foto divulgação

 

No Brasil, as vendas de carros elétricos ainda são pequenas, mas com ótimas perspectivas para o futuro. Em 2021, elas responderam por apenas 1,8% do total de automóveis emplacados. Mas, de janeiro a maio de 2022, elas tiveram um aumento de 57% em relação a igual período do ano passado. Nos Estados Unidos, a participação dos carros elétricos no mercado total foi de 4,5% em 2021, e na Alemanha, de 26%. Esse é o futuro!

O Brasil tem hoje 70 modelos disponíveis entre os 100% elétricos (conhecidos pela sigla BEV); os híbridos (HEV, que têm motor a combustão e elétrico, com bateria autorrecarregável); e os híbridos plug-in (PHEV, que também recarregam na tomada). Esse número deve ficar próximo de 100 até o fim do ano com a chegada de novos produtos já anunciados por montadoras como GM, Renault, Stellantis e Caoa-Chery.

 

Model S da Tesla - Foto divulgação

Model S da Tesla – Foto divulgação

 

É da Caoa-Chery, por exemplo, o iCar, compacto que acaba de ser lançado como o automóvel elétrico mais barato do mercado brasileiro. Mas, ainda assim, seu preço começa na faixa dos R$ 140 mil! O modelo elétrico mais vendido no país no primeiro semestre deste ano, o Volvo XC40, custa pelo menos R$ 310 mil. E o arrojado Tesla Model S, que teve 18 unidades vendidas por aqui nesse mesmo período, não sai por menos de R$ 1,5 milhão! Enquanto os valores cobrados por esses modelos mais modernos e ambientalmente corretos não baixarem, o domínio dos carros movidos a gasolina vai continuar no Brasil.

A boa notícia é que a relação de preços entre elétricos e carros a combustão já vem diminuindo. Em 2019, o elétrico mais barato à venda no país era o JAC iEV, que também custava R$ 140 mil –valor 4,88 vezes maior do que o do modelo a combustão mais barato na época, o Chery QQ, vendido a R$ 28,7 mil. Hoje, o iCar custa “só” 2,23 a mais do que o Mobi, o mais em conta entre os carros a combustão (R$ 62,7 mil).

Um carro popular no Brasil tem preço equivalente ao do Microlino, que é uma reencarnação mais charmosa da velha e boa Romi-Isetta e que está sendo lançado na Itália pela Micro Mobility. A versão modernosa dessa máquina capaz de transportar dois passageiros custa € 12 mil, algo como R$ 65 mil.

 

Microlino - Foto divulgação

Microlino – Foto divulgação

 

Os preços dos elétricos caem com o aumento de escala de produção e a redução do custo da bateria. E, por falar em baterias, a Bravo Motor Company (BMC) e a Rockwell Automation acabam de anunciar a construção de uma ‘gigafábrica’ de baterias e veículos elétricos em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Com um investimento de US$ 4 bilhões, planeja montar 22 mil carros elétricos e 44 mil baterias por ano a partir de 2024, com ampliação da capacidade até 2029, quando o projeto estará concluído.

Agora, se você não quer esperar a chegada do Microlino ou a queda dos preços dos carros elétricos até níveis mais razoáveis, saiba que já é possível alugar um. A locadora Movida tem 600 modelos elétricos híbridos e elétricos em sua frota de 191 mil veículos. No ano passado, a empresa inaugurou na Zona Leste uma loja-conceito com 11 carregadores de alta velocidade e ultrarrápidos, que permitem uma carga completa em apenas 40 minutos!

 

Mudança à brasileira

Fora da Europa e da Ásia, a japonesa Toyota tem se ancorado nos modelos híbridos. “Eles são a melhor opção para países como o Brasil, por exemplo, onde investir na popularização de carregadores e postos de abastecimento de baterias elétricas demandaria muito tempo”, explica Masahiro Inoue, presidente da marca para a América Latina e Caribe. Até 2028, o plano é disponibilizar pelo menos uma opção híbrida para cada modelo de veículo já comercializado pela empresa no país.

 

Premium e versátil

Entre as marcas de luxo, a McLaren lança por aqui o híbrido Artura, preservando a conhecida engenharia superleve da marca. O motor elétrico tem tamanho semelhante ao de um disco de freio e, com apenas 15 kg, permite viagens de até 30 quilômetros em modo elétrico quase silencioso. Um piloto do Artura pode ajustar o motor elétrico para priorizar autonomia ou potência, ou ainda optar por desligar o motor de combustão interna. Embaixador da McLaren Automotive, o piloto brasileiro Bruno Senna fez a primeira exibição dinâmica do Artura na América do Norte, pilotando o modelo no Autódromo Internacional de Miami.

 

Híbrido Artura da McLaren - Foto divulgação

Híbrido Artura da McLaren – Foto divulgação