Bebel Gilberto está de volta ao Rio de Janeiro e divulga novo trabalho

Bebel Gilberto está de volta ao Rio de Janeiro e divulga novo trabalho

 

Foto João Wainer

BEBEL GILBERTO lança neste mês um novo álbum imerso em tristeza contida, amores pelo mundo e no bom humor, diluídos pela atmosfera dos arranjos eletrônicos do pianista norte-americano Thomas Bartlett. “Agora” é o primeiro disco da filha dos ícones da música brasileira João Gilberto e Miúcha depois a morte dos pais, em 2018, e marca o retorno da cantora ao Brasil.

Após morar 20 anos em Nova York, nos EUA, Bebel agradece ao destino por trazê-la de volta ao Rio Janeiro neste momento. “Cheguei em março para ficar somente um mês, depois de uma turnê no Japão, e logo depois veio a pandemia, então ainda não consegui ver a cidade direito, estar com amigos… Mas apesar de estarmos vivendo um período muito difícil, para mim é confortante estar aqui, perto da família, no mesmo fuso horário que eles, divulgando meu disco em português”.

Escrever música é uma terapia e é o que a cantora segue fazendo para se manter firme. “Momentos de crise impactam na criação artística. O setor está lutando para se reinventar”, define. A carioca já lançou um novo clipe, espera ansiosamente o momento de apresentar suas canções ao vivo para o público e faz parcerias à distância em novos singles, como com Mart’nália. “Foi um processo simples. Mart’nália é muito musical e se lembrava da melodia que eu tinha cantado para ela em uma noite em que nos encontramos em Nova York. Tempos depois, a procurei para escrevermos juntas a letra, que acabou sendo finalizada por WhatsApp”. O resultado foi uma música divertida, “Na Cara”, que já está disponível nas plataformas de streaming.

“Agora” traz ainda a bagagem cultural de Bebel pelo mundo. A faixa “Bolero”, em espanhol, é dedicada a um amor vivido em Madrid, e revela as experiências da cantora. “Falo espanhol desde criança, pois morei no México com os meus pais por um tempo e sempre tive vontade de cantar nessa língua. Acho muito sexy! Minhas vivências estão sempre presentes nas composições e o álbum traz pedacinhos da minha vida em diversas canções”, conta. Ouvir as novas músicas de Bebel é uma forma de reviver experiências, como em um sonho ou descanso, e aliviar as tensões.

Setor de e-commerce cresce pelo menos 40% em média no país durante a pandemia

Setor de e-commerce cresce pelo menos 40% em média no país durante a pandemia

Na contramão da crise do varejo físico, o setor de e-commerce cresceu pelo menos 40% no país durante a pandemia do coronavírus

Como alternativa ao isolamento social, o comércio eletrônico ganhou cerca de 5 milhões de novos clientes desde o início da quarentena. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) registrou o lançamento de quase 90 mil novas lojas online a partir de março.

Somente no primeiro mês da crise, o número de consumidores com pelo menos uma compra virtual foi de um milhão. A tendência que fortaleceu as grandes plataformas de comércio online, por outro lado abriu também novos caminhos para o setor varejista e, mais do que isso, criou uma alternativa para pequenos empreendedores.

Lu, a assistente virtual do marketplace Magalu

Lu, a assistente virtual do marketplace Magalu

O grande varejo especializado em e-commerce abriu os braços para lojistas sem infraestrutura e capital para frete. Com suas lojas fechadas, o Magazine Luiza acelerou o projeto Parceiro Magalu, agregando em sua plataforma pequenos negócios em troca de uma comissão por venda.

O programa superou as expectativas do grupo de Maria Luiza Trajano. Lançado em 31 de março, em três meses ultrapassou 40 mil cadastros.

Comércio regional e pequenas lojas de bairro romperam fronteiras e por meio dessa parceria expandiram sua área de atuação para todo o território nacional utilizando o serviço de frete do Magalu.De São Paulo, maior mercado consumidor do Brasil, até Epitaciolândia, no Acre, pequenos comércios ganharam um vendedor poderoso, 24 horas por dia, sete dias por semana.

Já o Mercado Livre, maior empresa de e-commerce do país, vem nadando de braçadas desde o início da pandemia. Seu balanço do primeiro trimestre do ano é recheado de boas notícias. Cresceu 70,5% em faturamento, atingindo um valor líquido de US$ 652 milhões. No total, o volume de vendas foi de US$3,4 bilhões, o que representou um crescimento de 34,2%.

Na avaliação da empresa, atuando em uma das áreas menos afetadas pela pandemia da Covid-19, apesar do impacto inicial e da incerteza financeira de seus clientes, a recuperação começou já em abril.

O levantamento do Mercado Livre na América Latina revela que o marketplace sofreu baixa significativa durante a semana de 18 a 24 de março. No mês seguinte, porém, houve uma forte recuperação, com taxas de crescimento aceleradas em itens vendidos em volume transacionado, da ordem de quase 75%.

E embora o comportamento do comprador tenha se modificado, com redução de compra de itens não essenciais, cresceram as categorias de saúde, produtos cotidianos e brinquedos.

Outras grandes marcas também se movimentaram pelo mundo digital, como a Samsung, que criou a página “Conecte-se à sua casa”, com uma série de ações promocionais direcionadas ao e-commerce de redes varejistas parceiras.

A ViaVarejo, dona das Casas Bahia, Extra.com e Ponto Frio, colocou cerca de 20 mil vendedores, impedidos de ir às lojas, para vender via WhatsApp.

A situação atípica mudou completamente qualquer previsão que se fazia para o comércio eletrônico brasileiro e a primeira experiência de compra online deve fazer com que isso se torne um hábito para as pessoas.

Teatro Oficina lança campanha para arrecadar fundos

Teatro Oficina lança campanha para arrecadar fundos

Zé Celso em cena no Teatro Oficina, no Bixiga

Zé Celso em cena no Teatro Oficina, no Bixiga

O diretor Zé Celso Martinez Correa lança campanha para angariar fundos para o Oficina, a companhia teatral mais antiga do Brasil.

Já passei por tanta coisa na vida, tenho 83 anos, mas essa realmente eu não esperava”, desabafa José Celso Martinez Correa sobre a pandemia do novo coronavírus e a situação do Teatro Oficina, a companhia teatral mais antiga em atividade, fundada por ele e um grupo de estudantes da faculdade de Direito do Largo São Francisco, em 1958. 

Quando iniciou a progressiva escalada do vírus, Zé Celso e seu grupo de 60 atores estavam prontos para reestrear “Roda Viva”encenada por eles em 2019, uma remontagem da clássica obra de Chico Buarque, escrita em 1967. A estreia da peça aconteceu no Rio de Janeiro sob a direção de Zé Celso em 1968, no ápice da Ditadura Militar. 

Em quarentena desde março, o dramaturgo, um dos líderes do movimento contracultural do Brasil, vefazendo livespodcastsescrevendo um livro e divulgando a campanha do Oficina para angariar fundosjá que a situação financeira do teatro se agravou com a suspensão doespetáculos em cartaz: “Roda Viva”, que vinha com o teatro lotadoe “O Bailado do Deus Morto”, de Flávio de Carvalho, que iniciava sua temporada no histórico teatro do bairro do Bixiga. Desde 2016, ano em que deixou de receber o patrocínio da Petrobrás, a companhia enfrenta dificuldades para se manter ativa. 

Sem barreiras e limites 

No canal do Youtube, que tem 25 milhões de visualizações, é possível ver várias peças já encenadas e filmadas, como “Cacilda!Bacantes, “Boca de Ouro e “O Rei da Vela”, escrita em 1933 pelo poeta Oswald de Andrade, foi levada ao palco do Oficina em 1967 e remontada em 2018 com grande sucesso de público. 

Em 2015, o Oficina foi eleito pelo jornal britânico The Guardian como o teatro mais intenso do mundo. O prédio, reformado pelos arquitetos Lina Bo Bardi e Edson Elito em 1992,reflete as ousadas propostas de Zé Celso, conhecido por desafiar convenções. O público e o elenco se mesclam nas diversas galerias desmontáveis, sem barreiras. “O projeto da Lina é fruto de décadas de trabalho, porque não tem diferença de coxia, de palco, de plateia, ele foi sendo esculpido pelo movimento ao longo dos anos, é um teatro vivo”, observa Camila Mota, atriz e diretora há 23 anos na companhia.  

Especulação da vida 

Todo esse espaço criativo e um entorno verde belíssimo, com árvores frutíferassão alvos da especulação imobiliária há mais de quarenta anos, com o grupo Silvio Santos à frente da disputa. O apresentador quer construir três prédios de até 100 metros de altura na região, prejudicando o teatro, que é tombado desde 2010 pelo patrimônio histórico nas esferas federal, estadual e municipal.O projeto do Parque do Bixiga, luta do Oficina e também da comunidade do bairro, busca preservar toda essa riqueza histórica, cultural e ambiental da região, inclusive um rio que atravessa o terreno. 

Durante o isolamento, o movimento se manifestou nas redes sociais do Parque do Bixiga em lives como “O Parque do Bixiga contra a especulação da vida”, com a urbanista Raquel Rolnik e Casé Tupinambá, e “Cursos d’água florestas urbanas como forças políticas”, com Newton Massafumi e Cecilia Herzog. 

Zé Celso ressalta que a luta do Parque Bixiga é pela natureza, pela preservação da vida. “A pandemia nos mostrou que a coisa mais importante do mundo é a vida, não o capitalismo. E a nossa vida depende inteiramente da natureza”.