Como as mudanças de estação impactam na produção dos vinhos?

Como as mudanças de estação impactam na produção dos vinhos?

Cada estação do ano traz características distintas aos vinhedos, que refletem na produção e no consumo de rótulos em diversas regiões

O mundo do vinho tem algo de especial. Se visitarmos o mesmo vinhedo em épocas do ano diferentes – especialmente no hemisfério norte, onde as estações são bem demarcadas – visitaremos lugares distintos. Entramos no outono, momento em que se promovem as podas nas videiras, para prepará-las para o inverno – quando as plantações adormecem em uma espécie de meditação para se renovarem e trazer a vida novamente, explodindo em flores e frutos na primavera. No verão, acontece a colheita e tudo volta ao seu ciclo.

Nós, consumidores, tendemos a preferir alguns estilos de vinho conforme a estação, com os espumantes rosés e brancos no verão e na primavera e optamos por tintos no outono e no inverno. Confesso que, indiferentemente da época, minhas escolhas são mais em função do momento e da harmonização. Tenho consumido mais brancos do que tintos e mais evoluídos do que jovens e frescos, esses últimos que também vão bem nesta estação do ano.

Os vinhos têm a capacidade de oferecer sensações diferentes conforme a idade. Na juventude, ficam evidentes aquele frescor e vivacidade e, depois, no amadurecimento, a complexidade e exuberância se ressaltam. Sugiro, a seguir, alguns rótulos para a entrada do outono, entre estilos distintos.

 

Foto shutterstock | Divulgação

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Na Natural Vinci, indico o Solo Rosso G 2019, do produtor natural Maurizio Ferraro, custa R$ 331 e vale cada gota. Um espetáculo de uva do Piemonte de corpo leve e harmoniza com aperitivos, embutidos, caponatas e pão com calabresa. Já na Prem1um Wines, sugiro o espetacular Vinha do Infante, da Quinta do Infantado. É orgânico, delicioso, fresco e equ ilibrado, e sai pelo valor de R$ 194. Um vinho perfeito para as receitas de bacalhau nesta Páscoa!

E o biodinâmico excepcional do Ernesto Catena, o vinho Animal, custa R$ 194 na Mistral e é um Malbec super fresco, intenso e equilibrado. Esse vinho fica maravilhoso com um queijo emental, com choripan e com as carnes grelhadas. Na De la Croix vinhos, indico o delicioso e fresco Travers de Marceau, um vinho de Saint Chinian (AOC), do Languedoc-Roussillon, das uvas Syrah, Mourvèdre, Carrignan e Cinsault. Sai das mãos do talentosíssimo Monsieur Rimbert e faz sucesso com as térrines, com carnes curadas, com pato, é bem versátil.

No Brasil, recomendo o surpreendente e natural Vitale Pinot Noir, da Valparaiso, um delicioso e fresco Pinot, de fermentação espontânea e uvas orgânicas, que fica um espetáculo com aperitivos, com sanduíches e salada de batatas. Custa R$ 130 no site do produtor.

Por fim, indico um orgânico espanhol de Garnacha e Syrah, que sai por R$ 112 na La Pastina e vale muito a pena. É o Venta La Vega Adaras Aldea em Almansa de El Mugrón e que tem por trás o talento do craque Raul Perez. Aproveite as luzes do outono e saúde!

Bom de Copo: Conheça 6 lugares para degustar vinhos de qualidade em São Paulo

Bom de Copo: Conheça 6 lugares para degustar vinhos de qualidade em São Paulo

Bares, restaurantes e empórios se dedicam a receber bem e apresentam rótulos de qualidade a clientes que não dispensam um bom passeio pela cidade

Lembro quando não existiam bares de vinho na capital paulista. Eu mesmo e meus filhos abrimos um que quebrou, pois ninguém entendia o conceito à época. Foi em 1998, o lugar ficava na rua Araçari, na esquina com a Adolfo Tabacow, no Itaim. Todos achavam estranho uma carta de 36 vinhos em taça e nenhum cardápio, uma vez que havia um balcão com petiscos diversos para se servir à vontade. Entendi, então, que tudo tem o seu momento certo.

Hoje, fico feliz em ver a diversidade de excelentes bares e restaurantes onde é possível se sentar e tomar uma ou mais taças de vinho, além de “beliscar” alguma maravilha. É uma questão de cultura, de hábitos, que agora começamos a ganhar. Consigo, inclusive, listar endereços que primam pelos bons rótulos, com bons preços e, principalmente, com vinhos bem tratados, o que considero fundamental!

Aos sábados, por exemplo, você pode ir ao De la Croix Vinhos (Alameda Lorena, 678, Casa 1), que, das 11h às 18h, transforma sua loja em um delicioso bar a vin, com diversas opções em taça ou garrafa a preço de importador, e com terrines e queijos deliciosos! O local está em uma vila, é um espaço agradável e super bucólico.

No Shopping Iguatemi, dois lugares são muito especiais para se beber uma taça e oferecem um atendimento correto e elegante. O Piselli Sud, que dispensa apresentações, onde se tem sempre opções em taça de boa seleção de espumantes e vinhos, além de diversos acompanhamentos. E o Mistral Wine Bar, que apresenta uma enormidade de garrafas a preço de importador e vinhos em taça. Para acompanhar, peço umas bruschettas muito bem-feitas entre outras opções de queijos e frios. É um ambiente perfeito para marcar um encontro!

Os dois endereços da Daniela Bravin e da Cassia Campos também são pontos obrigatórios para quem gosta de bons vinhos. Falo do Sede, na Rua Benjamin Egas, 261, em Pinheiros – um espaço descontraído e informal, mas que oferece sempre simpatia e qualidade, em uma garagem que se abre para a ruela, e nas calçadas há cadeiras e banquinhos. O outro é o Huevos de Oro, na Pedroso de Morais, 267, que abre no fim da tarde em diante – no andar de baixo há muita descontração e mesinhas na calçada, e em cima o lugar é mais sóbrio e intimista. O destaque são os petiscos da chef Ligia Karazawa, que são sensacionais, e a carta da Cassia e Daniela, que enfatiza os espanhóis, com boas opções de jerezes.

Falta ainda destacar o Restaurante Cais, que fica na Vila Madalena, na Rua Fidalga, 314. O Guilherme Giraldi, uma simpatia e que cuida do salão, é apaixonado por vinhos naturais e tem uma das melhores cartas de taças que já vi, também com bons jerezes. E do talento de seu sócio, Adriano de Laurentis, saem maravilhas da cozinha, para mesa ou balcão. Bom passeio e saúde!

Restaurante Huevos de Oro, em Pinheiros  - Foto divulgação

Restaurante Huevos de Oro, em Pinheiros – Foto divulgação

Surpreendentes rótulos portugueses de diferentes regiões do país do Velho Mundo para compor a sua adega

Surpreendentes rótulos portugueses de diferentes regiões do país do Velho Mundo para compor a sua adega

Minha recente viagem a Portugal, para conhecer o novo quarteirão cultural WOW (World of Wine), em Vila Nova de Gaia, nas margens do Rio Douro, não poderia ter sido mais WOW! Imaginem que o complexo do grupo Fladgate, que compreende o hotel The Yeatman, a renomada Taylor’s e todas suas outras marcas de vinho do Porto como Croft, Fonseca, Krohn contempla nada menos do que sete museus, nove lojas e 12 restaurantes, além de uma escola de vinhos tudo em uma região magnífica que rodeia uma grande praça com vista para o Porto.

Entre visitas e passeios, pude frequentar diversos desses restaurantes e provar diferentes vinhos, aliás o WOW possui uma enorme adega onde circulam cerca de 90 mil rótulos ao ano, e faz questão de mostrar aos frequentadores a enorme diversidade vínica que Portugal tem uma das maiores em termos de castas autóctone e, certamente, a maior se considerarmos o pequeno território. Fantástico… o Brasil é vinte e duas vezes mais populoso que Portugal, mas o consumo per capita de vinho no país europeu é vinte e duas vezes maior que o dos brasileiros!

 

Praça Principal WOW | Foto Divulgação

Praça Principal WOW | Foto Divulgação

 

Anotei os vinhos que degustei com o agradável grupo com quem viajei e relaciono aqui os melhores para você: Porto Taylor’s 20 anos, espumante rosado Soalheiro, Branco Mira de Bucelas, Tinto Proibido A Capela (cem castas sendo 90 tintas e 10 brancas), Terras de Lava Açores, Terras de Bragão e Fonseca Terra Prima orgânico. Experimentei ainda cinco rosés no Pink Palace, um museu dedicado ao vinho rosé dentro do complexo, dos quais apenas anotei o Vale do Bragão Rosé e o Croft Pink, que valem a prova.

Há ainda o Taylor’s Chip Dry, Taylor’s Late Bottled Vintage 2017, Taylor’s Port 10 Years Old Tawny, Taylor Fladgate Vintage Port 2018, Quinta do Pinto, Rol de Coisas Antigas do Campolargo e Quinta das Carvalhas Branco. Amplie a sua lista com as recomendações portuguesas e acrescente outros, como Soalheiro Alvarinho, Abanico Quinta da Passarella, Lagar de Baixo Bairrada Baga do Niepoort, Casa Cadaval Trincadeira Preta e Pintas Character.

Totalizando 36 vinhos em cinco dias de viagem, finalizo as sugestões com Arco d’Guieira, Casa de Santar Encuzado de Curtimenta, Tinta Carvalha chão dos Eremitas do Antonio Maçanita, Ramisco Colares 2012, Krohn Colheita 2005, Taylor’s Vintage Port2018, Taylor’s Reserve Tawny Port, Mapa Vinha dos Pais do meu amigo Pedro Garcias o Carrau Teles, do querido Amigo Mateus Nicolau de Almeida, e o Manoela Douro Vinhas Velhas.

Agradeço ao grupo Fladgate pelo convite. Saúde!

Sugestões de vinhos e espumantes para brindar nas festas de fim de ano

Sugestões de vinhos e espumantes para brindar nas festas de fim de ano

Uma ótima notícia para as festas de final de ano é a decisão da Vinci Vinhos em criar a Natural Vinci, uma seção apenas de vinhos naturais. E são rótulos de raiz mesmo, pois vêm de vinhedos orgânicos, alguns biodinâmicos, com fermentação espontânea, leveduras indígenas e mínimo ou nenhum acréscimo de dióxido de enxofre (SO2). Cito apenas três para aguçar sua curiosidade: Micro Bio La Resistencia Verdejo, Solo Vino Rosso B Barbera (Maurizio Ferraro) e Müller Thurgau Steinterrassen (Stefan Vetter), que são simplesmente espetaculares!

Destaco ainda os vinhos Vitale, da brasileira Valparaiso especialmente o Nebbiolo e o Sangiovese, os espumantes Estrelas do Brasil, e o espumante lançamento do Luiz Henrique Zanini, chamado Indra, que é super cremoso e se encontra na Mistral. Aliás, na importadora também chegaram as super novidades do Etna, na Sicília produzidos pelo gênio Angelo Gaja o Idda, tem o branco e o tinto.

Mulheres brindando com espumantes

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Não posso me esquecer dos rótulos da Rua do Urtigão, de vinificação natural feitos por um médico talentosíssimo, que resolveu produzir vinhos e mostrou uma sensibilidade rara. Sugiro três rótulos, apesar de gostar de todos dele: o Atmã, o Poeira e o Vestal. Na Prem1um Wines, indico a você três lançamentos sensacionais: Domaine de Saint Pierre Arbois Blanc (Chapon), o Fabrice Dodane Ploussard Les Dos Chat Rouges 2020 e ainda o biodinâmico Domaine Pignier Crémant du Jurá Blanc Brut Nature.

Indico ainda, na World Wine, os vinhos de Julio Bouchon, da linha Longaví todos de fermentação espontânea e de parcelas especiais de vinhedos arrendados. Um espetáculo! Na Decanter, os vinhos RETA de Marcelo Retamal, em projeto solo, produziu um Chardonnay e um Pinot Noir de tomar ajoelhado. Sugiro na Grand Cru, o Piedra Infinita, da Zuccardi um vinho especialíssimo de um produtor muito competente!

Por fim, na De la Croix Vinhos, recomendo as novidades do Domaine Jean-Claude Lapalu, como o Tentation 2021, o Beaujolais Villages Nouveaux 2021 e o Côte de Brully 2020.

Saúde e boas festas!

Da esquerda à direita: Solo Vino Rosso B, Estrelas do Brasil, Fabrice Dodane Poussard Les Dos Chat Rouges 2020, Julio Bouchon Longaví Glup Naranjo e RETA Pinot Noir - Foto divulgação

Da esquerda à direita: Solo Vino Rosso B, Estrelas do Brasil, Fabrice Dodane Poussard Les Dos Chat Rouges 2020, Julio Bouchon Longaví Glup Naranjo e RETA Pinot Noir – Foto divulgação

Cabernet Sauvignon é a casta mais plantada em todo mundo e produz os vinhos mais consumidos no país

Cabernet Sauvignon é a casta mais plantada em todo mundo e produz os vinhos mais consumidos no país

Com cerca de 5% de toda a área de vinhedos do planeta, a Cabernet Sauvignon é a uva predileta dos brasileiros

Originária de Bordeaux (Graves), na França, a Cabernet Sauvignon originariamente se chamava “Petit Vidure”, por causa da dureza de seu caule. Trata-se de uma das uvas mais adaptáveis a diversos “terroirs” e resulta em vinhos muito sedutores. Segundo estudos de DNA feitos na década de 1990, na Universidade de Davis, na Califórnia, a uva seria um cruzamento da Cabernet Franc com a Sauvignon Blanc.

A Cabernet Sauvignon é a base de grandes e famosos rótulos, como os Grand Cru Classé de Médoc (Château Lafite, Mouton-Rothschild, Latour, Haut Brion e Margaux) os famosos vinhos que foram classificados por determinação de Napoleão III para a Exposição Universal de 1855, em Paris. Fora de Bordeaux, a uva é extraordinária também no Chile (como os vinhos Seña, Viñedo Chadwick, Alma Viva e Don Melchor, Montes), na Califórnia (Opus One, de Robert Mondavi) e na Itália (Sassicaia, Ornellaia, Tignanello e Guado al Tasso). Essas garrafas ficaram caríssimas pela junção de três fatores: sua alta qualidade, pequena produção e fama devido a sucessivas boas avaliações em concursos.

A casta apresenta normalmente cor profunda, aromas complexos, bom corpo, e capacidade de envelhecimento. Quando jovem, um Cabernet Sauvignon é poderoso e concentrado, com cores vermelho escuras e perfumes frutados. Os aromas costumam apresentar amora, cereja, groselha e ameixa. A grande maioria desses vinhos tem passagem por barricas, razão de diversas de suas essências como tabaco, cedro, baunilha que não são oriundas da uva, mas do afinamento em madeira.

 

Foto iStockphoto

 

Os vinhos costumam ter grande estrutura, boa acidez e taninos macios, e são versáteis para harmonizar com pratos com carne, das grelhadas às carnes de panela (harmonização imbatível), carnes assadas com molhos densos, massas com molhos à bolonhesa ou à calabresa, além de queijos duros como o parmesão.

Vale lembrar que na América do Sul se produz excelentes exemplares de Cabernet Sauvignon, seja na Argentina, no Brasil, no Chile ou no Uruguai, inclusive com bons preços e em diversos níveis e estilos. Recomendo o chileno Quereu Cabernet Sauvignon, que fez sucesso outro dia em um churrasco na casa do meu filho… Veja, com R$ 63 (importadora Premium Wines), todos ficaram felizes. Saúde!