A cantora pernambucana Duda Beat lança novo álbum em 2021 e está a todo vapor

por | fev 1, 2021 | Entrevista, Pessoas, Pessoas & Ideias | 0 Comentários

QUEM PODERIA IMAGINAR que a música veio do silêncio? A recifense e estudante de Ciência Política Eduarda Bittencourt Simões teve um momento de revelação em um curso de meditação, em meados de 2016, e decidiu ser aquilo que tanto admirava nos homens pelos quais se apaixonava: cantora e viver da música. Arrumou as malas e foi viver definitivamente na casa das tias no Rio de Janeiro, virou Duda Beat e com apenas um álbum, “Sinto Muito”, de 2018, estourou. Para a sorte dos fãs, em 2021 vem um novo trabalho, carregado de amor e sofrência – letras que a tornaram conhecida. “Ainda é sobre se apaixonar, mas de forma mais realista e sem idealizações, um amadurecimento que passei em minha vida”, antecipa.

 

Duda Beat Rainha da Sofrência

Foto Ivan Erick

 

Com ritmo pop, brega e eletrônico, as canções de Duda Beat expõem um lado um pouco difícil para os dias desprendidos de hoje: querer ser correspondida e desejar se vincular a alguém. Talvez as respostas estejam nos astros, já que a menina de Recife sempre foi assim. “Deve ser porque sou libriana, quando era adolescente já me apaixonava, então vou sempre cantar sobre amor”, conta. Seus ritmos refletem a efervescência cultural de Pernambuco e a diversidade de estilos de sua terra natal. “Minha formação musical vem de lá, adoro maracatu, frevo, pagode, forró… ninguém gosta de um estilo só, é uma mistura honesta.”

A cantora de 33 anos traz essa festa também de casa, de sua família. “Minha avó era uma foliã master, ia sempre ao Bloco da Saudade (um dos blocos de Carnaval mais tradicionais da cidade)!”, lembra. No ano passado, Duda Beat representou bem suas raízes e agitou os blocos de rua de Recife e do Rio de Janeiro. “Quanto mais diverso e multicultural, mais agregador é o Carnaval, eu amo muito essa época do ano.”

 

Duda Beat sorrindo

Foto Ivan Erick

 

 

ACOLHIMENTO E PAUSA

Só que a Quarta-Feira de Cinzas foi longa em 2020 e parece que ainda seguimos esperando pelo novo momento de festa. Durante a pandemia, Duda Beat fez sete lives abertas ao público, e permaneceu em quarentena com seu marido, Tomás Tróia (também seu produtor), no Rio. “Vivemos na casa que era da família de Tomás, seguimos quietinhos aqui com nossos gatos.”

De Recife, a cantora hoje ama a Cidade Maravilhosa, lugar que visitava sempre durante as férias escolares, já que parte da família materna migrou para a capital fluminense em busca de novos sonhos. “Me identifico muito com minhas avós, uma tinha coração carnavalesco e outra veio ao Rio de Janeiro para construir a vida, sou pouco das duas.”

Hoje, a nova cidade significa o encontro com a carreira e o amor. Em suas idas e vindas ao Rio, ainda adolescente, conheceu Tomás, que tocava na banda de seu primo, Gabriel Bittencourt, atualmente baterista na banda de Duda. Mas foi preciso mais tempo até o amor se concretizar. “Passei anos sofrendo por caras que não me correspondiam, Tomás era meu amigo e até ouvia as lamentações, demorei para perceber que o meu parceiro já estava ali, do meu lado, o maior clichê aconteceu comigo, e agora estou vivendo algo que nunca tinha vivido, amar e ser amada.”

 

Duda Beat e seu marido Tomás Tróia

Duda Beat e Tomás Tróia – Foto Fernando Tomaz

 

Antes do distanciamento social, a cantora passeava pela Praia de Botafogo, Parque Lage e pela Lagoa. “A vista mais bonita do Rio é a de Botafogo, dá para ver a Urca, é um retrato, muito lindo da cidade, e é onde minha avó materna morava, me desperta muitas memórias boas”, diz, e recorda que foi patinando na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas que se inspirou e fez algumas músicas de seu primeiro álbum. “A cidade, para mim, é uma mistura de clima praiano com muito trabalho, que desenvolvo por suas ruas. Eu também frequentava muito os bares, como o Colab (em Botafogo), onde o universo da música é intenso e tem muita troca interessante.”

 

DIVERSÃO REUNIDA

Duda Beat é também cantora de parcerias. Lançou singles em 2019 e 2020, que mantiveram seu trabalho a todo vapor, como “Meu Jeito de Amar”, com o DJ carioca Omulu; “Só Eu e Você na Pista”, com a baiana Illy (ambas com remix dos produtores Tomás Tróia e Lux Ferreira); “Chega”, com Mateus Carrilho e Jaloo; e “Tangerina”, com Tiago Iorc. O recente “feat” com as jovens de Tocantins Anavitória, “Não Passa Vontade”, agitou a internet com um clipe cheio de referências cinematográficas – elas recriaram momentos de produções aclamadas que vão de “Os Excêntricos Tenenbaums”, de Wes Anderson, passando por “A Pequena Miss Sunshine”, “As Vantagens de Ser Invisível”, até “Os Sonhadores”, de Bernardo Bertolucci.

 

Duda Beat com a dupla Anavitória

Duda Beat com a dupla Anavitória – Foto Breno Galtier

 

O novo ano traz ainda mais música. No finalzinho do mês passado, Duda apresentou ao público um EP com Nando Reis, com músicas já conhecidas dos dois, mas em novos arranjos e com Duda e Nando cantando juntos. “As canções foram escolhidas de uma forma muito suave e fluida, e ele foi super amoroso durante todo o processo. Passamos cinco dias em estúdio nos conhecendo e apurando os rearranjos, foi uma química linda”, conta.  A música “Segundo Sol”, por exemplo, ganhou novo tom no EP e já é preferida da cantora.

 

Duda Beat com Mateus Carrilho e Jaloo

Duda Beat com Mateus Carrilho e Jaloo

 

Em uma imersão de vinte dias em Teresópolis, na região serrana do Rio, com toda a banda, as inspirações para o novo álbum vieram. “Me acostumei a precisar do silêncio para criar, foi assim também para esse segundo trabalho. Ficamos hospedados em uma casa linda logo antes da pandemia, mas quando voltamos o mundo já era completamente outro”, lembra. O álbum (ainda sem nome definido) vai ser lançado neste semestre, depois de adiamentos necessários causados pelo isolamento social, mas Duda Beat garante novas parcerias: “Gente da Bahia e de Recife, pessoas que admiro muito e me ajudaram a cantar sobre amor, histórias que já vivi e a relação de paz que hoje vivo com esse sentimento.”

 

Duda Beat quando ganhou o prêmio de artista revelação do Multishow, em 2019

Duda Beat quando ganhou o prêmio de artista revelação do Multishow, em 2019 – Foto Divulgação

 

A música de Duda Beat se reflete também em seus conhecidos looks, assinados pelo estilista Leandro Porto. Vestidos coloridos, mangas bufantes e laços fazem parte de sua estética nos palcos. “Gosto do exagero e tenho o lema de que a moda é para se divertir, achando gostoso, está valendo”, ri. Cyndi Lauper, Lady Gaga, Drew Barrymore e a cantora espanhola Rosalía são musas inspiradoras, assim como a atriz Sônia Braga, já que carregam muita autenticidade em suas roupas. “Como a gente se veste também diz muito sobre o que pensamos, é algo político e acho que é uma extensão da minha arte.”

Quando vier a tão desejada vacina, a primeira coisa que a cantora pretende fazer é justamente vestir um dos seus looks e subir no palco. “Ando muito emotiva e estou morta de saudades dos shows, só de ver vídeos me emociono! Será com certeza o primeiro desejo a colocar em prática quando todos estiverem imunizados”, conta. O último show de Duda Beat foi na capital paraibana, João Pessoa, com a presença de seus pais na plateia. “É muito perto de Recife, eles estavam lá e foi uma despedida linda sem saber! Agora com disco novo, vai dar frio na barriga, não vejo a hora, vai ser incrível!”

 

Duda Beat e Banda

Banda de Duda Beat – Foto divulgação

 

 

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