Que tal uma boa leitura com vinho? Confira opções sobre os encantos da vinicultura

Que tal uma boa leitura com vinho? Confira opções sobre os encantos da vinicultura

Livros essenciais para quem quer se aprofundar no universo do vinho e do consumo, que são também opções de presentes neste final de ano

Se há um ritual de que gosto muito é abrir uma garrafa e me sentar na companhia de um livro, seja no sol ou na sombra, no verão ou no inverno. Essa harmonização é infalível, ainda mais quando os títulos são sobre vinhos! Há uma variedade enorme de livros para ler, aprender e ganhar em cultura e informação a respeito do cultivo, da produção, da degustação e da história do vinho.

Gastei um bom dinheiro em livros em minha vida profissional e garanto a você que um dos três pilares para se saber sobre vinicultura e consumo de excelentes rótulos é lendo. Os outros dois são, claro, degustar com atenção e viajar para vinícolas. Relaciono, abaixo, alguns dos autores mais importantes para se ter na prateleira. Aliás, aproveite o tema para presentear pessoas queridas que curtam vinho. Saúde!

 

Foto Shutterstock

 

• “A História do Vinho”, de Hugh Johnson, um espetáculo de livro com um panorama geral sobre esse universo, por um dos mais consagrados críticos de vinho.

• “Vinho e Guerra”, que é resultado de três anos de pesquisa de Don e Patty Kladstrup, sobre as artimanhas de produtores para salvar seus vinhos durante a Segunda Guerra Mundial.

• “Expert em Vinhos em 24 Horas”. A incrível Jancis Robinson sintetizou seus conhecimentos de forma didática para ajudar na escolha de um bom vinho. A autora sugere maneiras de fazer uma degustação com os amigos e traz dicas para escolher a garrafa certa.

• “Vinho: O Guia Fundamental para Apreciador Moderno”, de Oz Clarke, traz crônicas mundanas do degustador contemporâneo. O crítico inglês dá um panorama de tipos, estilos e regiões, com cerca de 300 vinhos indicados para diversas ocasiões.

• “Wine Folly – Guia Essencial do Vinho”. Madeline Puckett e Justin Hammack, do site Wine Folly, explicam as diversas uvas e estilos em um guia delicioso com um panorama geral e dicas de harmonização.

• “Presença do Vinho no Brasil”, de Carlos Cabral. Um livro sensacional para quem quer saber mais sobre como o vinho começou no nosso país, desde o descobrimento do cultivo até os dias de hoje.

• “As Crônicas Mundanas”, do jornalista Luiz Horta, que tem o melhor texto do jornalismo de vinho no Brasil. Ele reuniu suas crônicas dos tempos em que esteve no caderno Paladar, do Estadão. Imperdível!

• “O Gosto do Vinho”, de Émile Peynaud e Jacques Blouin. Considerado pelos aficionados como um dos mais sérios livros sobre degustação de vinhos. Um clássico, para iniciados.

• “Os Segredos do Vinho para Iniciantes e Iniciados”, de José Osvaldo Albano do Amarante, um livro sensacional com um panorama mundial do vinho.

Vinho como protagonista no restaurante Mont Cristo, em Santo André

Vinho como protagonista no restaurante Mont Cristo, em Santo André

Restaurante Mont Cristo reúne loja de vinhos, wine bar e uma adega com rótulos selecionados em endereço ainda pouco explorado pelos paulistanos

Para quem como eu que vive de degustar vinho e escrever a respeito, não há nada mais gostoso do que ir a um restaurante que seja realmente amigo do vinho e o coloque como protagonista. Por sorte, eles existem. É o caso do Mont Cristo, em Santo André, onde o competente e traquejado sommelier Leonardo Sipriano – que é sócio do empreendimento – exerce com simpatia, competência e muita amabilidade sua função.

O conjunto todo contempla uma loja de vinhos com cerca de 700 rótulos muito variados e a bons preços; um wine bar, com drinques fantásticos; uma adega climatizada para atender ao restaurante e algumas servidoras de vinhos com excelente e variada seleção de garrafas.

 

Foto Luis Vinhão

 

Acho bárbaro quando um restaurante tem essas servidoras, pois permitem tirar apenas uma prova (30 ml), meia dose (60 ml) e uma dose inteira (120 ml), que seria a medida da taça servida normalmente. Assim, o cliente tem a oportunidade de passear por uns quatro ou cinco vinhos, sem exagerar, e pode ainda diversificar sua harmonização com os pratos que pedir.

Em um grupo de mais pessoas, o lugar também acomoda o gosto de cada um. A cozinha é de primeiríssima e até lagosta Thermidor, que não via há anos, servem no cardápio. Eu provei um rosé para começar e curtir o delicioso tartar, preparado pelo maitre Batista, que é mestre nessa receita. Em seguida, Sipriano me serviu quatro tintos de idades diferentes, décadas de 1970, 80 e 90, e um merlot italiano delicioso.

Essa é outra vantagem desse sistema de servir os vinhos, pois caso você não conheça um determinado rótulo caro e famoso, por exemplo, pode comprar apenas uma prova e experimentar. Tomei um delicioso Sauternes e provei o Les Compères, que funcionou como a própria sobremesa. Adorei!
No andar superior, há um salão classudo e com outra servidora com vinhos mais selecionados ainda e um local para se fazer palestras e encontros. E, se você quiser uma garrafa inteira em seu almoço ou jantar, é possível comprar na mesa o vinho a preço da loja, o que é muito raro hoje em dia.

O restaurante fica na Rua das Figueiras, número 631, no bairro Jardim. Coloque Santo André e especialmente o Mont Cristo no seu roteiro enogastronômico. Vale a “viagem”. Saúde!

 

Foto Luis Vinhão

Como as mudanças de estação impactam na produção dos vinhos?

Como as mudanças de estação impactam na produção dos vinhos?

Cada estação do ano traz características distintas aos vinhedos, que refletem na produção e no consumo de rótulos em diversas regiões

O mundo do vinho tem algo de especial. Se visitarmos o mesmo vinhedo em épocas do ano diferentes – especialmente no hemisfério norte, onde as estações são bem demarcadas – visitaremos lugares distintos. Entramos no outono, momento em que se promovem as podas nas videiras, para prepará-las para o inverno – quando as plantações adormecem em uma espécie de meditação para se renovarem e trazer a vida novamente, explodindo em flores e frutos na primavera. No verão, acontece a colheita e tudo volta ao seu ciclo.

Nós, consumidores, tendemos a preferir alguns estilos de vinho conforme a estação, com os espumantes rosés e brancos no verão e na primavera e optamos por tintos no outono e no inverno. Confesso que, indiferentemente da época, minhas escolhas são mais em função do momento e da harmonização. Tenho consumido mais brancos do que tintos e mais evoluídos do que jovens e frescos, esses últimos que também vão bem nesta estação do ano.

Os vinhos têm a capacidade de oferecer sensações diferentes conforme a idade. Na juventude, ficam evidentes aquele frescor e vivacidade e, depois, no amadurecimento, a complexidade e exuberância se ressaltam. Sugiro, a seguir, alguns rótulos para a entrada do outono, entre estilos distintos.

 

Foto shutterstock | Divulgação

Foto shutterstock | Divulgação

 

Na Natural Vinci, indico o Solo Rosso G 2019, do produtor natural Maurizio Ferraro, custa R$ 331 e vale cada gota. Um espetáculo de uva do Piemonte de corpo leve e harmoniza com aperitivos, embutidos, caponatas e pão com calabresa. Já na Prem1um Wines, sugiro o espetacular Vinha do Infante, da Quinta do Infantado. É orgânico, delicioso, fresco e equ ilibrado, e sai pelo valor de R$ 194. Um vinho perfeito para as receitas de bacalhau nesta Páscoa!

E o biodinâmico excepcional do Ernesto Catena, o vinho Animal, custa R$ 194 na Mistral e é um Malbec super fresco, intenso e equilibrado. Esse vinho fica maravilhoso com um queijo emental, com choripan e com as carnes grelhadas. Na De la Croix vinhos, indico o delicioso e fresco Travers de Marceau, um vinho de Saint Chinian (AOC), do Languedoc-Roussillon, das uvas Syrah, Mourvèdre, Carrignan e Cinsault. Sai das mãos do talentosíssimo Monsieur Rimbert e faz sucesso com as térrines, com carnes curadas, com pato, é bem versátil.

No Brasil, recomendo o surpreendente e natural Vitale Pinot Noir, da Valparaiso, um delicioso e fresco Pinot, de fermentação espontânea e uvas orgânicas, que fica um espetáculo com aperitivos, com sanduíches e salada de batatas. Custa R$ 130 no site do produtor.

Por fim, indico um orgânico espanhol de Garnacha e Syrah, que sai por R$ 112 na La Pastina e vale muito a pena. É o Venta La Vega Adaras Aldea em Almansa de El Mugrón e que tem por trás o talento do craque Raul Perez. Aproveite as luzes do outono e saúde!

Bom de Copo: Conheça 6 lugares para degustar vinhos de qualidade em São Paulo

Bom de Copo: Conheça 6 lugares para degustar vinhos de qualidade em São Paulo

Bares, restaurantes e empórios se dedicam a receber bem e apresentam rótulos de qualidade a clientes que não dispensam um bom passeio pela cidade

Lembro quando não existiam bares de vinho na capital paulista. Eu mesmo e meus filhos abrimos um que quebrou, pois ninguém entendia o conceito à época. Foi em 1998, o lugar ficava na rua Araçari, na esquina com a Adolfo Tabacow, no Itaim. Todos achavam estranho uma carta de 36 vinhos em taça e nenhum cardápio, uma vez que havia um balcão com petiscos diversos para se servir à vontade. Entendi, então, que tudo tem o seu momento certo.

Hoje, fico feliz em ver a diversidade de excelentes bares e restaurantes onde é possível se sentar e tomar uma ou mais taças de vinho, além de “beliscar” alguma maravilha. É uma questão de cultura, de hábitos, que agora começamos a ganhar. Consigo, inclusive, listar endereços que primam pelos bons rótulos, com bons preços e, principalmente, com vinhos bem tratados, o que considero fundamental!

Aos sábados, por exemplo, você pode ir ao De la Croix Vinhos (Alameda Lorena, 678, Casa 1), que, das 11h às 18h, transforma sua loja em um delicioso bar a vin, com diversas opções em taça ou garrafa a preço de importador, e com terrines e queijos deliciosos! O local está em uma vila, é um espaço agradável e super bucólico.

No Shopping Iguatemi, dois lugares são muito especiais para se beber uma taça e oferecem um atendimento correto e elegante. O Piselli Sud, que dispensa apresentações, onde se tem sempre opções em taça de boa seleção de espumantes e vinhos, além de diversos acompanhamentos. E o Mistral Wine Bar, que apresenta uma enormidade de garrafas a preço de importador e vinhos em taça. Para acompanhar, peço umas bruschettas muito bem-feitas entre outras opções de queijos e frios. É um ambiente perfeito para marcar um encontro!

Os dois endereços da Daniela Bravin e da Cassia Campos também são pontos obrigatórios para quem gosta de bons vinhos. Falo do Sede, na Rua Benjamin Egas, 261, em Pinheiros – um espaço descontraído e informal, mas que oferece sempre simpatia e qualidade, em uma garagem que se abre para a ruela, e nas calçadas há cadeiras e banquinhos. O outro é o Huevos de Oro, na Pedroso de Morais, 267, que abre no fim da tarde em diante – no andar de baixo há muita descontração e mesinhas na calçada, e em cima o lugar é mais sóbrio e intimista. O destaque são os petiscos da chef Ligia Karazawa, que são sensacionais, e a carta da Cassia e Daniela, que enfatiza os espanhóis, com boas opções de jerezes.

Falta ainda destacar o Restaurante Cais, que fica na Vila Madalena, na Rua Fidalga, 314. O Guilherme Giraldi, uma simpatia e que cuida do salão, é apaixonado por vinhos naturais e tem uma das melhores cartas de taças que já vi, também com bons jerezes. E do talento de seu sócio, Adriano de Laurentis, saem maravilhas da cozinha, para mesa ou balcão. Bom passeio e saúde!

Restaurante Huevos de Oro, em Pinheiros  - Foto divulgação

Restaurante Huevos de Oro, em Pinheiros – Foto divulgação

Surpreendentes rótulos portugueses de diferentes regiões do país do Velho Mundo para compor a sua adega

Surpreendentes rótulos portugueses de diferentes regiões do país do Velho Mundo para compor a sua adega

Minha recente viagem a Portugal, para conhecer o novo quarteirão cultural WOW (World of Wine), em Vila Nova de Gaia, nas margens do Rio Douro, não poderia ter sido mais WOW! Imaginem que o complexo do grupo Fladgate, que compreende o hotel The Yeatman, a renomada Taylor’s e todas suas outras marcas de vinho do Porto como Croft, Fonseca, Krohn contempla nada menos do que sete museus, nove lojas e 12 restaurantes, além de uma escola de vinhos tudo em uma região magnífica que rodeia uma grande praça com vista para o Porto.

Entre visitas e passeios, pude frequentar diversos desses restaurantes e provar diferentes vinhos, aliás o WOW possui uma enorme adega onde circulam cerca de 90 mil rótulos ao ano, e faz questão de mostrar aos frequentadores a enorme diversidade vínica que Portugal tem uma das maiores em termos de castas autóctone e, certamente, a maior se considerarmos o pequeno território. Fantástico… o Brasil é vinte e duas vezes mais populoso que Portugal, mas o consumo per capita de vinho no país europeu é vinte e duas vezes maior que o dos brasileiros!

 

Praça Principal WOW | Foto Divulgação

Praça Principal WOW | Foto Divulgação

 

Anotei os vinhos que degustei com o agradável grupo com quem viajei e relaciono aqui os melhores para você: Porto Taylor’s 20 anos, espumante rosado Soalheiro, Branco Mira de Bucelas, Tinto Proibido A Capela (cem castas sendo 90 tintas e 10 brancas), Terras de Lava Açores, Terras de Bragão e Fonseca Terra Prima orgânico. Experimentei ainda cinco rosés no Pink Palace, um museu dedicado ao vinho rosé dentro do complexo, dos quais apenas anotei o Vale do Bragão Rosé e o Croft Pink, que valem a prova.

Há ainda o Taylor’s Chip Dry, Taylor’s Late Bottled Vintage 2017, Taylor’s Port 10 Years Old Tawny, Taylor Fladgate Vintage Port 2018, Quinta do Pinto, Rol de Coisas Antigas do Campolargo e Quinta das Carvalhas Branco. Amplie a sua lista com as recomendações portuguesas e acrescente outros, como Soalheiro Alvarinho, Abanico Quinta da Passarella, Lagar de Baixo Bairrada Baga do Niepoort, Casa Cadaval Trincadeira Preta e Pintas Character.

Totalizando 36 vinhos em cinco dias de viagem, finalizo as sugestões com Arco d’Guieira, Casa de Santar Encuzado de Curtimenta, Tinta Carvalha chão dos Eremitas do Antonio Maçanita, Ramisco Colares 2012, Krohn Colheita 2005, Taylor’s Vintage Port2018, Taylor’s Reserve Tawny Port, Mapa Vinha dos Pais do meu amigo Pedro Garcias o Carrau Teles, do querido Amigo Mateus Nicolau de Almeida, e o Manoela Douro Vinhas Velhas.

Agradeço ao grupo Fladgate pelo convite. Saúde!