Erika Januza se prepara para brilhar no Carnaval como rainha de bateria da Viradouro

Erika Januza se prepara para brilhar no Carnaval como rainha de bateria da Viradouro

Com muito brilho, a atriz Erika Januza assume mais uma vez o posto de rainha de bateria da Viradouro e divide seu tempo com produções em diferentes streamings

O coração de uma escola de samba talvez seja o posto de rainha de bateria. Toda a pulsão e a energia que os movimentos – ora suaves, ora intensos – que ela evoca na Avenida são essenciais para a composição e a harmonia de toda a agremiação. E Erika Januza – atriz natural de Contagem, em Minas Gerais – sabe bem dessa responsabilidade. “Acho importante estar presente em todos os ensaios, assim como é fundamental acompanhar outros eventos relacionados à escola”, enfatiza.

Desde 2021, ela representa a Unidos do Viradouro – escola de samba de Niterói. Mas o Carnaval é uma paixão antiga. Antes, foi musa de bateria da Império Serrano, Império da Tijuca, Vai-Vai, Grande Rio e Salgueiro. “Fico nervosa da mesma forma e me emociono todos os anos”, compartilha.

 

foto Márcio Farias

 

Imersa também nas gravações de uma releitura de “Dona Beja” para a HBO – que promete envolver o público como a versão original da TV Manchete, de 1986 –, Erika interpreta a personagem Cidinha e opina que, agora, a obra será mais ajustada ao nosso tempo: “Atores negros compõem lindamente o elenco principal!”

Em entrevista à 29HORAS, Erika Januza compartilha detalhes da intensa rotina de uma rainha de bateria, lembra o início de sua carreira e discorre sobre as produções que refletem seu trabalho diversificado na atuação. Confira os principais trechos:

Você é rainha de bateria da Unidos do Viradouro. Como é a preparação para viver os dias intensos de Carnaval? Como concilia os ensaios com a sua rotina de gravações?
Por coincidência, nos meus três anos como rainha, também estava envolvida em outros projetos como atriz. Já me acostumei e gosto dessa correria. Eu tento sempre priorizar os ensaios, seja os de rua ou de quadra. Acho importante estar presente em todos, assim como é fundamental acompanhar outros eventos relacionados à escola. Carnaval não se faz apenas com o desfile na Avenida. E para dar conta de ter energia do começo ao fim, tento manter uma rotina mais regrada, sem excessos. Descanso é o mais difícil, mas uma boa hidratação e atividade física são essenciais.

 

Erika em ensaios na Unidos do Viradouro – foto divulgação

 

O que significa ser uma rainha de bateria? Quais mulheres do Carnaval e do samba te inspiram?
Desde criança era apaixonada pelo que via na TV. E mesmo parecendo distante da minha realidade, desse amor veio o desejo de fazer parte da festa, de estar presente no Carnaval, em especial no Rio de Janeiro. Me emociono e fico nervosa da mesma forma, todos os anos. Quando o convite para assumir o posto de rainha surgiu, foi uma mistura de sentimentos, da alegria à responsabilidade de estar à frente do que é o coração da escola. De maneira geral, muitas mulheres me inspiram…adoro uma ex-rainha de São Paulo chamada Arielen Domiciano. Ela tem uma energia que nunca vi igual. E algumas das mulheres que admiro nem estão no holofote. Neste ano, por exemplo, decidi enaltecer o trabalho feminino de guerreiras, artesãs de várias regiões do país, que vivem de suas artes e sustentam suas famílias. Elas mandaram suas peças e meu stylist, Vitor Carpe, criou as fantasias com esses adereços.

Como é a sua relação com a escola de samba? Você já desfilou em outras agremiações, quais singularidades a Viradouro traz para o Carnaval do Rio?
A minha relação é a mais próxima possível! A cada ano que passa tento me aproximar ainda mais da comunidade que faz a magia acontecer. Na Viradouro, quase todo mundo se conhece e o trabalho flui de maneira organizada, super profissional. Essa escola tem algo de especial, um sentimento forte de que todo mundo está unido em um mesmo propósito. E essa família tem força, acredita em si mesma e envolve qualquer um que se aproxima.

 

Celebrando o terceiro lugar da Viradouro, no Carnaval de 2022 – foto divulgação

 

Lembrando o início de sua carreira como atriz, como foi sair de Contagem, em Minas Gerais, para morar no Rio de Janeiro?
Foi um desafio inesperado e maravilhoso. Eu me vesti de coragem e vim para o Rio! Tinha fé de que as coisas dariam certo. Mas deixei tudo em stand by em Minas, caso algo desse errado. Minas está em mim, em tudo. Minhas referências, minha formação, minha essência. Mas adotei o Rio como a minha casa, é a cidade que me acolheu. Sempre gostei de fazer minhas coisas sem necessariamente ter a companhia de alguém. E aqui no Rio faço muito isso. Saio para jantar, vou ao cinema… Adoro essa liberdade – um pouco contraditória – que a cidade traz. Falo em contradição porque, infelizmente, convivemos com essa violência urbana cada vez mais crescente.

Como você começou a atuar? Quais são as suas referências hoje?
As artes cênicas entraram na minha vida em 2012, com meu primeiro trabalho. Digo que a minissérie ‘Suburbia’ foi minha primeira grande escola. E fui aprendendo cada vez mais com outros projetos. Quando mais jovem, não tinha muitas atrizes negras para me inspirar. Mas amava ver, por exemplo, Taís Araújo em ‘Xica da Silva’, Isabel Fillardis como Ritinha… dona Ruth de Souza, Zezé Motta, Léa Garcia. Elas foram inspiração para uma geração orgulhosa e sonhadora com as possibilidades que um dia poderiam existir para todos nós. Ainda em Minas, a TV foi a minha janela. Era ali, consumindo as novelas, em especial, que eu sonhava. Hoje me sinto completamente realizada em minha profissão. Mas ainda cheia de desejos a realizar!

 

A atriz em “Suburbia” – foto Rede Globo | AF Rodrigues

 

Alguns de seus papéis em novelas da TV Globo, como “Em Família”, “O Outro Lado do Paraíso” e “Amor de Mãe”, eram dramáticos e a questão do preconceito e da luta antirracista atravessavam suas personagens. Como é, para você, abordar esses temas por meio da atuação? Quais outras temáticas gostaria de vivenciar nesse formato televisivo?
Falar sobre racismo foi algo que demorei para fazer. Mas vivi muito. Precisei amadurecer antes de me expressar para o mundo. Mas entendi que isso se fazia necessário e urgente! Poder dar voz a personagens que trazem narrativas que pertencem ao universo de uma mulher preta é algo que me motiva. Dar nome às formas de preconceitos que ainda vivemos nesse país, que é tão miscigenado e preconceituoso, ao mesmo tempo, é algo essencial. O que me encanta ao aceitar um trabalho é um combo: uma boa história, uma boa personagem, uma equipe afinada e ter a oportunidade de ser uma atriz boa para aquela personagem. Para além da temática do preconceito, não sei se há um tema central que desejo representar. Até porque sou muito grata às oportunidades que tive ao longo da minha caminhada, ainda em construção, mas tão diversa. Mas sonho com algumas personagens, como ser uma vilã… e fazer Xica da Silva e Elza Soares!

 

Gravando “A Magia de Aruna” – foto divulgação

 

Você inicia 2024 com muitos trabalhos em diferentes streamings. Está em “Arcanjo Renegado”, produção do Globoplay, e em “Magia de Aruna”, do Disney+. Quais são as diferenças e as semelhanças em relação às novelas?
‘Arcanjo’ me ajudou a amadurecer muito enquanto artista. A personagem passou por muitas mudanças, amadureceu também. Compor esse arco dramatúrgico é riquíssimo. Estou apaixonada pelo gênero. Fazer ação é uma delícia! Sobre ‘Magia de Aruna’, ter recebido o título de bruxa brasileira da Disney foi uma honra. Foi um encontro lindo com Cleo Pires e Giovanna Ewbank. É uma série leve, cheia de efeitos e magia. Mexer com o imaginário das pessoas é muito interessante. A novela tem um batidão, uma entrega diária e a obra é aberta. Tudo pode acontecer. Não dá muito tempo de parar para olhar para trás. A gente tem que se apropriar do processo. Em uma série, geralmente, a gente já entende o caminho pelo qual o personagem e a história seguirão. A forma de compor acontece antes mesmo de entrar no set. Se tem melhor? Se eu prefiro alguma? Não! Amo meu trabalho, independentemente da plataforma.

 

Na série “Arcanjo Renegado” – foto divulgação

 

Você também está gravando o remake de “Dona Beja”, do HBO Max. Como foi sua preparação para viver Candinha? Poderia compartilhar um pouco mais sobre a sua personagem?
‘Dona Beja’ vem como uma releitura da história. Estou muito feliz em fazer parte desse capítulo novo da dramaturgia, que é uma novela no streaming. A história vem cheia de surpresas arrebatadoras. O texto é fortíssimo e mexe muito comigo. Terei a oportunidade de dizer em cena tantas coisas que sinto na vida real. E foi uma obra emblemática, que povoa o imaginário de muita gente. Fez muito sucesso na época em que foi exibida. Não busco inspiração na versão original, estou focada no texto, que me deu todos os elementos para dar forma à personagem. Como se trata de uma releitura, é uma obra mais ajustada ao nosso tempo. Atores negros compõem lindamente o elenco principal. Aguardem: vai valer a pena!

Depois do Carnaval e das gravações de “Dona Beja”, o que planeja para 2024?
Ainda tem muita gravação de ‘Dona Beja’ pela frente e mais uma temporada de ‘Arcanjo’. Espero que seja um ano de muito trabalho, com um projeto emendando no outro.

 

foto divulgação

 

Foto de capa: Guilherme Lima

Anitta sobe aos palcos a partir deste mês com sua maratona carnavalesca “Ensaios da Anitta”

Anitta sobe aos palcos a partir deste mês com sua maratona carnavalesca “Ensaios da Anitta”

Prestes a subir aos palcos com sua maratona carnavalesca que passará por 10 cidades brasileiras, Anitta reflete sobre seu novo momento de vida e seu sucesso internacional em constante ascensão

Já estamos em 2024, mas, de acordo com os apaixonados por folia, o ano começa somente após o Carnaval. Há uma verdade nisso, pois o clima festivo de dezembro combinado com o verão e seguido pelas férias de janeiro pede uma prorrogação na alegria. E se tem uma pessoa que sabe festejar e contagiar como ninguém o grande público, ela atende pelo nome de Anitta. 

Todos estão familiarizados com o sucesso estratosférico da cantora, que nos últimos anos alcançou patamares nunca imaginados por artistas brasileiros. Ela tem dedicação, foco, visão estratégica e consegue encarar com naturalidade situações que fariam a maioria das pessoas tremer na base. Anitta já se apresentou nas mais importantes premiações da indústria da música para plateias recheadas de ícones e figurões mundiais; deu entrevistas em inglês em programas de destaque na televisão dos Estados Unidos, como “Jimmy Kimmel Live!” e “The Tonight Show”; esteve no line-up dos maiores festivais de música do mundo, como Coachella e Lollapalooza; e atuou em espanhol na série “Elite”, da Netflix. 

 

foto Andre Nicolau

 

Hoje, entretanto, a nossa garota do Rio quer mesmo ser feliz, escolher a dedo projetos que lhe deem prazer e, acima de tudo, se divertir e aproveitar a jornada. “Sempre falei que iria me aposentar aos 30 anos e de fato tenho essa vontade, só não parei de fazer os projetos de que realmente gosto”, confessa a cantora, que completou 3 décadas de vida em março . Entre eles, o Carnaval é sagrado. 

Com a nova temporada de “Ensaios da Anitta” – maratona carnavalesca que acontece de janeiro a fevereiro em Salvador, Floripa, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio, BH, Vitória, Curitiba e São Paulo –, a poderosa se prepara para ficar cerca de quatro horas em cima do palco por 11 dias praticamente seguidos. É intenso, mas ela garante que se sente realizada. A edição de 2024 trará como novidade uma releitura de suas músicas antigas e, em cada cidade, uma escola de samba será homenageada. 

Em entrevista à 29HORAS, a cantora fala não apenas de Carnaval, mas também de seu sucesso estrondoso mundo afora, de seu novo álbum focado no mercado externo e faz um balanço da carreira até agora. Confira, nas páginas a seguir, trechos dessa conversa.

O que podemos esperar da temporada de pré-carnaval “Ensaios da Anitta”?
Há muitos anos tive a vontade de fazer um bloco de Carnaval. Depois, amadureci um pouco a ideia e decidi fazer um show dos ensaios, única e exclusivamente porque me divertia demais. Eu amo show de Carnaval, axé e misturar músicas que têm a cara do verão. Para essa temporada, renovei um pouco o repertório e acredito que a galera vai curtir. Sempre gosto de incluir canções de outros artistas como Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Harmonia do Samba, Daniela Mercury e Margareth Menezes, mas esse ano farei uma releitura das minhas músicas antigas. Preciso destacar também os looks, que estão inacreditáveis, um verdadeiro sonho! Fizemos em parceria com o stylist Daniel Ueda e vamos homenagear uma escola de samba em cada dia.

 

Shows da série ‘Ensaios da Anitta’ pelo Brasil – foto Julia Bandeira

 

Está ansiosa para o Carnaval? Além dos Ensaios, o que você pretende fazer nesse período?
É o único período que escolho para estar no Brasil e me preparo com alimentação saudável e uma rotina de treinos para conseguir aguentar cerca de quatro horas em cima do palco cantando sem parar e por muitos dias seguidos. Além disso, ando com uma fonoaudióloga o tempo todo para me ajudar a não perder a voz. Não sou super disciplinada, então começo a preparação alguns dias antes. Estou doida para começar logo e para acabar logo, porque é muito cansativo e fico destruída (risos). Brincadeiras à parte, me divirto demais! Hoje escolho fazer só o que me dá prazer. Os únicos momentos em que faço shows são o verão e o Carnaval. Estou muito nessa fase de me divertir e aproveitar. Sempre falei que com 30 anos eu iria me aposentar e de fato tenho essa vontade, só não parei de fazer aquilo que eu realmente gosto.

Você tem uma visão empresarial muito forte tanto para a música quanto para outros negócios. Quem é a sua grande inspiração e como desenvolveu essa faceta ao longo dos anos?
A forma como fui fazendo tudo foi muito pela minha intuição e pelo meu estado de espírito. Se estou me sentindo confortável, gostando do lugar onde estou e do que estou fazendo, eu sigo. Se não, mudo, faço tudo diferente. Então, nunca teve muito a ver com olhar outras pessoas, mas sim com meus sentimentos e do que me dará tesão e a sensação de dever cumprido. Minha carreira inteira foi baseada nessa ideia e, hoje, a minha menor motivação é trabalhar apenas pelo dinheiro, sucesso ou para mostrar para os outros que continuo bombando e não fracassei. Antigamente, era mais tensa com tudo, mais dependente de fazer sucesso, estar no topo e ganhar dinheiro. Eu tinha essa fome. Não tenho mais essa coisa de acordar e falar ‘tenho que’. Estou mais relaxada e com um pensamento de que tenho que ser feliz e aproveitar – bem diferente da Anitta que todo mundo conhecia. Toda essa competição, comparação e busca pelo sucesso acaba deixando a gente muito tenso, quando na verdade devemos pensar em um propósito maior.

 

A cantora em Festa do Spotify – foto divulgação

 

Quais outros projetos você tem engatilhados para 2024?
Vou lançar meu novo álbum na primeira metade deste ano. É 100% de funk brasileiro, mas é em inglês e espanhol e muito focado na minha carreira fora do Brasil, não é pensado para o público brasileiro, pois já conquistei meu espaço aqui. Quero que o mercado externo conheça o ritmo. Entendo que é mais difícil por ser um estilo novo para eles, mas tenho muita paixão por esse projeto.

Como está sendo a recepção do público estrangeiro? Para você foi uma surpresa ou esse sucesso foi algo planejado?
Eu queria muito conquistar isso, mas não sabia como, então fui fazendo o que me dava prazer. Não sei se fiquei surpresa, porque sempre tive dentro de mim uma certeza de tudo. Mas fico feliz e honrada, porque muitas vezes fora do país sou tratada de uma maneira um pouco mais especial do que no Brasil, onde há muito julgamento. No exterior, aprendi o quanto o que faço tem valor e o quanto que realmente sou trabalhadora e tenho talento. Eles têm muito respeito pelas coisas que fiz, pois têm noção de que é muito difícil ser do Brasil e fazer sucesso fora. Internamente, na indústria, rola uma dificuldade e atribuo muito ao fato de ser mulher e jovem.

 

Na Final da Champions League, no ano passado – foto divulgação

 

É diferente se apresentar no Brasil e no exterior? Quais são as particularidades do público brasileiro?
O Brasil não tem igual, é o país mais caloroso que existe! No exterior a galera é mais fria, às vezes até tenho a impressão de que não estão gostando do show (risos). É diferente, eles não reagem tanto, são mais de ficar olhando apenas. Aqui nós somos intensos, curtimos, nos entregamos, pulamos, dançamos.

Hoje você é uma pessoa poliglota, fala espanhol e inglês fluentemente. Como você estuda outras línguas? Sempre teve essa facilidade e interesse?
Tenho muita facilidade. Quando era criança, frequentei a escola pública Itália no Rio de Janeiro e tinha aulas de italiano. Consigo me virar porque sempre fui muito estudiosa e tenho uma memória muito boa. Aos 10 anos, comecei a estudar inglês e, quando iniciei a carreira de cantora, quis aprender espanhol, porque ‘Show das Poderosas’ começou a tocar na Espanha. Gosto muito de me comunicar e, durante a pandemia, passei a aprender francês também.

 

No Festival Megaland, em Bogotá (Colômbia) – foto divulgação

 

Você já conquistou diversos prêmios e números superlativos na indústria da música. Tem algo que ainda almeja alcançar? Algum público estrangeiro em mente?
Para ser bem sincera, nunca tive essa vontade de ganhar prêmios. É claro que fico feliz quando ganho, é maravilhoso e gratificante, mas não condiciono minha carreira com base nisso. Não é isso que diz quem é melhor e acho que nem existe isso de ser melhor. Nunca imaginei que fosse chegar nesse nível e que estaria concorrendo ao Grammy ao lado de artistas como Beyoncé e Adele. Eu já cheguei tão longe, que não quero ter esse pensamento de que falta algo, é injusto com tudo o que já fiz e com todo o meu esforço. Existe essa pressão da sociedade, de que ‘tem que fazer mais, tem que continuar’. E eu não sei se ‘tem que’. Talvez não, já aproveitei, arrasei e agora quero fazer nada, quero só ficar com a minha família e viajar o mundo. Quero atuar mais também. Fiz ‘Elite’ na Netflix e tive um feedback incrível, muita gente elogiou a minha atuação. E foi a minha primeira vez!

Faz 10 anos que você lançou “Show das Poderosas”, que te iniciou no cenário musical. Qual balanço você faz dessa última década? Quais foram os maiores aprendizados até aqui? Qual foi o momento mais surreal da sua carreira até agora, algo que você ainda não acredita que aconteceu?
Faz dez anos do lançamento, mas antes disso já tinha três anos de carreira ralando nas favelas do Rio de Janeiro e do Brasil. Mas o hit foi, sem dúvida, uma revolução no país para a indústria musical e para as mulheres. Antes, para divulgar uma música, precisava de muito investimento. Depois de ‘Show das Poderosas’, todo mundo começou a fazer seus próprios clipes de funk e isso para mim foi uma revolução. Além disso, diria que tive outros três momentos muito marcantes na minha trajetória. Com ‘Bang’, comecei a ser aceita no mundo fashion e ganhei mais credibilidade. Antes era completamente rechaçada e, depois desse lançamento, comecei a mostrar que eu era uma artista completa. Outra revolução foi ‘Vai Malandra’, pois pessoas do mundo inteiro começaram a me procurar. Por último, com ‘Envolver’, conquistei o primeiro lugar nas paradas e expandi a minha fama internacional. Foi muito bizarra a sensação de ter o mundo falando de mim. Esses quatro momentos foram, com certeza, super surreais!   

 

Anitta e seus dançarinos na festa do Video Music Awards 2023 da MTV, em que venceu na categoria de “Melhor Clipe de Música Latina” – foto Kevin Mazur

 

Em ritmo acelerado
06/01 Salvador, BA
07/01 Florianópolis, SC
13/01 Brasília, DF
14/01 Fortaleza, CE
20/01 Recife, PE
21/01 Rio de Janeiro, RJ
25/01 São Paulo, SP
27/01 Belo Horizonte, MG
28/01 Vitória, ES
03/02 Curitiba, PR
04/02 São Paulo, SP
Ingressos:
www.carnavaldaanitta.com.br

Sophie Charlotte vive Gal Costa nos cinemas e antecipa seus próximos projetos

Sophie Charlotte vive Gal Costa nos cinemas e antecipa seus próximos projetos

A atriz Sophie Charlotte celebra período intenso e frutífero de sua trajetória profissional, coroado por atuação em filme biográfico de Gal Costa, que chega aos cinemas neste mês

Honrar Gal Costa, uma das maiores artistas da música popular brasileira, é uma missão, no mínimo, bonita e desafiadora. A atriz Sophie Charlotte, nascida na Alemanha e criada no Brasil – entre as ruas e as maravilhas de Niterói – assumiu esse feito protagonizando o filme “Meu Nome É Gal”, das diretoras Dandara Ferreira e Lô Politi, que estreia no dia 12 de outubro nos cinemas do país.

 

foto Bob Wolfenson

 

“Foi uma grande responsabilidade e um enorme privilégio”, define. Com 57 anos de carreira musical, Gal somou mais de 30 álbuns e diversos prêmios, entre eles o Grammy Latino à Excelência Musical, recebido pelo conjunto de sua obra. A cantora nos deixou há quase um ano, em São Paulo, no dia 9 de novembro de 2022. Seus sucessos atemporais compõem a trilha sonora do longa. “Meu Nome é Gal” – canção composta por Erasmo e Roberto Carlos e a preferida de Sophie Charlotte –, “Baby”, “Aquarela do Brasil” e “Divino Maravilhoso” embalam a produção. O filme destaca ainda “Eu Vim da Bahia”, “Alegria, Alegria”, “Coração Vagabundo”, “Mamãe, Coragem”, “Vaca Profana” e “Festa do Interior”.

Em sintonia com tamanha potência que ecoa da imortal artista baiana, Sophie vive fase efervescente de sua carreira. Além de protagonizar a novela “Todas as Flores”, exibida na TV Globo, ela também atua em “O Assasino”, novo filme do cineasta norte-americano David Fincher – o mesmo de “Clube da Luta” e “A Rede Social” – que estreia em novembro na Netflix. Ainda nos streamings, a atriz estrela o longa “Rio Desejo”, do diretor Sérgio Machado, já disponível no Globoplay. Por essa atuação, recebeu menção honrosa como Melhor Atriz, no Festival Internacional de Cinema de Punta del Este (Cinepunta), no Uruguai.

Em meio ao sucesso, Sophie Charlotte diz que exerce a profissão com afeto. “É que amo muito ser atriz! Então, seja no Brasil ou no exterior, em novelas ou séries, o que importa é o propósito de contar histórias”, festeja.

Em entrevista à 29HORAS, a atriz compartilha detalhes de sua imersão na mente, na pele e na arte de Gal Costa e antecipa seus próximos projetos. Confira nas páginas a seguir o que mais ela revelou.

 

Pôster do filme “Meu Nome É Gal” – foto divulgação

 

Você é protagonista do filme “Meu Nome é Gal”, que estreia neste mês nos cinemas. Como foi interpretar uma figura tão forte e potente para a cultura brasileira?
Ter a honra e o privilégio de viver Gal Costa no nosso filme ‘Meu Nome é Gal’ foi uma grande responsabilidade. Porque admiro e respeito imensamente a Gal e sua obra. Sua história e sua trajetória musical são tão especiais para mim e para tanta gente, que coloquei todo meu coração nessa jornada, foi realmente desafiador e bonito.

 

Sophie Charlotte em cena no longa – foto Stella Carvalho

 

Como foi seu processo imersivo em Gal Costa?
Foi muito profundo e longo – entrei no projeto antes de ter roteiro e, do convite até a estreia, já se vão cinco anos! Ouvi obsessiva e apaixonadamente a discografia, os shows que encontrava na internet, e assisti muitas vezes à série documental da Dandara Ferreira, uma das diretoras do nosso filme: ‘O Nome Dela é Gal’. Mas ninguém faz nada sozinho! Eu contei com a ajuda de muita gente! Dandara me passou todo seu material de pesquisa e mostrou Gal com tanto amor que nunca vou esquecer! Ela e a Lô Politi (também diretora e roteirista do filme) me apresentaram Salvador, que é a cidade natal de Dandara – e de Gal, Caetano, Gil, Bethânia –, o Gantois… passamos um verão inesquecível na Bahia.

O que mais você leu e ouviu? Quem mais ajudou?
Também tive a ajuda do Claudio Leal, jornalista formidável, que encontrava matérias, entrevistas e histórias sobre Gal e aquele tempo, que me guiaram muito no processo; ele me apresentou ainda Jorge Salomão (irmão de Wally e amigo da turma que manteve a energia do desbunde a vida toda!), Cézar Mendes, que me ensina violão até hoje, não toco bem, mas ele é um grande mestre. Encontrei também com Regina Boni, que foi responsável pelo figurino que Gal usou no Festival de 1968, quando cantou ‘Divino Maravilhoso’, e Fernando Barros, fotógrafo que era muito amigo de todos da turma e, hoje, também chamo de amigo!
Contamos com a preparação maravilhosa da Amanda Gabriel; ela e o diretor de arte Thales Junqueira me estimularam a fazer uma pesquisa iconográfica e encontrar nas fotografias a evolução do corpo de Gal. Tive preparação vocal com Mirna Rubim e depois Tatiana Parra. E quando chegou a caracterização da Tayce Vale e o figurino de Gabriella Marra, tudo encaixou. Então, construir a evolução da Gracinha tímida até a Gal das dunas do barato foi formidável! E te digo que não valeria de nada sem meus parceiros de cena, meus amigos geniais! Rodrigo Lelis, Dan Ferreira, Camila Márdila, Luis Lobianco, Claudio Leal, Dandara Ferreira, Elen Clarice, Chica Carelli, Caio Scot, Pedro Meirelles, Barroso e George Sauma. Nossa amizade se firmou na preparação e sinto muito amor por todos. E eu preciso agradecer ao diretor de fotografia, José Pedro Sotero: foi uma parceria tão linda e forte, foi uma dança mesmo! Vivi a nossa Gal, minha e de todas essas pessoas e muitas outras que não vou conseguir citar aqui.

 

Sophie na pele de Gal Costa – foto Stella Carvalho

 

Muitas pessoas carregam uma admiração pela cantora. Como equilibrar todo esse afeto e ter um olhar crítico e aprofundado à vida de Gal?
Na verdade, escolhi não separar todo o afeto e a importância de Gal Costa para as pessoas e para o Brasil no processo, porque isso é a realidade, seria impossível! Não busquei ter uma visão crítica com relação à Gal, busquei, sim, ter um entendimento humano sobre ela e esse recorte de sua história.

Quais passagens da vida de Gal Costa mais te marcaram nesse processo de interpretação? O que você não sabia sobre ela que acabou descobrindo graças ao filme?
Acho que o que mais me impressiona nesse momento da Gal, que está no filme, é o rasgo que ela viveu da própria timidez para dar o grito por e para toda uma geração! ‘É preciso estar atento e forte! Não temos tempo de temer a morte!’, como cantou. A plenos pulmões, em um palco, televisionado, em plena ditadura militar! Era um grito, foi um ato revolucionário de liberdade! Descobri muito sobre Gal no processo, mas há muito ainda por conhecer. Até hoje me surpreendo com histórias que não conhecia, os fã clubes de Gal são maravilhosos. Tenho um amor e interesse inesgotável por tudo de belo que ela colocou no mundo, toda sua obra imensurável.

 

Sophie como Gal Costa – foto Stella Carvalho

 

A sua carreira começou em novelas na TV Globo, como foi transitar entre formatos e atuar em filmes e séries? Há um formato preferido?
Eu comecei meu caminho como atriz no teatro e fazendo novelas, sou imensamente grata a todas as oportunidades que recebo da TV Globo, aprendi meu ofício nos estúdios com cada funcionário, cada colega de cena, cada diretor, cada câmera. O cinema me arrebatou! A verdade é que amo muito ser atriz! Então, seja no Brasil ou no exterior, em português, inglês ou alemão, no cinema, em novelas ou séries, o que importa é o propósito de contar histórias! De me reinventar, de me divertir e desafiar cada vez mais.

 

A atriz contracenando com as colegas Letícia Colin e Regina Casé, em “Todas As Flores” – foto Globo | stevam Avellar

 

Quem são os diretores, roteiristas e atores com quem você ainda deseja trabalhar?
Tem muitos diretores com os quais gostaria de trabalhar … vou realizar um sonho agora com o Jorge Furtado, que admiro muito! Mas quem sabe um dia trabalhe com Kleber Mendonça, Carolina Markowicz, Karim Aïnouz, Lírio Ferreira, Matheus Nachtergaele, Walter Salles, Vera Egito, tanta gente! E, com certeza, trabalhar novamente com José Pedro Sotero, diretor de fotografia do nosso longa ‘Meu Nome é Gal’.

Quais projetos você desenha para um futuro próximo?
Agora estou lançando ‘Meu Nome é Gal’ e posso dizer que estou feliz da vida! Mas já estou me preparando para o longa ‘Virgínia e Adelaide’, dirigido por Jorge Furtado e Yasmin Thayná; estou muito animada para contar essa história ao lado da atriz Gabriela Corrêa. As filmagens serão ainda neste ano, em novembro. E depois sigo para as gravações da novela ‘Renascer’, na qual vou viver Eliana, que foi interpretada pela genial Patricia Pillar na primeira versão, uma atriz que admiro imensamente. Gostaria de gravar um disco também! E fazer mais teatro… é muito sonho!

Você nasceu na Alemanha e veio ao Brasil ainda criança. Como essa infância e família internacional influenciaram a sua vontade de se tornar atriz? Em que isso ainda te atravessa?
Minha família incentivou meu sonho desde cedo, meus pais me possibilitaram uma formação maravilhosa e acesso à cultura. Ter uma família com culturas tão distintas me possibilitou entender as diferenças e buscar o meu jeito de navegar os ritos e os ritmos à minha maneira. Sou uma mistura de Belém do Pará com Hamburgo, criada na Alemanha até os 8 anos e depois em Niterói, no Rio de Janeiro. Minha família é muito unida e sempre será muito importante para mim!

 

Cena do filme “Rio Desejo”, disponível no Globoplay – divulgação

 

Otávio Muller e Letícia Isnard estrelam a comédia “O Caso”, no Teatro das Artes

Otávio Muller e Letícia Isnard estrelam a comédia “O Caso”, no Teatro das Artes

Na comédia “O Caso”, Otávio Muller e Letícia Isnard abordam a falta de interesse do homem moderno pelo outro, pela coletividade e por tudo mais ao seu redor

Otávio Muller e Letícia Isnard são os protagonistas da comédia “O Caso”, em cartaz até o dia 30 de abril no Teatro das Artes, no Shopping da Gávea. A peça, com texto do francês Jacques Mougenot e direção de Fernando Philbert, conta a história de um homem que busca na terapia a solução para um problema um tanto excêntrico: vive tomado por uma sensação de desinteresse absoluto por tudo e todos ao redor. Acha tudo muito chato e não consegue prestar atenção em nada que as pessoas dizem. Sua psiquiatra, intrigada, tenta de todas as maneiras decifrar a patologia. Quando crê que começa entender o que se passa, o caso toma um novo rumo. Num texto ágil, repleto de humor e diálogos rápidos, a peça aborda questões contemporâneas como a dificuldade de concentração em meio à avalanche de informações e os estímulos que chegam sem parar, além da falta de interesse pelo outro e pelo coletivo.

Letícia Isnard e Otávio Muller na comédia “O Caso” - Foto divulgação

Letícia Isnard e Otávio Muller na comédia “O Caso” – Foto divulgação

Teatro das Artes
Rua Marquês de São Vicente, 52, piso 2, Gávea, tel. 21 2540-6004.
Ingressos de R$ 50 a R$ 120

A atriz Andrea Beltrão protagoniza a encenação da tragédia grega “Antígona” no Teatro Poeira

A atriz Andrea Beltrão protagoniza a encenação da tragédia grega “Antígona” no Teatro Poeira

Sob direção de Amir Haddad, a peça “Antígona” conta pela segunda vez com a interpretação de Andrea Beltrão

Uma narrativa de 2.500 anos soa contemporânea na interpretação de Andrea Beltrão, em peça que volta aos palcos do Teatro Poeira, em Botafogo, espaço do qual ela mesma é sócia – ao lado da também gigante Marieta Severo. É a segunda vez que Andrea encarna Antígona, personagem que rendeu a ela o prêmio APCA de melhor atriz em 2017. Dizer com clareza o texto da tragédia grega, escrita por Sófocles e traduzida por Millôr Fernandes, é um desafio por si só, que reflete sua grandeza e seu talento.

Há um paralelo interessante entre personagem e atriz – são duas mulheres questionadoras e insubmissas. Antígona pagou com a própria vida ao contrariar o sistema. Por buscar garantir ao irmão um fim digno, enterrando-o, ela acaba sendo condenada à morte. É um mito grego, uma história que era e é familiar. Nos últimos tempos, Andrea também é porta-voz, mesmo sem muita pretensão em ser, de pautas feministas, necessárias e atuais. Com uma preocupação natural e espontânea a respeito das questões do presente e do coletivo, ela submerge na própria subjetividade e nas discussões que norteiam as diferentes mídias atualmente – apontando caminhos e reflexões. “Tento dar o melhor mergulho que consigo. Mesmo que seja o mais imperfeito. Mas que faça sentido para mim”, medita. Em entrevista à 29HORAS, Andrea Beltrão discorre sobre o processo de montagem da peça e olha para as inquietações que a atravessam e estão em alta hoje em dia.

Andrea Beltrão - Foto Nana Moraes

Andrea Beltrão – Foto Nana Moraes

 

“Antígona” já foi vista por mais de 40 mil pessoas, um número expressivo e potente para o teatro no país. Como uma tragédia grega dialoga com o público brasileiro da atualidade?
Quando Amir e eu pensamos em montar “Antígona”, nosso primeiro impulso foi entender por que esse texto de 2.500 anos é até hoje uma das peças mais montadas pelo mundo. A tragédia grega para os gregos era e é familiar. As personagens são velhas conhecidas do teatro e da história grega. Então resolvemos trazer essa mesma familiaridade para a nossa montagem. Fizemos isso esclarecendo todos os componentes da história. Logo no início da peça, na primeira fala de Antígona, ela se refere a Laio. E quem é Laio? Quem é Cadmo? Quem é Penteu? Construímos uma grande árvore genealógica que fica exposta no cenário, onde todos esses nomes estão presentes e são esclarecidos durante a peça, e vão contribuindo para a nossa compreensão, espectadores dos dias de hoje. Além disso, os dilemas dos quais Sófocles trata na peça ainda são, infelizmente, as nossas maiores questões. Dilemas que ainda não conseguimos resolver.

O movimento cênico do diretor Amir Haddad inverte a lógica da tragédia grega, partindo do teatro para chegar ao mito. Como foi o processo de montagem? Quais foram os principais desafios de interpretar Antígona?
Amir e eu estudamos a origem da história, voltamos para o mito. Levantamos a biografia de todos os antepassados de Antígona que são fundamentais para a jornada da jovem condenada à morte por desafiar o Estado. Tudo nessa peça é um desafio para mim. Dizer com clareza o belo texto de Sófocles na tradução brilhante de Millôr Fernandes já é um trabalho e tanto.

 

Andrea Beltrão em Antígona - Foto Nana Moraes

Andrea Beltrão em Antígona – Foto Nana Moraes

 

Como é reencarnar uma personagem e viver essa história de novo? Muda algo em relação à primeira vez que encenou a peça?
Sim, muda! Três anos se passaram, muita coisa aconteceu. Vivemos uma suspensão dolorosa causada pela Covid, uma eleição conturbada, que, ainda bem, teve o melhor desfecho. E, pessoalmente, amadureci. Nesses três anos pude repensar a peça, e o que fazia para contar a história. Portanto, é uma novidade para mim e espero que também para quem venha assisti-la.

Você é sócia do Teatro Poeira, no bairro de Botafogo. Como foi materializar o projeto? Por que dividi-lo com Marieta Severo? Por que em Botafogo? Qual é a sua relação com a região?
O Teatro Poeira existe há 18 anos e no ano passado fizemos uma exposição com curadoria da Bia Lessa para celebrar essa data importante para nós. E essa parceria só seria possível com Marieta. Com ela, aprendi muito, continuo aprendendo, e temos infinitas afinidades. O Poeira é o nosso maior projeto juntas. É uma vida de aventura e alegria! E foi o diretor Aderbal Freire quem descobriu a casa, e nós fomos conhecê-la. Paixão à primeira vista. Não tínhamos um bairro definido para construir o teatro, mas agora que estamos em Botafogo, parece impossível estar em outro lugar.

Andrea Beltrão com Marieta Severo, sócias do Teatro Poeira - Foto Marcos Arcoverde

Andrea Beltrão com Marieta Severo, sócias do Teatro Poeira – Foto Marcos Arcoverde

Por falar nisso, quais são os seus lugares favoritos no Rio de Janeiro? Em um dia de folga, para onde gosta de ir? E em um dia corrido, por onde passa?
Meu lugar favorito é a praia. Adoro ir ao Poeira, ao cinema, andar de bicicleta. E ficar muitas e muitas horas em casa lendo. E assisto aos telejornais, gosto de saber de tudo que está acontecendo. Em um dia cheio, literalmente apenas corro para o trabalho.

Você também estará no elenco da nova série da Globo, “Histórias impossíveis”. O que é uma história impossível? Como é a sua personagem?
Na série, interpreto Meire, uma motorista de aplicativo exausta da rotina massacrante, uma história comum e possível. Mas uma mulher extraordinária, Bex, interpretada pela imensa Zezé Motta, chama o carro de Meire para uma corrida e muitas coisas se transformam na vida dela a partir desse encontro tão potente. Cada capítulo de “Histórias impossíveis” remete a uma data importante do calendário nacional, como o Dia dos Povos Indígenas, ao Dia Nacional das Pessoas Idosas e ao Dia da Consciência Negra. Serão cinco ao longo do ano.

Na última novela em que você esteve no elenco, “Um Lugar ao Sol”, a sua personagem, Rebeca, fez sucesso por retratar uma mulher que, aos 50 anos, mergulha em sua subjetividade e busca seu próprio prazer. Por que Rebeca foi tão prestigiada pelo público? Na sua opinião, o feminismo está mais assimilado pelas pessoas?
Talvez porque Rebeca represente muitas coisas das quais nós, mulheres de 50 ou mais, queremos ver naturalizadas. Como o direito ao prazer, à liberdade, sem a questão limitante da idade. O feminismo e muitas pautas absolutamente necessárias e vitais para os avanços que precisamos fazer em sociedade estão aí sendo mais mostradas e discutidas por todos nós. Podemos celebrar! Estamos caminhando devagar, mas vejo que estamos saindo do lugar retrógrado e moralista em que vivemos nos últimos quatro anos. É um avanço!

 

A atriz Andrea Beltrão em cena com Gabriel Leone, na novela "Um Lugar ao Sol" - foto TV Globo | reprodução

A atriz Andrea Beltrão em cena com Gabriel Leone, na novela “Um Lugar ao Sol” – foto TV Globo | reprodução

 

Você tem sido bastante procurada para falar sobre envelhecimento e a autoestima atravessada pelo tempo. Por que você acha que isso tem acontecido? E você diria que é ansiosa, te atrai pensar no amanhã? Ou você busca se fixar no presente?
Existe uma curiosidade que é um pouco excessiva sobre as questões do envelhecimento da mulher. Não vejo essas mesmas pautas serem dirigidas aos homens, por exemplo. Já enjoei um pouco desse papo. Acho que, no fundo, são tentativas de suavizar o envelhecimento feminino. Não há como fazer isso de verdade. O tempo passa, isso é um fato. Fico impressionada com a nova estética que está em voga, a da harmonização facial. Não consigo achar bonito, mas cada um faz o que bem entender com seu rosto, com suas marcas. E eu não fico ansiosa pensando no amanhã. Meu dia é bom, começo dentro do mar de Copacabana, nadando e vendo peixes e tartarugas. As tartarugas são muito velhas e nadam muito bem. Espero virar uma bonita tartaruga. Já que não virei jacaré depois das quatro vacinas que tomei com prazer.

Quais são as mulheres que te inspiraram e continuam sendo suas referências hoje?
Muitas mulheres. Marieta Severo, Renata Sorrah, Ana Bayrd, Fernanda Montenegro, Mariana Lima, Yara de Novaes, Bibi Ferreira, Cacilda Becker, Marilena (minha mãe), Rosa (minha filha). Ah, é uma lista interminável! Temos muitas brasileiras inspiradoras.

Como você, Andrea Beltrão, submerge em sua subjetividade e busca os seus desejos?
Tento dar o melhor mergulho que consigo. Mesmo que seja o mais imperfeito, o mais estranho. Mas que faça sentido para mim. Que seja o mergulho que escolhi dar! Aproveitando, vem dar um bom mergulho comigo aqui em Copacabana e depois vem mergulhar em ‘Antígona’, com o velho Sófocles. Que tal?

 

Foto Andrea Beltrão - Foto Nana Moraes

Foto Andrea Beltrão – Foto Nana Moraes