As ações de mobilidade no Brasil pós-pandemia 

As ações de mobilidade no Brasil pós-pandemia 

O período de isolamento e as restrições de circulação vão ficando para trás, enquanto as pessoas voltam a se movimentar: esse fluxo traz novas ações de prefeituras, instituições e empresas. O objetivo agora é evitar aglomerações, reduzir a poluição (trabalhos científicos mostram que ela agrava, entre outras doenças, também a Covid-19) e favorecer a saúde das pessoas.

O carro a combustão, aos poucos, deve sair de cena – as tendências apontam para o fim da era dos combustíveis fósseis, com novos hábitos e modais. Em todo o mundo, os maiores esforços se concentram no incentivo da bicicleta, do pedestrianismo e dos carros elétricos, com ampliação de calçadas e ciclovias, e bônus para compra de bikes e modais elétricos. Confira algumas iniciativas que surgem no país para melhorar o vaivém e a saúde geral:

Elétricos em alta

A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) mudou recentemente a sua diretoria e colocou em prática um conjunto de ações para fazer da eletromobilidade uma realidade no Brasil. Animados com o mercado, que em junho retomou o ritmo do final de 2019 – aumentou em 86% em relação ao mesmo mês, no ano passado –, eles pretendem lançar as bases de um Plano Nacional de Eletromobilidade, com ações junto ao poder público e diálogos com o empresariado e a sociedade.

 

Mais segurança para os ciclistas

Lançado há poucos meses, o aplicativo Bike & Park, do empresário Daniel Kohntopp, dá suporte para os ciclistas, conectando-os com estacionamentos de diversas regiões de São Paulo. O app está ligado a uma rede de 13 estacionamentos, com cobertura de seguro. No primeiro mês, o ciclista utiliza a rede de graça, para degustar e ver se gosta, e a partir do segundo paga R$ 15 mensais.

Já a empresa Kakau, de Henrique Volpi, é uma seguradora que decidiu focar também na bicicleta, modal que teve um boom de vendas nos dois últimos meses segundo a Semexe, a maior plataforma de bikes seminovas no Brasil. Vale lembrar também que, em São Paulo, a Ciclofaixa de Lazer voltou com sucesso no dia 19 de julho, agora operada pela Uber, e a prefeitura prometeu a construção de 110 km de ciclovias nos próximos meses, seguindo o seu Plano Cicloviário.

Novos apps para o transporte coletivo

O transporte coletivo sob demanda, bastante comum lá fora, tem se diversificado também no Brasil. Nesse serviço flexível, as rotas são definidas de acordo com as necessidades dos usuários, em vez de programadas em trajetos e horários fixos. Pelo app Via, o usuário se conecta ao operador, informando localização e o destino desejado. São Bernardo do Campo, Goiânia, Fortaleza e Brasília são cidades que já oferecem o serviço, um complemento ao sistema convencional.

A tecnologia também é aliada do transporte coletivo na hora de recarregar o Bilhete Único: é o caso do Bipay, assistente virtual desenvolvido pela OnBoard Mobility, que faz a recarga pelo Facebook com pagamento por cartão. O objetivo é facilitar o processo e evitar filas indesejáveis nos terminais de recarga.

Músicas para nos distrair, educar e embalar

Músicas para nos distrair, educar e embalar

Foto Divulgação | Murilo Alvesso

Músicas feitas dentro de casa: lançamentos de discos brasileiros na pandemia para nos distrair, educar e embalar.

Uma das questões que temos nos feito quase diariamente é como se manter produtivo durante essa temporada de isolamento. Estamos vivendo tempos extremos, difíceis. No mundo da música, muitos estão sem trabalho remunerado, os shows foram adiados e o que resta ao artista é se manifestar no mundo digital. Para alguns, a situação é opressiva a ponto de levar à inércia e, para outros, a saída é justamente produzir, compor, gravar, escrever. A arte tem nos salvado, a nós consumidores. E também aos artistas. Trago aqui dois exemplos de criação em tempos de Covid.

Adriana Calcanhotto lançou um trabalho que pode ser considerado um diário desses tempos dentro de casa. As canções vêm com data, como se estivessem dentro de um caderno de anotações. Foram compostas no dia a dia, a partir de estímulos internos ou dos acontecimentos no mundo. O disco se chama “” e foi gravado com a colaboração de músicos de várias partes do país, cada um em sua casa ou no estúdio com o jovem compositor paraense Arthur Nogueira, arregimentando o time.

Por isso mesmo as canções ganham novas cores e novos sotaques, é um trabalho brasileirismo, diverso ritmicamente, cheio de camadas como é o nosso tropical e antropofágico país. “Ninguém na Rua” é um batidão, no pensamento, no peito. É a música que abre o disco. Composta em 27 de março às 19 horas. Para quem, como eu, que gosta desses detalhes em uma ficha técnica, essa informação tem um sabor especial. A segunda canção é um clássico de Calcanhotto, uma dessas para tocar no rádio. “Era Só” é emocionante, romântica, fácil sem ser e com o belíssimo piano de Zé Manoel, compositor e músico pernambucano.

Assim segue o disco. São nove faixas, cada uma com a verba das vendas revertidas para um coletivo, para a favela da Maré, Rocinha, Ação Cidadania. Um trabalho absolutamente necessário e assertivo. Dá alento para quem ouve e traz em si a ação, o movimento, a responsabilidade social e comunitária. Um novo mundo.

O outro trabalho que acaba de sair é obra de uma dupla longeva, o casal Pato Fu, Fernanda Takai e John Ulhoa. É um lançamento que sai agora, enquanto escrevo essa coluna. Fernanda Takai em carreira solo é dessas delícias que o Brasil nos dá. As duas primeiras músicas são recados aos que vão melhorar o mundo, nossos filhos e filhas. “Terra Plana”, escrita por John, é uma mensagem de confiança na criação. Diante de tantas inverdades, teremos feito um bom trabalho? A segunda é de Nico Nicolaiewski, “Não Esqueça”. De ser feliz, de se apaixonar, de querer ser feliz, é linda… São dez canções com aquele astral que vem desse casal mineiro, delicado, irônico, maduro. Fernanda cantando lindamente e John compondo cada vez melhor. Participações de MakiNomiya, direto do Japão , e Virginie Boutaud, da França.

Maravilhas que a internet nos proporciona. O disco se chama “Será Que Você Vai Acreditar?” e, assim como “Só”, traz os temas que nos atravessam nesses dias. A solidão, a incerteza, o negacionismo que é preciso combater. E, claro, aquela que é uma das funções maiores da arte, nos distrair daquilo que nos desorienta. Quando você ouvir a faixa “One Day in Your Life”vai entender exatamente o que estou dizendo. Com arranjo delicioso, meio música de brinquedo levada muito a sério, voltei aos 14 anos em uma matinê de bailinho Motown. Ouça bem alto. Duvido que não balance o corpo…

A arte nos salva. A cultura traduz nosso tempo, distrai, embala e educa.

Boa audição!