A cantora italiana Laura Pausini celebra 30 anos de carreira com turnê internacional que passará por São Paulo

A cantora italiana Laura Pausini celebra 30 anos de carreira com turnê internacional que passará por São Paulo

Para celebrar suas três décadas de carreira com milhares de fãs em todo o mundo, Laura Pausini sai em turnê internacional e se apresenta em São Paulo no início de março

O ano era 1993. O tradicional Festival de Sanremo, na comuna homônima da Itália, anunciava a vencedora da categoria de artistas iniciantes: uma garota de apenas 18 anos, chamada Laura Pausini, que cantou a música inédita “La Solitudine”. Da noite para o dia, ela passou de anônima a estrela e viu sua vida mudar.

Mais difícil do que alcançar a fama é mantê-la por tantos anos, de forma sempre positiva – algo que Laura soube fazer como ninguém. A cantora chega aos 50 anos de idade em maio e já acumula três décadas de uma carreira consistente na Itália, no mundo e, claro, no Brasil – país que a abraçou e até a incentivou a aprender português, uma das cinco línguas em que é fluente.

 

foto Virginia Bettoja

 

Para comemorar o marco profissional, a artista roda o mundo com sua turnê Laura Pausini World Tour 2023/2024, que teve início na Itália e é seu grande retorno aos palcos. “Não saio em turnê desde 2019 e foi o que mais senti falta nesses anos”, conta. Além da Europa e dos Estados Unidos, Laura passa também pelo Brasil, onde se apresenta em São Paulo nos dias 2 e 3 de março, no palco do Espaço Unimed. Junto a seus clássicos, estão no repertório novidades como as canções “Un Buon Inizio” e “Davanti a Noi”, que fazem parte de seu mais recente o álbum “Anime Parallele” – lançado em outubro do ano passado.

E a cantora segue acumulando feitos e prêmios. Em 2021, foi indicada pela primeira vez ao Oscar e ganhou seu primeiro Globo de Ouro com a música “Io Sì”, trilha sonora do filme “Rosa e Momo”, da Netflix. “Durante esses anos de Covid, vivendo emoções indescritíveis, tive muito tempo para refletir sobre o meu trabalho e percebi que estava me adaptando ao ritmo de quem se contenta. Quero e preciso me dar esse presente: saber que não cheguei ao objetivo, que ainda há mais para descobrir”, reflete.

 

Laura Pausini em show da turnê em Veneza – foto Virginia Bettoja

 

Em entrevista à 29HORAS, Laura Pausini faz um balanço de sua trajetória, fala sobre sua relação com o Brasil e conta como vislumbra o futuro. Confira, nas páginas a seguir, os principais trechos dessa conversa:

Você completou 30 anos de carreira em 2023. Olhando para trás, que balanço faz das últimas três décadas? Quais foram os momentos mais marcantes?
Tenho muita sorte de poder comemorar três décadas na música e tenho essa consciência. É por isso que quando penso nesses 30 anos, me sinto orgulhosa e satisfeita. Trabalhei muito e nunca parei de tentar retribuir o amor que as pessoas sempre me deram. O Festival de Sanremo, em 1993, mudou a minha vida ao me tornar conhecida na Itália e no resto do mundo. Acredito que junto com o Grammy, o Globo de Ouro e a indicação ao Oscar, aprender línguas estrangeiras é uma das coisas mais memoráveis da minha vida, porque me moldou como mulher e cantora.

 

Com seu primeiro Globo de Ouro, em 2021 – foto Courtesy of Gentemusic

 

Quais são as suas recordações do dia, em 1993, em que sua música “La Solitudine” venceu o Festival de Sanremo?
Eu tinha apenas 18 anos, era ingênua e inocente e não tinha absolutamente nenhuma expectativa de ganhar. Nasci em uma pequena cidade italiana no meio do trigo e dos campos. Ser famosa era algo inimaginável para mim. Os italianos votaram em mim e me fizeram ganhar na noite de 27 de fevereiro. A partir desse dia, minha vida e da minha família mudou.

Você foi uma das primeiras mulheres italianas a fazer grande sucesso internacionalmente e a ganhar um Grammy, além de tantos outros prêmios importantes e indicações, como o Oscar. Qual é a responsabilidade de ser pioneira e influenciar tantas gerações seguintes?
É uma grande responsabilidade que, às vezes, me assusta. Espero não cometer erros e dar um bom exemplo levando o nome do meu país pelo mundo. E para alcançar esse propósito, tenho que ser 100% honesta e essa é a minha força. Hoje, todo mundo está em busca de notícias sensacionalistas. Isso gera um pequeno desconforto em mim, porque qualquer um pode inventar ou falar mal sem verificar se as informações são verdadeiras ou não. Então, utilizo minhas plataformas de mídia social em todas as línguas em que canto, para dizer quem realmente sou.

Como foi a maratona de shows #LAURA30, em que, em apenas 24 horas, você percorreu três cidades, dois continentes, cinco idiomas e 30 anos de música? Qual foi o grande propósito desse projeto?
O grande objetivo do projeto foi alcançar as pessoas que me acompanham nesses 30 anos. Escolhi começar em Nova York, porque é a cidade onde canto em cinco línguas diferentes graças ao seu multiculturalismo. Madri é o primeiro lugar onde cantei em espanhol e Milão representa a minha carreira na Itália. Logisticamente, foi muito difícil preparar tudo, mas valeu a pena. Foi uma das aventuras mais bonitas que já tive e me desafiou como nunca.

Você não saía em turnê desde 2019. Qual é a sensação de retornar aos palcos? O que podemos esperar dessa turnê comemorativa no Brasil? Pode dar algum spoiler?
Me sinto como uma menina na frente de uma loja de doces: feliz, curiosa e com fome!
O setlist apresenta mais de 30 músicas, do meu primeiro disco ao último. É uma turnê para celebrar três décadas de história musical compartilhada com meu público. É uma espécie de viagem, um conto feito de canções, mas também de anedotas e fotos muito pessoais e inéditas. Além disso, vou cantar algumas músicas em português, já que é a minha língua favorita!

Ao longo de sua carreira, você teve a possibilidade de fazer parcerias musicais com grandes nomes. Quais foram as mais marcantes? Com quem mais gostaria de trabalhar?
A mais emocionante foi a primeira, com Phil Collins. Eu tinha apenas 19 anos e era louca por ele. Com uma coragem desconhecida, pedi para ele colaborar comigo. Phil foi muito gentil e imediatamente escreveu para mim uma música chamada “Looking for an angel”, que cantamos muitas vezes juntos. Eu o amo imensamente e sempre serei grata a ele.

 

A cantora com Phil Collins – foto Courtesy of Gentemusic

 

Você tem uma relação muito especial com o Brasil. Quando foi a primeira vez em que esteve aqui e quais são as suas melhores recordações no país? Tem planos de vir morar no Brasil?
Minha primeira vez no Brasil foi no Rio de Janeiro, que é a minha cidade favorita no mundo. Eu tinha 19 ou 20 anos e me senti em casa andando por Ipanema. Mesmo não falando português ainda, entendi tudo. Realmente me senti uma pequena menina brasileira. Para ser sincera, tenho muita vontade de morar no Brasil. Mas, antes, eu sonho em conhecer Salvador, na Bahia. Nunca estive lá e seria maravilhoso ter tempo de desbravar essa cidade incrível.

Como foi o processo criativo e de composição do seu novo álbum “Anime Parallele”? Qual é a mensagem que você quer transmitir com esse trabalho?
É um verdadeiro álbum conceitual que conta 16 histórias de pessoas reais, diferentes entre si. É um disco que celebra a diversidade e o direito individual de cada um que, na minha opinião, devem ser respeitados por sermos cidadãos das mesmas ruas, mas de almas, sonhos e desejos diferentes. Vivemos em um mundo que divide lugares, mas não necessariamente ideias. Nesse mundo, representado pelas ruas e calçadas, quero que sempre exista respeito e amor entre as pessoas que o habitam. Eu gostaria que todos tivessem o desejo de se apaixonar pelos seres humanos que vivem simultaneamente como almas em caminhos paralelos.

O novo álbum inclui a canção “Durar (Uma Vida com Você)”, que ganhou uma versão em português com participação de Tiago Iorc. Como surgiu a ideia da parceria?
Eu admiro o trabalho do Tiago faz tempo e fiquei muito feliz quando ele aceitou o convite para cantar e adaptar a música “Durar”. Uma amiga minha, que é brasileira, me apresentou as músicas dele e fiquei encantada. É um poeta muito talentoso e sua voz combinou muito com a mensagem que quis passar com essa canção. Ele ainda aceitou ir até a Suécia para gravar o videoclipe comigo e me ajudou com a pronúncia do português, foi muito gostoso! Espero poder encontrá-lo quando chegar no Brasil e agradecer sua participação e apoio. Ele é um amigo incrível que a vida me deu.

 

A parceria de Laura e Tiago Iorc na música “Durar (Uma Vida com Você)” – foto Nicolas Loretucci

 

Como você vislumbra o seu futuro pessoal e profissional? Tem um grande sonho que ainda deseja realizar?
Os sonhos que se realizaram na minha vida são maiores do que imaginei. Tenho medo de não ser capaz de sonhar, mas estou feliz em dizer que ainda faço isso. A música ainda é algo desconhecido, sempre me faz querer saber mais. Preciso me sentir assim, sonhar que posso me desafiar todas as vezes.

Foto de capa: Leandro Emede

Ana Thaís Matos tem opinião e será comentarista da Copa do Mundo de Futebol Feminino

Ana Thaís Matos tem opinião e será comentarista da Copa do Mundo de Futebol Feminino

No torneio disputado em campo por grandes feras do futebol feminino, os jogos do Brasil terão o reforço de uma craque a mais, atuando como comentarista nas transmissões da TV Globo: Ana Thaís Matos, uma mulher que não pipoca na hora de expor suas opiniões

A partir do dia 20 de julho, as jogadoras das seleções de 32 países entram em campo para disputar a Copa do Mundo de Futebol Feminino, na Austrália e na Nova Zelândia. Para quem estiver acompanhando o torneio pela TV, entra em cena também Ana Thaís Matos – uma comentarista que não titubeia na hora de expor suas opiniões e de “cornetar” jogadores, técnicos e juízes, sempre que necessário. Por causa dessa coragem e da pertinência de seus pitacos, já ganhou duas vezes o prêmio de melhor comentarista esportiva da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo), concorrendo sempre com homens.

Em razão de seu trabalho apontando o dedo para o que está certo e errado no futebol, despertou a ira de torcedores fanáticos que não toleram uma opinião diferente da sua e é constantemente espinafrada nas redes cada vez menos sociais por haters insanos. Hoje, depois de muita terapia, ela tenta não se aborrecer mais com isso e segue sua trajetória exitosa.

 

Foto João Miguel Jr | TV Globo | Divulgação

 

Nascida no Centro de São Paulo há 38 anos e formada em Jornalismo na PUC, Ana iniciou sua carreira profissional como estagiária do jornal “Lance”, em seguida passou pelo canal BandSports e depois brilhou nas rádios Globo e CBN. Desde 2018, trabalha nos canais esportivos do Grupo Globo na TV e na internet. Em 2019, fez sua estreia como comentarista na transmissão de um jogo do Campeonato Paulista. De lá para cá, voou cada vez mais alto – esteve na Copa do Catar, participa de mesas-redondas no canal SporTV e conquistou um quadro semanal no programa “Encontro”, nas manhãs da TV Globo.

Em entrevista à 29HORAS, Ana Thaís fala de futebol, de sua luta contra a violência de gênero, de suas perspectivas para a Copa do Mundo Feminina e até de casamento. Veja a seguir os principais trechos dessa conversa:

Você defende que o esporte é um eficiente agente de transformação social e você é um bom exemplo disso, não? Como ele mudou a sua vida?
Minha família era muito simples, minha mãe trabalhava como faxineira. Nasci em São Paulo, mas cresci numa cidade pequena do litoral paulista, Itanhaém. Nesses lugares onde a presença do Estado é quase nula, as oportunidades são escassas, e é aí que entra o esporte. Ele abre portas, tira crianças e adolescentes da rua, estimula a disciplina, ensina um sentido de unidade, faz você aprender a se relacionar com outras pessoas. Para mim, foi fundamental. Eu tentei ser jogadora de futebol, mas não deu certo. Depois, estudei Jornalismo – graças a uma bolsa do Prouni – e quando me formei resolvi trabalhar com esporte, uma área que sempre me trouxe coisas boas.

Você é uma das pioneiras nessa abertura de espaços para a presença feminina no comentarismo esportivo, mas ainda falta muito para esse universo deixar de ser tão esmagadoramente masculino, não?
Estou no jornalismo esportivo desde 2009. Nesses 10-15 anos, caminhamos muito. Saímos do nada, mas ainda tem muito para acontecer. Qualquer movimento parece um grande passo, e é por isso que eu acho que devemos comemorar as nossas conquistas. Somos poucas, mas estamos abrindo o caminho para muitas outras. Quando eu cheguei na Globo, estava sozinha. Hoje somos várias! Precisamos seguir ampliando a nossa participação, mas a gente tem também de celebrar o que conseguimos e curtir o momento.

 

Ana Thaís com o uniforme que usa nas transmissões de jogos na Globo e no canal SporTV – Foto Manuella Mello | TV Globo

 

Quem foram os grandes comentaristas esportivos da TV que serviram de referência para a sua evolução profissional?
Tive a oportunidade de trabalhar com muita gente bacana, mas eu tomei como referência principalmente o trabalho de comentaristas de fora do esporte. Entre os grandes do comentarismo esportivo, admiro o Casagrande, justamente porque ele não se limita apenas a falar de esporte, tem um lado humano e uma preocupação social. E a Renata Fan foi também muito importante para mim. Eu trabalhei como produtora dela e posso dizer que é uma profissional incrível. Ela chegou como miss – é uma mulher lindíssima – e poderia pegar o caminho mais fácil, se sustentando só por isso. Mas contrariou muita gente, não foi apenas o que queriam que ela fosse. Estudou Direito e Jornalismo, é uma empresária, comanda a sua carreira e enfrentou muitas barras até chegar onde chegou. É uma mulher fenomenal. Sua trajetória foi muito inspiradora para mim.

Você estuda esquemas táticos para ter uma melhor “leitura” dos jogos?
Sempre. Antes de cada transmissão, tenho uma rotina de duas a três horas de estudo. Não uso estatísticas e números sem inseri-los em um contexto, acho que esses dados servem para embasar meu raciocínio, mas tenho de usá-los como ferramenta de apoio para o mais importante do meu trabalho, que é explicar porque um time está ganhando ou perdendo, qual o problema da equipe que está sendo derrotada, qual o ponto positivo que justifica a vitória de quem está ganhando. O jogo é uma história com começo, meio e fim, e eu decifro e traduzo essa trama para quem assiste.

Em uma entrevista recente, você disse que “está comentarista” e que gostaria de um dia voltar a ser repórter. Essa ideia ainda está de pé?
Repórter eu sempre vou ser, mas esse é um projeto que, no momento, está em ‘stand by’. Perdi o contato com todas as minhas fontes quando comecei a atuar como comentarista – não faz sentido eu ligar para uma pessoa cujo desempenho eu eventualmente vou criticar na TV. Quando comecei, nunca pensei que um dia eu seria comentarista. Trato essa posição não como um lugar que é meu e será assim para sempre. No futuro as coisas podem tomar rumos diferentes. Não me fecho para nenhuma outra possibilidade – me espelho em Fátima Bernardes, a maior comunicadora do país e a maior camaleoa. Uma mulher que teve a coragem de mudar.

 

A paulistana curte uma tarde de futebol e resenha na arquibancada do Maracanã – Foto reprodução Instagram

 

E você usa o seu espaço também para discutir questões como machismo estrutural, violência contra a mulher e a naturalização do abuso sexual. Nunca deixou de expor suas convicções sobre esses temas nos casos Robinho, Dani Alves e Cuca. Você se sentiu solitária, uma vez que parte de seus colegas da mídia, dos jogadores e das torcidas ainda insiste em “passar pano” para esses comportamentos tóxicos e criminosos?
Eu vejo uma evolução nisso. Quando a Eliza Samúdio, há 15 anos, foi aos jornais avisar que estava sendo ameaçada pelo goleiro Bruno, foi chamada de ‘Maria Chuteira’ a fim de holofotes. Só não enxerga o abuso quem não quer. Eu sempre falei e seguirei falando dessa questão de violência de gênero, não porque eu me resuma a isso, mas por achar que uma mulher no lugar que eu ocupo tem a obrigação de contar a história de uma maneira diferente do que ela vinha sendo apresentada. Esse, para mim, é um princípio básico, e nunca vou recuar ou abrir mão disso. No caso Robinho, alguns homens já vieram junto, se tocaram de que um caso de estupro não pode ficar impune. No caso Daniel Alves, ficou ainda mais óbvia a gravidade. E, no caso Cuca, revisitamos o passado para ver como esse assunto era tratado de forma condescendente. Já me senti sozinha, sim. Nem sempre sou ouvida e respeitada. Mas, hoje, creio que tem mais gente pensando como eu e lutando pelas mesmas ideias e causas que defendo.

Deve ser duro ser comentarista profissional e perceber que existe um monte de comentaristas da vida alheia opinando sobre a sua, né? Gente que diz que o seu lugar é na cozinha, e não na Copa…
Já sofri muito com coisas que ouvi e li sobre mim, mas trabalhei isso na terapia e me distanciei desse círculo de ofensas. Os haters precisam muito mais de mim do que eu deles. A minha opinião é muito importante para eles, e a deles é irrelevante para mim. Mas o que eu acho mais bizarro é o tratamento que a mídia mais sensacionalista dispensa a mim. Nesse vale-tudo por cliques, muito do que eu digo ou posto na web é distorcido para gerar polêmica. E isso acontece em especial comigo, porque essa gente parece acreditar que uma mulher jamais poderia ter dito aquilo. Isso é uma tentativa de silenciamento e uma desqualificação do meu pensamento, que apenas é valido se for reafirmado e chancelado por outra pessoa – em geral, um homem. Mas deixa para lá, segue o jogo…

Voltando para o esporte, o que falta no futebol feminino para ele ter no Brasil a popularidade e o peso que já tem em outros países?
Acho que ele precisa de investimento, de investidores que acreditem de verdade no produto. Não adianta a lei exigir que o clube tenha um time feminino e a agremiação colocar as meninas para jogar num gramado esburacado, sem estrutura para treinos, uniformes decentes e aquele apoio todo de fisioterapia, nutrição e até psicologia. A criação de equipes femininas não é um “favor” que o clube está fazendo, é uma imposição da Fifa. E essa obrigação legal precisa ser cobrada. Todo grande time deveria não só cumprir a exigência da lei, mais ir além e oferecer mais, em nome do esporte e da qualidade do espetáculo. O futebol feminino merece isso e aqui no Brasil pode ser muito maior do que é hoje. Com jogos mais atraentes, é mais fácil o investimento gerar o tão desejado retorno.

 

Ana Thaís antes do desfile 2023 da escola Mocidade Unida da Mooca – Foto reprodução Instagram

 

Quais são suas expectativas para essa Copa do Mundo da Austrália/Nova Zelândia. Quem são as candidatas mais fortes ao título?
Essa Copa será muito equilibrada. A pandemia atrapalhou a preparação de todas e “nivelou” as seleções. Uma equipe supertradicional no futebol feminino, a China, teve sua programação de treinos toda comprometida por causa dos lockdowns. Os Estados Unidos seguem sendo a potência da modalidade, mas as seleções europeias evoluíram muito, como Espanha, Alemanha, Inglaterra e França. Acho que podemos ter uma campeã inédita.

A seu ver, a seleção brasileira está em um bom caminho?
A seleção tem um trabalho de quatro anos, comandado pela técnica Pia Sundhage. Ela mudou a forma de jogo do futebol brasileiro. Abriu mão de um estilo calcado nas individualidades e no improviso em nome de um esquema mais coletivo, tático e físico. Ela fez muitos testes, rejuvenesceu o time e fez uma boa preparação, enfrentando as principais seleções do mundo. Dá para dizer que o Brasil chega forte para a competição.

Como vai ser a equipe da Globo na cobertura desse evento?
Lá na Austrália, as reportagens ficarão a cargo de Marcelo Courrege, Denise Thomaz Bastos e Gabriela Moreira. As transmissões das partidas serão ancoradas daqui do Rio. Para os jogos do Brasil, a narração será de Renata Silveira, e eu e o Caio Ribeiro seremos os comentaristas.

E, por fim, para quando é o casamento? Até quando você vai ficar iludindo o Rafael?
A mãe dele vive me cobrando: “Quando é que sai esse casório? Não enrola muito, tá?”, e um pedido da sogra a gente tem mais é que obedecer, não é? Se tudo correr dentro do planejado, o casamento será em outubro de 2024.

 

Momento em que foi pedida em casamento por Rafael Falanga, que é presidente da agremiação – Foto reprodução Instagram

Pousada RiiA, na praia de Barra Grande, em Maragogi, inova ao aderir ao topless em seus espaços comuns

Pousada RiiA, na praia de Barra Grande, em Maragogi, inova ao aderir ao topless em seus espaços comuns

A RiiA, primeira pousada 100% AirBnb do Brasil, traz uma novidade para aqueles que querem curtir a viagem com ainda mais liberdade: a prática de topless na área da piscina

Maragogi, é um refúgio ideal para quem busca neste verão um cenário paradisíaco. Com natureza preservada, praias de mar azul turquesa e belíssimas piscinas naturais, o destino faz parte da chamada Costa dos Corais uma área de proteção ambiental que se estende por cerca de 120 km ao longo da costa, e vem conquistando os brasileiros e atraindo os olhares do mundo todo.

Não faltam excelentes opções de hospedagens para todos os gostos, bolsos e estilos. A apenas 200 metros da praia de Barra Grande e a 15 minutos de caminhada da praia de Antunes, a RiiA, primeira pousada 100% AirBnb do Brasil, se destaca pela vibe descolada e traz uma novidade para aqueles que querem curtir a viagem com ainda mais liberdade: a prática de topless na área da piscina. Primeiro estabelecimento da cidade a permitir que as clientes fiquem bem à vontade, a pousada teve um aumento de 50% na procura por estadia após a liberação.

Piscina da Pousada RiiA, em Maragogi - Foto Divulgação

Piscina da Pousada RiiA, em Maragogi – Foto Divulgação

 

O motivo por trás da decisão é bastante interessante. Em 2021, o lugar participou do Outubro Rosa (mês de conscientização sobre o câncer de mama), com uma campanha que relacionava a prática do topless à importância do autoconhecimento e do olhar ao corpo da mulher. No vídeo divulgado, os proprietários Mari e Riva ensinavam o autoexame nas mamas dele, já que ela não podia mostrar os seios. O sucesso foi tanto que, logo depois, os hóspedes pediram pela liberação do topless no estabelecimento.

Com a proposta de ser uma casa de amigos, a pousada tem 1.500 metros quadrados de área verde e clima intimista e aconchegante. Conta com apenas sete suítes e áreas comuns descontraídas que incluem churrasqueira, cozinha equipada, rede e cama suspensas para casal, barra de pole dance para quem quer se arriscar na dança! Varanda onde é servido o café da manhã, balanço, piscinas de adulto e de criança e sala de TV.

Considerada uma das melhores praias de Maragogi, Barra Grande abriga piscinas naturais e o famoso Caminho de Moisés um banco de areia que fica aparente apenas no período de maré baixa e lembra a passagem bíblica de Moisés ao abrir o Mar Vermelho. Para ver de pertinho esse fenômeno natural, o ideal é visitar o destino na época de Lua Cheia e Lua Nova.

 

Caminho de Moisés, na praia de Barra Grande - Foto divulgação

Caminho de Moisés, na praia de Barra Grande – Foto divulgação

Pousada RiiA
Rua Sirigado 69, Barra Grande, Maragogi, Alagoas
Tel: (41) 998-444-489
Diárias a partir de R$ 300.

Novos cantores baianos nos presenteiam com canções que têm como referência ícones da cultura nacional

Novos cantores baianos nos presenteiam com canções que têm como referência ícones da cultura nacional

Que a Bahia tem um jeito, a gente sabe faz tempo. Mas neste verão o destino mais cobiçado de todo o Brasil ganha ainda mais destaque com a nomeação de Margareth Menezes como Ministra da Cultura do novo governo que se inicia. Uma mulher preta, baiana, pioneira na mistura e no lançamento do que se chama pelo mundo de “afro pop brasileiro”. No começo dos anos 1990, Margareth abriu shows de David Byrne com seu samba reggae e incluiu o Brasil no “african pop” de Salif Keita e Angelique Kidjio.

Em uma entrevista que fiz com ela, em 2019, falamos sobre isso. Margareth perguntava “se tem pop rock, por que não tem afro pop?” E contou do encontro das claves afrobrasileiras com a sonoridade da música pop e da canção no país. Estética que encontramos em todos os seus discos, e nos trabalhos de Carlinhos Brown, na proposta de Letieres Leite e sua Rumpilezz, em Bayana System, em Josyara e em Rachel Reis. Cada um com sua personalidade, mas com essa base do ritmo, da malemolência das ladeiras de Salvador, da aridez poética do sertão, do calor da beira mar.

Margareth Menezes | Foto Divulgação

Margareth Menezes | Foto Divulgação

 

Por falar nisso, Josyara é baiana de Juazeiro e lançou agora seu segundo disco solo chamado “ÀdeusdarÁ”. A faixa que abre é “ladoAlado” e tem a participação de Margareth Menezes. Josyara conta que ouviu os discos dessa artista referência durante a pandemia, com saudades de casa. O já citado aqui “Afropopbrasileiro”, “Autêntica” e, especialmente, “Kindala”, de 1991. O repertório que encantou o mundo fez a cabeça também dessa jovem compositora baiana. Cantar é político, compor, fazer música, apresentar seus pensamentos num show, num disco, tudo isso muda o mundo. Josyara tem um violão muito forte, comparado ao de Catia de França outra grande referência, mas nesse trabalho, começou a compor a partir de beats eletrônicos, samples, bases rítmicas. Um disco lindo!

Rachel Reis é outro fenômeno desses tempos digitais. Mais jovem ainda que Josyara, essa menina de Feira de Santana estourou com a canção “Maresia”, misturando canção com arrocha e pagodão baiano. Música de festa, boa para dançar. E que traz essa tradição de que fala Margareth, o que ela chama de “protagonismo da mistura”, que vem de Raul Seixas, de Gilberto Gil, de Caetano Veloso. Do rock ao tropicalismo, a presença da Bahia se apresenta nas mais diversas manifestações da música feita no Brasil. Até em Adriana Calcanhotto na eletrônica “Ogunte”, do disco “Maré”. Também em Maria Gadú, cantando “Baianidade Nagô” em ritmo ralentado.

Aproveito para convidar você que me lê para ouvir o “Vozes do Brasil”, na Rádio Cultura de São Paulo. Baixe o app, entre no site, há vários caminhos! No ar às sextas feiras, às 17h, e, aos sábados, às 19h. Fiz um programa especial sobre a Bahia, com toda essa história contada por meio da música. Aproveite a Bahia com trilha sonora. Bom verão para nós!

Acesse todas as músicas no 29HORAS Play. Aproveite!

Conheça o charmoso vilarejo de Caraíva, com diversas opções de lazer e de gastronomia

Conheça o charmoso vilarejo de Caraíva, com diversas opções de lazer e de gastronomia

Antes da pandemia, a vila a 30 km ao sul de Trancoso era frequentada apenas por turistas mais aventureiros. Hoje, essa pérola do litoral baiano se tornou uma espécie de Ibiza brasileira, um destino inesquecível

Pouca gente sabe que Caraíva, fundada em 1530, é a vila mais antiga do Brasil. E foi ao largo desse lugar de rara beleza, onde o rio de mesmo nome se encontra com o mar, que foi avistado o Monte Pascoal por Pedro Álvares Cabral. Até poucos anos atrás, a luz elétrica vinha de geradores e o lugar oferecia apenas restaurantes de pescadores e poucas pousadas rústicas. Com o sucesso estrondoso de Trancoso na última década, as pessoas começaram a explorar as praias mais ao sul, em especial a praia do Espelho que fica na metade do caminho para Caraíva e que trouxe rapidamente condomínios e atrações internacionais para coroar suas festas de Réveillon.

Mesmo tendo que enfrentar 30 km de estrada de terra e uma fila para atravessar o rio Caraíva de canoa, a vila original cresceu, formando mini bairros e adentrou o limite da reserva dos índios pataxós, originários do lugar. Uma parte importante da magia é que não se entra de carro por ali. Os únicos veículos que circulam são as charretes puxadas por jegues, que levam as malas dos turistas quando a pousada fica mais distante.

A população mais que dobrou em poucos anos, com a ocupação por brasileiros e europeus moradores que vieram para ficar, já que a era do home office se estabeleceu. Hoje, o refúgio conta com inúmeros restaurantes de todos os tipos de culinária e pousadas de luxo, algumas até com heliponto. Listo, então, alguns dos melhores estabelecimentos.

Foto Shutterstock

Foto Shutterstock

 

Em primeiro lugar destaco o imbatível Boteco do Pará, que está ali desde que conheço a região, há 25 anos. Para os que gostam de cerveja, o lugar oferece a mais gelada de Caraíva, além do melhor pastel de arraia e do melhor peixe assado na telha pescado pelo próprio Zé Pará, proprietário e nativo da região. Sempre peço caipiroska de cajá para acompanhar o fabuloso pôr do sol no rio. Perto dali, está o bar Comune, que também apresenta o mesmo visual privilegiado. O local foi um dos primeiros a trazer uma chef e um mixologista de São Paulo para a vila. Com drinques super bem executados para acompanhar tostadas de avocado ou tartares variados, é parada obrigatória.

A Cachaçaria é, como o nome sugere, um bar que serve talvez as melhores caipirinhas de Caraíva, mas também é um restaurante com cardápio surpreendente, onde você pode pedir desde um cupim com musseline de batata baroa e agrião até um ótimo prato vegetariano ou mesmo vegano. Já o Odara está sempre lotado, com um menu autoral, que vai de frutos do mar variados até um medalhão com aligot… que tal?

E se der vontade de comer uma pizza no melhor estilo napolitano, acabou de abrir uma tão boa que já virou point e fica na praça bem em frente à chegada das canoas. Para fechar a noite, é no forró do Pelé, também na avenida dos Navegantes, onde tocam as melhores bandas até o dia raiar.

Se quiser um pico mais isolado, atravesse o rio, ande por 2 km e vá até a ponta do Satu! No caminho, tome um banho na Ponta do Camarão, o melhor mar da região. Aproveite e boas festas!