Atlas do Espaço Rural Brasileiro revela as características dos produtores e estabelecimentos agropecuários

Atlas do Espaço Rural Brasileiro revela as características dos produtores e estabelecimentos agropecuários

O IBGE lançou em dezembro a 2ª edição do “Atlas do Espaço Rural Brasileiro”, elaborado a partir dos dados do Censo Agropecuário de 2017. Em quase 250 páginas, a obra traz de mapas, gráficos, tabelas e textos que compõem um perfil do produtor e dos 5.073.324 estabelecimentos agropecuários do país.

O Atlas revela que a estrutura fundiária do Brasil segue concentrada. A área média dos estabelecimentos agropecuários é de 69 hectares. 81% dos estabelecimentos agropecuários têm até 50 hectares e ocupam apenas 12,8% da área total. No outro extremo, 0,3% dos estabelecimentos têm mais de 2.500 hectares, porém ocupam 32,8% da área total.

 

 

A pecuária é a principal atividade no campo, em especial nos maiores estabelecimentos, seguida pela lavoura temporária. Juntas, são praticadas em mais de 80% dos estabelecimentos do país. Na lavoura temporária, mandioca e soja retratam os contrastes: a primeira, fortemente marcada pela produção em propriedades de até 50 hectares (64,2%), e a segunda, pelo cultivo em estabelecimentos com mais de 2.500 hectares (39,5%).

Pela primeira vez, o Censo registou dados sobre a cor ou raça do produtor dirigente dos estabelecimentos. 47,9% deles pertencem a brancos, enquanto os pardos comandam 42,6%, os pretos detêm 7,8%, os indígenas somam 0,8%, e os amarelos, 0,6%.

Em 2017, 83% dos estabelecimentos agropecuários tinham acesso à rede elétrica. Se a eletricidade se consolidou, a internet ainda é escassa no meio rural. Ela está presente em menos de 30% estabelecimentos, mas evoluiu: em 2006, apenas 1,5% dos estabelecimentos tinham acesso à internet. A publicação pode ser acessada gratuitamente em formato digital no Portal do IBGE e na Plataforma Geográfica Interativa (PGI).

 

Prosa rápida

 

Para intolerantes
A fazenda Santa Rita, em Descalvado, em São Paulo, é uma das raras que vendem leite tipo A2A2, livre de beta-caseína A1, proteína que causa alergia em parte das pessoas. A produção de leite só com beta-caseína A2 é definida por fatores genéticos. Vacas com genes “A2” sempre produzem leite “A2A2”. A fazenda tem 100% de seu rebanho certificado, e a ordenha do gado A2 é feita sempre antes do A1 – os leites nunca são misturados. O valor pago pelo litro do leite “A2A2” é 3 a 4 vezes maior do que o do comum.

Doce colheita
Estimada em 41,8 milhões de toneladas, a produção brasileira de açúcar na safra 2020/21 será a maior da história. O recorde era da safra 2016/17, com 38,7 milhões de toneladas. Segundo a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), a supersafra, após três anos seguidos de retração, se deve à alta do dólar no Brasil e à elevação do preço do açúcar no mercado internacional.

Veneno à deriva
A região da Campanha, no Rio Grande do Sul, deve amargar uma perda de 40% na produção de uvas, segundo estimativa do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). Os danos nos vinhedos foram causados pelo perigoso herbicida 2,4-D, muito utilizado nas plantações de soja da região. Ele é levado pelos ventos e, além de comprometer a produção dos vinhedos, olivais e pomares de outras frutas, pode também contaminar os rios e afetar a saúde das pessoas e dos animais que vivem na área. 

A designer de joias Silvia Furmanovich traduz conhecimento obtido em viagens em peças únicas

A designer de joias Silvia Furmanovich traduz conhecimento obtido em viagens em peças únicas

A floresta é objeto de desejo para além do óbvio. Está em pé e viva em joias da designer brasileira Silvia Furmanovich, que são requisitadas mundo afora. O luxo é ressignificado em sua obra – o formato, as cores e os materiais das joias e pequenas bolsas valorizam a fauna e flora de lugares onde ela esteve – e seu ateliê em São Paulo se firma como um ponto relevante do luxo no país. Silvia é a primeira representante da moda brasileira a ganhar um livro pela editora Assouline, o “Silvia FurmanovichArtNature and Adornment”.  

 

FOTO MIGUEL HERRERA

 

Com olhos de artista e coração de exploradora, a designer viaja pelo mundo em busca de inspirações e traduz suas descobertas em peças de estilo único. “Para toda coleção é feita uma imersão no universo que desejo explorar. Sempre busco conhecer profundamente a cultura local por meio das minhas viagens, em que tenho oportunidade de conversar e trocar conhecimento com artesãos. Eu levo um caderno comigo onde coloco meus pensamentos, imagens, desenhos, colagens, pinturas, pesquisas e anotações”, conta.  

Sobre o Brasil, Silvia já lançou as coleções Amazônia Bamboo e Marchetaria. “Em uma de minhas pesquisas, descobri a arte da marchetaria de madeira, que é presente no Norte do país. Depois de uma imersão, conseguimos adaptar para a escala da joalheria. Assim surgiu nossa primeira coleção com essa técnica, que se tornou nossa marca registrada.”  

O trabalho da designer parece estar de acordo com o nosso tempo, em que a preservação ambiental e a valorização local nunca estiveram tão em altaAcredito que a pandemia abriu a mente de muitas marcas e consumidores para valorizar matérias-primas locais, por causa do trânsito reduzido. Espero que isso traga uma visão verdadeira sobre a preservação das nossas reservas naturais, e valorização das tradições artesanais.”